TERRAS DE PENAGOYÃ:

Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?
"

Por Monteiro de Queiroz, 2018

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Penaguião anexado a Lamego

Penaguião & Lamego

(...)

«O reinado de D. Fernando é um período muito conturbado na história dos municípios. Para isso contribuíram a guerra, os problemas fiscais, a imponderada doação de terras, sem acautelar a independência dos municípios, e as frequentes anexações e desanexações de concelhos[22]. D. Fernando, em 1372, integrou os julgados de Figueira e de Penaguião no concelho de Lamego[23]; em 1373, confirmou a jurisdição deste em Penajoia, mas, alguns meses depois, anulou essa decisão, restituindo a jurisdição civil e criminal ao concelho penajoiense[24]. No mesmo ano de 1374, repôs a jurisdição de Lamego sobre as aldeias de Magueija e Matança, onde um donatário tinha nomeado juízes do cível e proibido os moradores de responderem perante o concelho de Lamego[25].

(...)

[22] Abordámos este aspecto do seu reinado num dos capítulos da História dos Municípios (1055-1383), p. 174-191.
[23] T.T., Chancelaria de D. Fernando, liv. I, fl. 43.
[24] T.T., Chancelaria de D. Fernando, liv. I, fl. 127 v.º; 140 v.º.
[25] T.T., Chancelaria de D. Fernando, liv. I, fl. 146 v.º.»


.............................................

1369.06.07, Lisboa
– D. Fernando anexa ao concelho de Lamego os julgado de Penaguião e Figueira.
T.T., Chancelaria de D. Fernando, livro I, fl. 43.

Per que os julgados de figueyra e de panagoyam som termo de Lamego ect.
Dom Fernando ect. A quantos esta carta virem faço saber que o concelho e homeens boos da cidade de Lamego me enviarom dizer que a dicta cidade avia pequeno termo e era de pouca companha e nom era pobrada como compria e emviaram me pedir por mercee que dese mayor termo aa dicta cidade per que a dicta cidade se pudese milhor pobrar. E eu veendo o que me pediam e querendo fazer graça e merce aa dicta cidade e moradores e pobradores della porque em aveer boo termo a dicta cidade he per hi mais honrrada e mais avondada das cousas que aos moradores della fizer mester desy melhor guardada e defesa em tempo de mester quando bem, consirando todo esto por meu serviço dou por termo aa dicta cidade os julgados de Figueyra e de Pena guoyã que som em Riba de Doyro desse bispado. Porem mando que daqui en diante o concelho da dicta cidade de Lamego husse nos sobredictos julgados de toda jurdiçam como em termo da dicta cidade. Outrossy mando e defendo que em esses julgados de Pena guoyam e de Figueyra nom aia outros juizes nem vereadores nem procuradores do concelho nem meyrinho nem outros officiaaes salvo os que forem postos na dicta cidade de Lamego como dicto he ou os que forem postos em esses lugares pollos juizes e vereadores e concelho da dicta cidade. E em testemunho desto mandey dar ao dicto concelho esta mha carta sellada do meu seelo do chunbo. Dante na cidade de lixboa sete dias de Junho elrrey o mandou <per> fernam martinz e Rodrigo Stevez seus vasallos. Bertolameu Giraldez a fez, era de mil IIIIc e VII anos.

in https://sites.google.com/site/estudosmunicipais/monografias-locais/os-forais-antigos-da-area-de-lamego, [9dez2017]

LINKS

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SANTA MARTA DE PENAGUIÃO

SANTA MARTA DE PENAGUIÃO
Por Jorge Cipriano há 8 anos

Concelho

O Concelho de Santa Marta de Penaguião encontra-se no coração da “Região Duriense”, no sul do distrito de Vila Real de Trás-os-Montes, paredes meias com o concelho sede de distrito, que lhe fica a norte, daqui se avista o Douro, por sobre terrenos do concelho do Peso da Régua.

O acentuado da sua orografia proporciona uma paisagem inconfundível, generosa, de grande qualidade e inebriante, também no fruto da actividade económica de maior expressão no Concelho, a Vitivinicultura.

A quase totalidade da área do concelho, 7000 ha., integra-se na Região Demarcada do Douro.

Os terrenos de maior altitude constituem parte da Serra do Marão, que de Noroeste forma uma importante protecção natural.

Vasto e rico na sua história, cultura e tradições, cada vez melhor comunicado – com o IP4 a Noroeste e a A24 a nascente sul – honra a disponibilidade dos melhores visitantes, de modo compatível com os actuais padrões de qualidade.

História

A antiguidade histórica de Santa Marta de Penaguião é afirmada por vestígios de Castros nas freguesias de Fontes, Lobrigos, Cumieira, Louredo e Medrões, todas estas freguesias existiam já nos primórdios da nacionalidade. Alguma toponímia pode levar-nos muito mais longe no tempo, aos primitivos povos sedentários, não porém de forma inequívoca.

O Concelho de Santa Marta de Penaguião é o prolongamento temporal das Terras de Penaguião, espécie de diviso administrativa que na baixa idade média (sécs. XI -XIV) compreendia o território existente entre-os-rios Douro e Corgo, a Serra do Marão e as Terras de Panóias (Vila Real). Compreendia assim a área actual do concelho de Santa Marta de Penaguião e parte significativa dos concelhos de Peso da Régua e Vila Real.

No reinado de D. Afonso Henriques era governador destas terras D. Moço Viegas, filho de D. Egas Moniz.

D. Sancho I concede foral a Santa Marta em 1202; (fac-similado do documento existente nos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo (A.N.T.T.), em Lisboa), e D. Manuel I vem em 15 de Dezembro de 1519 a conceder nova Carta de Foral a Penaguião; (fac-similado do documento igualmente existente nos A.N.T.T.).

Os Forais, documentos escritos e por isso inequívocos, constituem insubstituíveis recursos para interpretação do passado, neles eram fixados direitos, privilégios e deveres dos moradores; o período de ouro; os séculos XVII e XVIII, e a crise que se lhe seguiu.

As construções dos séculos XVII e XVIII, boas casas, solares e igrejas, património arquitectónico que hoje podemos admirar neste concelho, falam-nos de grandes rendimentos e existe documentação que no-lo certifica.

Com a valorização dos vinhos exportados, o cultivo da vinha foi incrementado, os vinhedos passaram a cobrir todas as encostas, e mais que houvesse, e os rendimentos subiram em flecha. Mas a euforia trouxe o oportunismo, e as misturas com vinhos de fora da região, juntamente com o desinteresse causado pela redução da qualidade, trouxeram a crise.

A 10 de Setembro de 1756, no reinado de D. José, é criada a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro, por grande influência de um filho de Santa Marta, Frei João de Mansilha, junto do Marques de Pombal.

Com a Companhia Geral e antes que outra Denominação de Origem surgisse na Europa, surge um “nom d ‘ appelation” para esta área produtora de “Vinho do Porto”.

No século XIX foram várias as reformas administrativas, e em cada uma delas houve extinção e criação de Concelhos. Santa Marta de Penaguião foi pioneira na Restauração do Concelho, e a disciplina começou a imperar na Região Demarcada do Douro.

Lenda

Uma lenda é sempre uma lenda. Umas vezes, com algum fundamento histórico, outras vezes, nem por isso. Sobretudo as que pretendem explicar a origem de certos topónimos, ou localidades, eivadas de graciosa ingenuidade popular. E, por isso, curiosa, como a tão divulgada lenda de Santa Marta, que pretende fundamentar a nascença da localidade do mesmo nome.

É assim:
Certo e desconhecido cavaleiro francês, um tal Conde de Guillon que andou por estas terras, mandou queimar a capela de Santa Marta. Consumado o acto sacrílego, a Santa apareceu-lhe ditando o castigo: que plantasse uma vinha, e cuidasse dela. Arrependido e humilhado, nem quis ver a aparição e, curvado, tapou os olhos com as mãos, mas ao descobri-los, tinha a seus pés um corvo, ave profética e sagrada, de acordo com crenças antigas, símbolo do mau agoiro que pressente a morte com o seu grasnar.

O contrito conde cumpriu a dura penitência, e ficou cheio de alegria na hora da vindima, porque nunca tinha produzido nada na vida. Lembrou-se então de oferecer à Santa as uvas, fruto do seu suor, e em vez de um corvo, apareceram-lhe pombas brancas e um cordeiro, símbolos da pureza e da reconciliação. Estava perdoado. E, desde então, a localidade começou a ter o nome: Santa Marta de Pena Guillon. Que, segundo a tradução (e tradição) popular quer dizer “Santa Marta de Pena (castigo) Guillon” (traduzido para Guião).

Mas o nome Marta tem ainda outra explicação e proveniência

Marta, irmã de Maria Madalena e Lázaro, todos conhecidas personagens bíblicas, é o símbolo do trabalho e, talvez por isso, a protectora escolhida da Região Vinhateira do Douro. O seu dia litúrgico celebra-se a 29 de Julho, e na representação iconográfica aparece-nos como diligente dona de casa (também é padroeira das donas de casa) e com os seguintes atributos: uma vassoura, uma concha de sopa, ou um molho de chaves na mão.

Santa Marta tornou-se hagiotopónimo (ou topónimo com o nome da Santa) ligado a uma devoção muito antiga (pré-nacional), e divulgada na Idade Média (ou Cristã). Já antes da Nacionalidade o culto era dos mais antigos na Península, sobretudo no norte que viria a ser de Portugal.

Protectora (como se disse) da Região Demarcada do Douro, o papel de ofício utilizado pelo provedor e deputados da Junta da Administração da Companhia-Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (criada por Pombal, e instituída por alvará régio de 10 de Setembro de 1756) utilizava o Selo ou, como se diria hoje, o Logotipo da Instituição com a efígie da Santa e no fundo uma videira com a seguinte inscrição latina: “Providentia Regitur”, que quer dizer: a Divina Providência governa (ou rege) tudo.

Santa Marta encontra-se reproduzida em belo vitral no edifício da Casa do Douro, no Peso da Régua, pela mão do Pintor Lino António. Este foi acabado em 1945 e sintetiza toda a dinâmica e beleza desta região, tem uma área aproximada de 50 m² formando um tríptico. No painel do centro podemos ver três grandes figuras.

A figura do centro representa a Casa do Douro, e mostra um pergaminho onde se lê “…Casa do Douro, decreto 21 883, Novembro de 1932”. Quer isto dizer, que o governo, através do referido decreto-lei, cria a Federação Sindical dos Viticultores da Região do Douro, em Novembro de 1932, hoje Casa do Douro.

A figura da esquerda representa a agricultura tendo aos seus pés uma enxada de ganchos. E a figura da direita simboliza o comércio e tem na mão um caduceu. As figuras de mãos dadas simbolizam o pacto de honra e cavalheiros, entre a produção e o comércio do Vinho do Douro.
Na parte superior esquerda, está a capela devota de Santa Marta, padroeira do Douro.

Na parte superior, ao centro do painel, estão as cinco quinas de Portugal e o símbolo da Casa do Douro. Da esquerda para a direita, é-nos dado observar várias datas que foram importantes para a história do Douro.

O painel da esquerda, dedicado à agricultura, mostra, através das figuras e paisagens características da região Duriense, a faina típica da vindima, o transporte e a pisa.

O painel da direita, dedicado ao comércio, mostra a cidade do Porto, donde provém o nome por que é conhecido o vinho generoso do Douro, e os meios de transporte usados na época.
E Penaguião terá adaptado o seu nome, “Santa Marta de Penaguião”, erigindo-lhe uma capela que deu nome ao lugar.

Santa Marta, Vila da freguesia (sede) de Lobrigos, tem outro padroeiro: S. Miguel-o-Anjo, mas Marta ficou sempre na boca (e no coração) do povo crente e diligente de Penaguião.

Toponímia

A toponímia (nomes por que são conhecidos e identificados os lugares habitados e sítios desabitados) constitui um capítulo importante para o conhecimento e estudo da área de um Município ou região, pelo significado que comporta, e que pode ser analisada sobre diversos ângulos: Histórico (e arqueológico), filosófico, linguístico (semântico) e sociológico.

Penaguião – a designação alti-medieva de “Terra de Penaguião” exigiria, à primeira vista, que o centro ou cabeça dela tivesse o nome de Pena Guião. Aparentemente. Uma coisa é certa: a “Terra” chamou-se Penaguião, e a cabeça transferiu-se para a Vila do mesmo nome (instituída sede de Concelho no segundo ano do Século XIII – Foral de 1202) com o nome de Penaguião ou de remota designação, sem corresponder, exactamente, a lugar habitado desse nome, ou talvez sim.

E de que terá provindo o topónimo (topográfico?) composto: Pena + Guião? Também aqui os etimologistas (e filólogos) não lograram consenso algum sobre a origem da formação dos dois elementos. O primeiro (Pena) será, aparentemente, de mais fácil explicação, se atendermos ao seu natural conteúdo (e significado) arqueológico, bastante usado na Idade Média ou período Cristão. Pena, do celta Penn, e do latim Pinna (cabeço), cabeço fortificado ou fortificação castreja em lugar alcantilado e sobrelevado, como convinha à observação e defesa, nas culminâncias de sólidos afloramento rochosos de que a região era (e ainda é) fértil. Onde ficava essa Pena de Guião (de, designativo de posse?) Quanto ao segundo elemento (Guião) não está averiguada a sua origem, embora se divague sobre suposto nome germânico (Gogila), não se percebendo como teria evoluído para Gião ou Guião. É das fontes históricas, pelo menos, que o castelo (pena) de Penaguião ainda se conservava de pé na primeira metade do Século XIII, como ressalta das Inquirições de D. Afonso III (1248) que lhe fazem clara (e explícita) alusão.

Depois, outra questão: Quando surgiu Penaguião antecedido do nome da titular da ermida (Santa Marta) que nem sequer deu o nome à paróquia ou à freguesia? Paróquias que, é bom saber-se, começaram a ser oficialmente designadas ou precedidas pelos nomes (hierónimos) dos santos titulares ou padroeiros das igrejas, a partir do Século XIII (ou das referidas Inquirições). No “consulado” do marquês de Pombal (séc. XVIII) o Concelho continuava a denominar-se apenas pelo nome de Pena Guião (Demarcações Pombalinas) surgindo, nessa altura, Santa Marta como “padroeira” da região vinhateira do Douro (região demarcada).

O nome Penaguião, através dos tempos, passou pelas seguintes variantes ortográficas, conservando intacto o primeiro elemento, ou raiz, digamos (Pena), variando o afixo (Guião). Penagoyã aparece nos inícios do Século XIII (1202), no texto do foral de D. Sancho; Pena guyam, em meados do mesmo século (1248), presente nas Inquirições de D. Afonso III. No século XIV, Penagoyan; no século XVI aparece, de novo, a forma utilizada em 1248, mas acoplada, e não cindida: Penaguyam. No “Numeramento de 1527”, ou na primeira metade do mesmo século (XIV), Penaguyam, obedecendo à grafia anterior. No século XVIII, a forma cindida Pena Guião (Demarcações Pombalinas), que evoluiu até à forma actual (e definitiva) de Penaguião.

O Municipio de Santa Marta de Penaguião localiza-se na região Norte de Portugal, encontrando-se a cerca de 300 quilómetros em linha recta da capital do País, e dista, aproximadamente, 70 quilómetros do Oceano Atlântico, que se encontra a oeste. O limite sul do município encontra-se a menos de 3 quilómetros do rio Douro. As cidades mais próximas encontram-se a menos de 3 quilómetros em linha recta do município, que são Peso da Régua a Sul e Vila Real a Norte.

O município de Santa Marta de Penaguião tem uma extensão territorial reduzida, com apenas 69,25 km2 de superfície, distribuída por 10 freguesias. Das freguesias do município de Santa Marta de Penaguião há algumas que se destacam pela sua dimensão territorial, nomeadamente Fontes que tem uma superfície de 15,66km2, e Cumieira (11,04 km2), representando 22,62% e 15,95% do total do território municipal, respectivamente. No extremo oposto destacam-se 4 freguesias pela dimensão territorial inferior a 5 km2, Sanhoane (3,59km2), Alvações do Corgo (4,34 km2), S. Miguel de Lobrigos (4,58 km2) e Fornelos (4,92 km2), correspondendo a 5,19%, 6,27%, 6,62% e 7,1% respectivamente, do total da superfície do município.

O município de Santa Marta de Penaguião tem fronteiras com 4 municípios, mas grande parte do município tem como limite territorial os municípios de Vila Real e Peso da Régua. Assim, a norte é limitado pelo município de Vila Real, a Este pelos municípios de Vila Real e Peso da Régua, a sul faz fronteira com o município de Peso de Régua, e a Oeste com Peso da Régua e com Baião e Amarante (distritos pertencentes ao distrito do Porto) embora a fronteira com Amarante tenha muito pouca extensão.

O município de Santa Marta de Penaguião é no sector produtivo absolutamente marcado pela sua condição geográfica e histórica, orografia intensa e integração na Região Demarcada do Douro, o que transformou encostas inférteis em produtivas vinhas. Ao nível florestal, o concelho encontra-se inserido na circunscrição Florestal Norte e é abrangido pelo Núcleo Florestal do Douro.

FONTE: CM Santa Marta de Penaguião

Via https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/regioes/douro/santa-marta-de-penaguiao/, [Consulta em 9dez2017]

SANTA MARTA DE PENAGUIÃO

SANTA MARTA DE PENAGUIÃO
Por Pedro Gonçalves a Quarta-feira, 9 de Maio de 2012 às 10:21

A toponímia -nomes por que são conhecidos e identificados os lugares habitados e sítios desabitados.

Penaguião – a designação alti-medieva de “Terra de Penaguião” exigiria, que o centro ou cabeça dela tivesse o nome de Pena Guião. A “Terra” chamou-se Penaguião, e a cabeça transferiu-se para a Vila do mesmo nome (instituída sede de Concelho no segundo ano do Século XIII ...– Foral de 1202) com o nome de Penaguião ou de remota designação, sem corresponder, exactamente, a lugar habitado desse nome, ou talvez sim.

O nome Penaguião, através dos tempos, passou pelas seguintes variantes ortográficas, conservando intacto o primeiro elemento, ou raiz, digamos (Pena), variando o afixo (Guião). Penagoyã aparece nos inícios do Século XIII (1202), no texto do foral de D. Sancho; Pena guyam, em meados do mesmo século (1248), presente nas Inquirições de D. Afonso III. No século XIV, Penagoyan; no século XVI aparece, de novo, a forma utilizada em 1248, mas acoplada, e não cindida: Penaguyam. No “Numeramento de 1527”, ou na primeira metade do mesmo século (XIV), Penaguyam, obedecendo à grafia anterior. No século XVIII, a forma cindida Pena Guião (Demarcações Pombalinas), que evoluiu até à forma actual (e definitiva) de Penaguião.

Santa Marta de Penaguião localiza-se na região Norte de Portugal, encontra-se aproximadamente a 300 quilómetros em linha recta da capital do País e a 70 km do Ocêano Atlântico, que se localiza a oeste deste município. O limite sul do município encontra-se a menos de 3 quilómetros do rio Douro. As cidades mais próximas encontram-se a menos de 3 quilómetros em linha recta do município, que são Peso da Régua a Sul e Vila Real a Norte.

Este município tem uma extensão territorial reduzida, com apenas 69,25 km2 de superfície, distribuída por 10 freguesias. Possui fronteiras com 4 municípios: a norte é limitado pelo município de Vila Real, a Este pelos municípios de Vila Real e Peso da Régua, a sul faz fronteira com o município de Peso de Régua, e a Oeste com Peso da Régua e com Baião e Amarante.

Santa Marta de Penaguião é no sector produtivo absolutamente marcado pela sua condição geográfica e histórica, orografia intensa e integração na Região Demarcada do Douro, o que transformou encostas inférteis em produtivas vinhas. Ao nível florestal, o concelho encontra-se inserido na circunscrição Florestal Norte e é abrangido pelo Núcleo Florestal do Douro.

https://www.facebook.com/notes/amigos-das-caves-santa-marta/santa-marta-de-penagui%C3%A3o/169618393166715/, [9dez2017]

Penaguião: do ano mil a setecentos

Penaguião: do ano mil a setecentos
Publicado em 4 de fevereiro de 2017

por Armando Palavras
Doutorado em História da Arte

Refere a tradição que as terras deste concelho foram conquistadas aos mouros, cerca do ano 1000, pelos irmãos Dom Tedo e Dom Gusendo.

Quando os cristãos se viram senhores delas teriam hasteado o guião dos referidos irmãos no cimo de uma penha. Daí o nome de Penaguião.

A sua primitiva sede terá sido no lugar do Pousadouro. Só em finais de Setecentos o concelho se passou a chamar Santa Marta de Penaguião, tomando o nome do lugar que então existia – Santa Marta.

Sobre a tradição consulte-se nota 3 de trabalho publicado já em 2015. Este trabalho publicado em 2004 pode ser consultado AQUI.

in https://www.linkedin.com/pulse/penagui%C3%A3o-do-ano-mil-setecentos-armando-palavras, [Consulta em 9dez2017]

C U M I E I R A

C U M I E I R A

JUNTA DE FREGUESIA DA CUMIEIRA

ORIGEM  E  EVOLUÇÃO  HISTÓRICA

A Cumieira foi elevada à categoria de Vila em 1 de Novembro de 1999, pela Lei 83/99 de 30 de Junho. Pertence ao concelho de Santa Marta de Penaguião, distrito, diocese e comarca de Vila Real e é das mais bonitas e bem situadas freguesias do Concelho.

Composta pelos povos do Assento, Cumieira, Veiga, Bertelo, Covelo, Amoreira, Pousada, Ribeirões, S. Martinho e Silhão, tem uma área de 1 143 hectares, aproximadamente.

Situada a 8 quilómetros da sede do Concelho, confronta com as freguesias de Fornelos, Sever e Louredo, também penaguienses e ainda com a freguesia de Torgueda do concelho de Vila Real. A Este e a Sudoeste tem, a beijar-lhe os pés, os rios Corgo e Arcadela, respectivamente. De salientar a Oeste e a escassos quilómetros a imponente serra do Marão, responsável pelo micro-clima tão característico desta região.

Na sua área encontraram-se vários documentos arqueológicos a confirmar um povo muito remoto: (mós, pias, restos de ânforas, tijolos, moedas). Na realidade e de acordo com a "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", a Cumieira aparece já referida em documentos escritos desde 1143 (doação feita por D. Afonso Henriques ao mosteiro da Ermida, do couto, que nesse ano instituía sobre o rio Corgo, em terras de Panoias, em frente de Lobrigos).

Nas Inquirições de 1258 é já paróquia, com o nome de Santa Eovaye de Anduffi, no julgado de Penaguião.
Quase todos os topónimos desta freguesia aparecem também documentados  a partir do século XII.
A antiga freguesia era abadia da apresentação da mitra bracarense. Pertenceu depois ao bispado de Lamego, até à criação da diocese de Vila Real, em 20 de Abril de 1922.
O lugar da Veiga teve o seu primeiro foral em 18 de Abril de 1325 (reinado de D. Dinis) e o segundo foral concedido pelo rei D. Manuel I, em 15 de Dezembro de 1519.

Quanto ao povoamento, sempre oscilou muito com a emigração: primeiro para o Brasil e África, depois para os diversos países da Europa. Todavia, cálculos actuais falam em 2100 habitantes. Parece ser uma população bastante equilibrada quanto ao sexo (840 elementos masculinos contra 838 elementos femininos), conforme documentava o Censos/91. De acordo com o mesma fonte, havia 509 famílias viverem em 590 alojamentos. Estes números parecem estacionários, pois há uma fraca taxa de natalidade e consequentemente fortes características de envelhecimento da população.

A base da sua economia assenta na agricultura, de onde se salientam dois produtos: o vinho e o azeite.

Segundo dados recolhidos em organismos oficiais (Casa do Douro e Caves Santa Marta) a viticultura cumieirense é composta por cerca de 500 produtores, dos quais 400 são associados da Adega Cooperativa. Em termos de produção e nos anos considerados normais. os Vitivinicultores produzem 2.475.000 litros  de mosto vínico (4.500 pipas) dos quais cerca de 825.000 litros (1.500 pipas) são destinadas à produção de vinho generoso (vinho do Porto). Todo este vinho é produzido em 1.680 propriedades, concluindo-se que a característica dominante é a pequena propriedade, que permite um rendimento global e anual de 600.000 contos.

Quanto à olivicultura, pode afirmar-se que, nos últimos anos, face a movimentos de restruturação e conversão integrados nos Projectos e Leis Comunitárias, muitos olivais têm cedido o seu lugar a vinhedos. Contudo, e de acordo com informações do M.A.P., o cadastro regista ainda 20.000 exemplares, mas na realidade existem muitas mais. Relativamente à produção (exceptuando os anos de produção zero ou perto disso) situa-se entre os 60.000 e os 100.000 litros de azeite. Assim, o valor médio anual deste produto rondará cerca de 60.000 contos.

São essencialmente estas duas culturas que economicamente têm um forte peso e importância, quer na própria freguesia quer mesmo a nível concelhio.

Comercialmente é a cidade de Vila Real, a cerca de 7 quilómetros, quem dá resposta a quase todas as carências desta freguesia.


FICHA DE DADOS

ORAGO
Santa Eulália

POPULAÇÃO
Cerca de 2 100 habitantes.

ELEITORES
1481 (Fevereiro/2001).

ACTIVIDADES ECONÓMICAS
Agricultura, vinicultura, olivicultura, serralharia, construção civil pequeno comércio e turismo rural.

FESTAS E ROMARIAS
Santa Eulália e Santa Bárbara (1º fim de semana do mês de Agosto).

PATRIMÓNIO CULTURAL E EDIFICADO
Igreja Matriz (construída no ano de 1729 séc.XVIII sob a direcção do famoso arquitecto italiano Nicolau Nasoni. É de estilo barroco, de uma só nave, de grandes proporções e riquíssima em talha dourada);
Capelas (Santa Bárbara, Nossa Senhora da Esperança, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora da Conceição);
Senhor dos Aflitos;
Nicho do Imaculado Coração de Maria;
Cruzeiro;
Fonte do Cruzeiro;
Monumento ao Marechal António Teixeira Rebelo (ilustre cumieirense, nascido no Lugar de Silhão, em 1750, fundador e 1º Director do Colégio Militar);
Casas solarengas e senhoriais (Casa do Canto, Casa da Quinta da Portela, Casa da Quinta de Bertelo, Casa da Boavista e Casa dos Távoras);
De referir ainda a Casa da Quinta da Cumieira (turismo rural) e o edifício de grandes proporções e recentemente edificado - Centro Social e Paroquial de Santa Eulália da Cumieira.

LOCAIS DE INTERESSE TURÍSTICO
Miradouro de Santa Bárbara, Casa da Quinta da Cumieira e Quinta da Portela.

GASTRONOMIA
Cabrito assado e arroz do forno, massa dos casamentos, arroz de feijão vermelho com posta de bacalhau cozido regado com azeite (chamado arroz de vindima) e pão-de-ló .

ARTESANATO
Cestaria e sapataria.

COLECTIVIDADES
Banda Musical da Cumieira (fundada em 1830);
Sporting Club da Cumieira (fundado em 1933);
O "GRUCHA" - Grupo Cénico Cumieirense  Hoje e Amanhã (fundado em 1981);
E a Associação Cultural Recreativa e Desportiva da Cumieira (fundada em 1986).

in http://regiaotransmontana.net4b.pt/Regiao/Freguesias/Cumieira/jcumieira.htm, [Consulta em 9dez2017]

Santa Marta de Penaguião

Santa Marta de Penaguião
SANTA MARTA DE PENAGUIÃO E SEU CONCELHO

As graças naturais do Alto Douro provêm de três origens: o céu, a encosta e o rio

O céu preside à luta do homem contra o rio e a encosta.

Hoje um e outra estão dominados pela tecnologia das barragens e pela bravura do braço humano. Embora de costas voltadas para o rio em toda a extensão do seu concelho, as populações de Santa Marta não deixam de respirar o ar ribeirinho da frescura fluvial. E é um bonito concelho, em triângulo rectangular, circundado pelos limites da Régua, de Vila Real e de Baião, repartindo pelas nove freguesias os 7.000 hectares da sua extensão.

Na sua quase totalidade está integrado na Região Demarcada; a Noroeste, sente-se envolvido pela altaneira Serra do Marão, o melhor ex-libris das terras transmontanas; a Norte e a Sul pelo fio de água do rio Corgo, cujas encostas verdejantes lhe embelezam as margens até à foz, na Régua.

Percorrendo com intenções turísticas o património paisagístico do concelho, é de ficar verdadeiramente deslumbrado com a altura das montanhas transformadas em vinhedos assentes em socalcos de xisto, a contrastar com a profundidade dos vales que as contornam. Escalando os altos de Fontes, Lobrigos e Cumieira, a panorâmica da paisagem vitivinícola que desde os tempos de Pombal transformou o meio ecológico e habitat das populações.

E uma vez entrado na época outonal, já experimentou o ensejo de voltejar pelas estradas sinuosas das aldeias, após a faina das vindimas?

O cenário policromado da paisagem por acção da mãe natureza é simplesmente indescritível. Não sei se o cineasta Manuel de Oliveira, um dos ilustres filhos desta terra, já terá passado para alguns dos seus filmes, a elevação das cores quentes da paisagem, quando o sol se despede dos mortais, numa tarde outoniça!

Dada a sua posição geográfica, e o seu concelho ser considerado o maior centro produtor de vinho do Porto, tem levado alguns autores a designá-la como “Concha” vinhateira, “Poço do Vinho”.De facto não custa a crer que, desde a implantação da majestática Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, alguns proprietários mais abastados começassem de construir os seus palácios e casas solarengas pelas terras de Penaguião, com o felizmente o turista pode ainda admirar.

É precisamente nessa altura que o Douro conhece um período de prosperidade como nunca tinha atingido e que uma recordação do 1º Visconde de S. Romão nos deixou: “no último terço de setecentos, Penaguião cobriu-se de boas casas; as margens do Douro, do Corgo para cima, despiram-se de matos silvestres, que ainda conservam em muitas partes, e cobriram-se de vinhas.

Lembro-me de ver no Peso da Régua, pela ocasião das feiras, mais numerosas companhias de Senhoras e Cavalheiros, do que tenho visto nas assembleias portuguesas e inglesa da capital. Viam-se todos os dias a passear por entre vinhas, a atravessar os maus caminhos daquele país, ranchos de Senhoras tão asseadas como se fossem para o teatro S. Carlos, trajando vestidos de seda e calças da Índia bordados a ouro”. E acrescenta: “no Douro desse tempo se acelerava a plantação de vinhas nas áreas mais remotas do vale”.

Refere-se o autor à conhecida “Terra” ou julgado de Penaguião, cuja área compreendia a totalidade dos concelhos de Santa Marta e Mesão Frio, da maior parte de Vila Real e de grande porção do de Peso da Régua.

Origem do topónimo Pena-guião

Por mais que o esforço dalguns estudiosos tenha incidido recentemente sobre as origens históricas de Santa Marta de Penaguião, a verdade é que as conclusões a que chegaram ainda não são suficientemente esclarecedoras de modo a esclarecer os curiosos, tal a densidade das fontes documentais que envolve os documentos.

Em termos de explicação toponímica ou topográfica, convém adiantar que estamos perante dupla dificuldade: Quando e como aparece a designação de Santa Marta associada a Penaguião?

Em documentos alti-medievais aparece-nos “terra de Penaguião”, a quem, nos inícios do século XIII, (1202) é atribuído foral. Este é normalmente atribuído a um povo ou uma terra, com alguma dimensão social e económica pela autoridade régia mediante certas obrigações a cumprir por parte dos vizinhos.

Onde ficava sediada a Vila ou sede de concelho? É uma terra ou uma circunscrição? Em que moldes administrativos se enquadrava ou não nas terras vizinhas de Panóias?

No “Cadastro da População de 1527”, levado a cabo por ordem de D. João III, fala-se muito genericamente do número das populações deste Concelho de Penaguião: “He de povoaçam apartados hus dos outros em quintãs e casaes, e tem muito poucos lugares”, “não tendo lugar algum, e hacendo, dispersos, em Sediellos... “Ou seja, as populações vivem muitas dispersas umas das outras, em suas quintas e casais, e não há nenhum lugar com este nome.

Do teor deste documento infere-se que nos princípios do século XVI ainda não havia nenhum lugar com este topónimo, o que vem dificultar os estudos dos curiosos da identificação histórica desta vila.

A avolumar a questão etimológica como explicar as origens de Penaguião?

Por estas terras quer a sul quer a norte do Douro, encontramos topónimos com o mesmo elemento: Ribeira de Pena e S. Miguel de Pena (Vila Real), não longe do actual concelho e outrora pertencente às terras de Penaguião.

E quanto ao segundo elemento: Guião?

Nada de definitivo, garantido pelos etimologistas sobre este segundo elemento do topónimo.

Documentado está que o castelo (pena) de Penaguião ainda se conserva em razoável estado na primeira metade do século XIII, como se lê nas Inquirições de D- Afonso III, a que se faz referência explícita.

Temos assim que Penagoya aparece nos inícios do século XIII, no foral de D. Sancho; Pena guyam, em meados do mesmo século XIII, nas Inquirições de D. Afonso III. Depois no XIV, Penagoyan; e já no século XVI, regressa-se de novo à forma usada em 1248, mas agora acoplada. Finalmente, nas “Demarcações Pombalinas” a forma cindida Pena Guião que, posteriormente, resultou na actual em Penaguião.

Posta a questão nestes termos, ainda nos resta encontrar explicação para as origens do uso de Santa Marta associado a Penaguião. E o mais curioso é que estamos na presença de uma realidade administrativa que nem sequer deu nome a paróquia ou freguesia. A actual vila, presentemente em franco crescimento, está adstrita administratica e eclesiasticamente a S. Miguel de Lobrigos. Até quando?

Vem dos tempos e usos medievais associar os nomes de santos patronos a topónimos de freguesias ou paróquias.
Com a vila de Penaguião acontece o mesmo fenómeno, mas muito mais tarde, nos tempos de Pombal, a quando da fundação da Companhia Régia das Vinhas do Altas Douro. É assim que passa a usar-se na documentação oficial - Santa Marta de Penaguião. E para honra dos habitantes desta terra, a efígie da “Santa Marta” entra no selo identificativo da Companhia.

Como acabamos de notar, estas terras já remontam as suas origens aos tempos da dinastia afonsina, época particularmente abundante em lendas relacionadas com o hagiológio cristão. Também nas “terras de Penaguião” continua acreditar-se na intervenção de Santa Marta como protectora da Região Demarcada do Douro, desde os tempos distantes da Idade Média. Fundamentado na crença popular, alguém terá sugerido a Mestre Lino António, o autor dos vitrais policromados de grande efeito artístico, nas escadas de acesso aos aposentos da Casa do Douro, que incluísse no grande painel Santa Marta, como símbolo da Região Demarcada.

Encravado geograficamente entre concelhos de aspirações diferentes, Santa Marta sofreu também das reformas administrativas liberais, marcadas pela criação ou extinção de concelhos. Assim, na reforma de 1835-37, foi criado o concelho de Peso da Régua, sendo riscadas do concelho de Santa Marta as freguesias de Peso da Régua, Sedielos, Fontelas, Mouramorta e Loureiro.

Por decreto de 26 de Setembro de 1895 foi suprimido o concelho de Santa Marta de Penaguião, sendo as freguesias da Cumieira, Fornelos e Louredo anexadas ao concelho de Vilas Real; as restantes sete, ao concelho de Peso da Régua, que, por sua vez, perdeu Sedielos para Mesão Frio. Todo o espólio documental – Arquivo e mobiliário da Câmara foram transferidos para a Régua.

Entretanto, as forças vivas e as populações não se conformaram com semelhante decisão, e imediatamente trataram de se municiar com os argumentos da sua história administrativa e económica para fazer valer os seus legítimos direitos, tendo recuperado a sua autonomia concelhia por Decreto de 13 de Janeiro de 1898.

A comemorar a sua carta de alforria administrativa foi instituído como feriado municipal o dia 13 de Janeiro.

A sede do concelho começou, finalmente, há uns anos a esta parte, a apresentar uma feição mais urbanística, abandonando o marasmo a que estava votada pelo poder central. Quedando-nos por momentos na “Concha Vinhateira”, bem junto ao largo pelourinho medieval, por sinal muito tosco, de coluna monolítica e despido de qualquer lavor artístico, sentimo-nos invadido por um ambiente pacato e tranquilo, não poluído pelos barulhos da modernidade.

Apenas incomodados pelo ruídos dos transportes rodoviários – os autocarros da Rodonorte ou da Empresa Tâmega - os que repousam à sombra em amena cavaqueira, não carecem de elevar a voz para se fazerem ouvir.

Talvez por razões de aconchego no inverno e de aproveitamento do terreno para a cultura do saboroso néctar, a construção urbanística começou de pontuar-se bem junto ao vale estreito.

À nossa frente, voltados para a capela de S. Pedro, rasgou-se uma larga avenida, ladeada pelo Auditório, Quartel dos Bombeiros, Mercado Municipal, Quartel da GNR e Posto de Turismo. À direita, totalmente reconstruída a casa armoriada do visconde de Santa Marta, do século XVIII, onde foram instalados os serviços da Câmara Municipal. Um belíssimo edifício cujo pórtico principal é encimado por uma figura de pedra. Em frente, uma fonte luminosa, a abrilhantar o largo envolvente e a refrescar o ambiente da “Concha Vinhateira”, e onde foi erguida a estátua ao Trabalhador da Vinha, de Laureano Ribatua.

No lado oposto, descendo em direcção à Escola Secundária, várias agências bancárias ao serviço das populações que assim evitam a deslocação à Régua a Vila Real. Regressando ao centro, temos à nossa esquerda, os serviços da Segurança Social e a Biblioteca, Finanças e Tesouraria; se rumarmos em direcção à capital do Distrito, vamos deparar, dominando a paisagem urbanística, com a Adega Cooperativa dos Vinhos, a maior e a e melhor apetrechada de toda a Região Demarcada, que conta com um número de tal de associados dos quais 70% são viticultores. A testemunhar a qualidade dos vinhos produzidos, refira-se que a produção de 1998 foi galardoada com o 1º Vintage. Na já história longa da Região Demarcada não consta até ao momento, que alguma instituição cooperativa ter sido distinguida com semelhante galardão. Este é o prémio, sem dúvida, de um trabalho iniciado pelas gerações do passado, mas que a nossa memória recorda com saudade. Referimo-nos ao seu primeiro Director- Francisco de Oliveira Dolores – que, numa rara visão futurista, teve a ousadia de congregar numa só instituição e sob uma só Direcção, os sócios das três Adegas do concelho: Santa Marta, Fontes e Cumeeira.

Na verdade, com a fundação da Companhia Pombalina, o Vinho e a Vinha ganham uma crescente importância económica no país e na região, nomeadamente no concelho de Santa Marta, ou não valesse a acção meritória, junto do Marquês, do dominicano Frei João Mansilha, natural de Lobrigos.

Percorrendo os arruamentos da vila, salta à vista na toponímia a ausência de qualquer figura histórica que dê nome a uma rua ou a uma avenida, e com quem os naturais se identifiquem. À primeira vista somos levados a crer que por estas terras de Penaguião, ninguém se evidenciou no campo das armas, das letras ou da política?

Não seria altamente pedagógico para as novas gerações que passam pela Escola Secundária familiarizarem-se desde os bancos da escola com os seus antepassados? Então como não evocar o 3º conde Santa Marta, cujo papel marcou politicamente o êxito da revolução da Restauração, em 1640? Não vai longe o tempo em que nos bancos da 4º classe se ensinavam os nomes dos 40 fidalgos que, na manhã do dia 1 de Dezembro, tomaram de assalto, em Lisboa, o Palácio residencial da Duquesa de Mântua com o seu secretário Miguel de Vasconcelos!

Pois quem disparou contra o traidor e renegado fâmulo da regente do rei de Castela, foi D. Rodrigues de Sá e Meneses, conde de Santa Marta. Em atenção aos seus talentos, espírito de justiça e vivo patriotismo, D. João IV nomeou-o conselheiro de Estado.

Em 1652 assumiu a alta missão de embaixador extraordinário junto da corte inglesa para procurar os apoios de Cromwel para o nosso país, a fim de fazermos frente às incursões castelhanas que continuavam a guerrear-nos em diversos postos de fronteira. Infelizmente, as diligências diplomáticas encetadas malograram-se porque os serviços da Inquisição não permitiram que a condição posta pelo Protector do Reino Unido - a liberdade de culto para os protestantes nos domínios da coroa portuguesa.

O concelho de Santa Marta depois de extinto pela reforma administrativa de 1895, foi restaurado em 1898, contando com as seguintes freguesias: Alvações do Corgo, Cumieira, Fontes, Fornelos, Loureiro, Medrões, S. Miguel de Lobrigos, S. João de Lobrigos, Sever, Sanhoane.

Quem nunca reparou na grandiosidade das casas solarengas, dispersas por todo o concelho, e nas igrejas de arte barroca e rococó, nomeadamente as da Cumieira e de Lobrigos, como mais adiante falaremos?

Ao turista amante da arte do século XVIII bastará entrar numa destas igrejas paroquiais para se informar da riqueza artística que enobrece o concelho de Santa Marta.

Se no local onde a vila vai crescendo em feição urbanística apenas assoma, reconstruído a bom gosto, a casa dos viscondes de Santa Marta, já na circunscrição administrativa do actual concelho, tomando como referência a aldeia de Santa Comba até às alturas de Sanhoane, sem esquecer Lobrigos, existem verdadeiros exemplares de arquitectura solarenga de belo recorte e de nobres tradições. Vivia-se a era do esplendor do vinho do Porto, primorosamente espelhada nas fachadas das casas armoriadas.

Património artístico das freguesias do concelho. Porque estamos numa das regiões mais abundantes de vinho generoso, não é de admirar que se encontre uma enorme quantidade de talha dispersa por todas as igrejas do pequeno concelho, coincidente com o período da expansão do vinho do Douro, os séculos XVII e XVIII.

Facilmente se reconhece em toda ela, a mão dos artífices lamecenses daquela época, a cuja diocese Santa Marta pertenceu, antes de ser agregada à diocese de Vila Real. Ao dourado da talha, acrescente-se a existências de algumas imagens policromadas de boa feitura, alguns cruzeiros de raro valor artístico e duas ou três capelas.

Alvações do Corgo – É uma pequena freguesia cuja igreja paroquial é a mais desfavorecida do concelho em termos artísticos. Os cinco altares que a adornam interiormente não têm nada de decorativo; salva-se uma imagem de S. José, em madeira com relativo interesse artístico.

No local das Azinheira, ergue-se a capela de Nossa Senhora da Conceição, e na Quinta de Avidagos, a capela de S. Brás.

Cumieira – Situada no cume da serra de seu nome, é a freguesia mais populosa do concelho de Santa Marta, que se estende ao longo da estrada que liga a sede de concelho a Vila Real.

A sua igreja, construída nos princípios do XVIII (1726), se arquitectonicamente nada tem que a singularize, interiormente é extremamente rica. A fachada, ladeada por duas pilastras, tem ao centro, sobre a porta principal, a imagem da sua padroeira – Santa Eulália. Aqui trabalhou Mestre Nasoni, a expensas do mecenato do conde de Mateus, ao tempo Senhor da Cumieira. A talha de traça joanina é das mais ricas da região. Uma pintura nasoniana decora o arco cruzeiro, que lhe emprestou beleza rara, mas que hoje quase passa despercebida. De belo recorte artístico algumas das imagens distribuídas pelos seis altares de talha dourada, sem contar com o altar-mor. As paredes, ainda até há pouco tempo, continuavam cobertas por uma camada de cal. É um imóvel de interesse público.

Em termos de arquitectura civil, está sediada na sede da freguesia, a Casa da Cumieira, com um magnífico portão, a revelar a prosperidade doas fidalgos que a habitaram. Presentemente já nada fala desses tempos de opulência, bem reflectido no próprio abandono da sua pedra de armas onde dificilmente se lêem os caracteres nela esculpidos. Depois, toda uma série de casas brasonadas do século XVIII, umas restauradas, outras abandonadas, monumentos falantes dum passado de esplendor económico, mas que não resistiram às vicissitudes das guerras liberais.

É de louvar a ideia da Junta de Freguesia ter erguido um pequeno busto de belo efeito, junto à estrada de quem sobe para Vila Real.

Fontes – É, sem dúvida, a freguesia mais antiga do actual concelho de Santa Marta, com foral concedido por D. Sancho I em 1202, confirmado por D. Afonso III em Coimbra, em 1218, e renovado por D. Manuel I, na mesma cidade em 1519. Foi sede de concelho, extinto em 1836, pelas leis liberais. A igreja paroquial, edificada em 1775, aguarda uma oportunidade para ser devidamente limpa.

Dentre as numerosas capelas erguidas pela devoção dos fiéis aos seus santos protectores, distingamos, em primeiro lugar, a Capela de Nossa Senhora do Viso, no lugar mais elevado da freguesia, ali para as bandas do Marão, também designada por santuário de Nossa Senhora do Viso. Uma templo de razoáveis dimensões, revestido a azulejos. Teria sido aqui construída a primeira igreja paroquial de Fontes, doada por D. Diniz à Ordem de Malta, embora todo o recheio artístico seja muito posterior: a talha da época joanina e a dos altares laterais, renascença. Existia no arco cruzeiro um gradeamento de prata, uma peça artística de preciosidade rara, que os soldados franceses, na época das invasões, extorquiram, e hoje se encontra exposto no Museu dos Inválidos, em Paris.

Dispersas por montes e vales, consoante a devoção dos fiéis, se ergueram outras capelas: Capela de S. Sebastião,1689), com retábulos de talha; Capela de Santa Quitéria (1747), vizinha da Capelinha da Senhora da Saúde; Capela de Nossa Senhora de Fátima (1945); Capela de Nossa Senhora do Miradouro, perto do Viso.

A enfeitar os caminhos, ergueram-se cruzeiros de fino recorte artístico; logo à entrada, pode contemplar-se um belíssimo exemplar, com figuras de santos em alto relevo, mandado construir por José Taveira de Magalhães, em 1857.

Quase contemporâneo deste, e hoje na posse de particulares, no lugar de Castrelo, um outro exemplar, mandado construir por Manuel Monteiro Prior, também com estatuária de santos.

Arqueológicamente, Fontes conserva vestígios de um antigo castro, onde os amantes da arqueologia têm descoberto peças de valor incalculável. Por exemplo uma Ara votiva greco-romana. Uma achado raro muito elegante dedicada “À (deusa) AVGECILEA (de Cillae ou Cila), Minia, filha de Mebdo? construiu (este monumento) cumprindo um voto. Um outro achado é uma luva romana, em malha de ferro, em primoroso estado de conservação, uma peça rarissima na arqueologia portuguesa.

Fontes não é muito prendada em casas brasonadas: apenas uma do século XVIII, a Casa dos Poeiros, com brasão e capela particular.

Fornelos – A uma distância de 8km. da sede do concelho e servida por uma estrada asfaltada, Fornelos tem uma igreja paroquial, semelhante à da Cumieira, embora o visitante possa ser levado em erro ao ler a inscrição de 1674, na capela de Santa Ana, que lhe é anexa.

No seu interior, algum recheio em talha idêntica à de outras igrejas da zona.

Igualmente se deparamos com algumas capelas como a de S. Pedro, S. Gonçalo, Santa Eufémia e Senhor dos Aflitos.

Recebeu foral passado em Lisboa a 7.IV.1257, renovado por D. Manuel, concedido a Santa Marta.

Lobrigos (S. João) – Esta freguesia apenas a 2,5Km. da sede do concelho, distribui-se ao longo de toda a estrada que nos leva à vizinha cidade da Régua.

Para datarmos a fundação da sua igreja paroquial, basta lermos a inscrição dum túmulo que se encontra na capela-mor (1638 e uma outra existente na sacristia (1728).A atestar a veracidade destas datas, repare-se no estilo da talha dos retábulos que decoram o interior da Igreja. Quem não se sente enlevado ao contemplar, boquiaberto, a quantidade de caixotões com pintura a óleo, na capela-mor e no corpo da igreja, descrevendo a vida de Cristo e os Apóstolos, que no seu conjunto conferem rara imponência artística a todo o espaço religioso. Felizmente, as atenções do IPPAR voltaram-se para estas bandas, encontrando-se a trabalhar uma equipa de jovens restauradores. Segundo palavras do Senhor Abade, que encontramos na nossa visita, do recheio consta um órgão dos fins do século XVIII, que não se enquadra no contexto arquitectónico. Uma peça desenquadrada. Atendendo a todo este património, a igreja passou a ser considerada em 1966, imóvel de interesse público.

Em termos de estatuária destacam-se as imagens de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora da Assunção e Santa Rita de Cássia, estas últimas de valor valiosíssimo.

Pela freguesia encontra-se distribuídas as seguintes capelas: capela de S. Gonçalo, parte integrante da casa brasonada, onde actualmente está instalado o asilo Luís Vicente; capela de Nossa Senhora da Graça, no alto de S. Gonçalo; capela de S. Lourenço em Vila Maior; e a capela de Nossa Senhora da Conceição.

Na arquitectura civil, destacamos, na estrada da Régua - Santa Marta, uma casa armoriada do séc. XVIII, que hoje alberga o Asilo; Casa armoriada sita no lugar da Aveleira, Casa da Quinta do Bairro do séc. XVI com brasão em madeira entalhado no tecto.

Vizinho da igreja paroquial, no largo fronteiriço, uma artístico fontanário, de 1771, encimado por um brasão dum antigo abade.

Louredo – Situada lá para as abas do Marão, dista uns 12 Km. do concelho. A actual freguesia resultou da junção administrativa de duas freguesias, Santa Maria de Louredo, referida em documentação anterior à nacionalidade (1086), incluída nas terras de “Panóias”, e S. Cristóvão. Já consta nas Inquirições de 1220 “de Sancta Maria de Lauredo”.

No lugar do Carvalho e Louredo, perto da Igreja, têm sido encontrados vestígios de romanização.

A Igreja é do século XVIII, na qual se venera uma valiosa imagem, de Nossa Senhora da Purificação, do século XV, e ainda um belo cruzeiro, em granito, no povo de Carvalhais.

Medrões – Dista da sede do concelho 5km., servida por estrada asfaltada. A igreja paroquial é um grande templo provavelmente do século XIX. Um templo sóbrio nas suas linhas. No seu interior destacam-se as pinturas das paredes e do tecto, mas sem interesse artístico.

Bem mais importante é a capela de S. Pedro, no cemitério, rica em caixotões, onde estão pintados a óleo alguns pontífices romanos. A decorá-la internamente, em talha dourada, o arco da capela-mor os altares laterais e o púlpito do séc. XVIII.

Interessante um fontenário, também do séc. XVIII, designado por Fonte do Rei, encimada pelas armas régias.

S. Miguel de Lobrigos – Posto que administrativamente independente, esta freguesia serve de assento à vila de Santa Marta de Penaguião. A sua igreja paroquial data do séc. XVIII, decorada interiormente com caixotões emoldurados com talha dourada, sendo os da capela-mor ornamentados com pinturas a óleo. Muito apreciáveis artisticamente e cuidadosamente restaurados merecem uma visita de quem se interessa pela pintura religiosa.

A imagem de S. Miguel, padroeiro da Paróquia, pela sua beleza e proporção de linhas, é uma jóia do século XVII.

Aqui foi erguida a capela de Santa Marta, a padroeira da Região Vinhateira.

Toda a documentação oficiosa da Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro devia ser selada com o selo da Companhia, no qual estava gravado a imagem de Santa Marta, a protectora do Douro, e por baixo uma latada com seguinte legenda: Providentia regitur.

As capelas diversas erguidas por toda a freguesia não revestem grande aparato artístico ou arquitectónico.

As casas de traça solarenga são apenas duas: a Casa de Santa Comba, do séc. XVIII, brasonada, e a Casa do Salgueiral.

Sever – É a freguesia mais próxima da sede do concelhio, à distância de 2km.

A sua igreja paroquial é mais um dos templos que não foge à vulgaridade duma arquitectura sem arte e sem linhas. O seu tecto é ornamentado com caixotões, onde estão pintados os santos de maior devoção do calendário. O altar-mor estão decorados com talha dourada do séc. XVIII.

As capelas de S. Martinho, de Nossa Senhora do Bom Despacho e da Senhora da Conceição não apresentam nada de significativo na sua arquitectura.

Sanhoane – É uma freguesia apenas a 3km. de distância da sede do concelho.

A sua igreja paroquial se arquitectonicamente é mais um templo do séc. XVIII, já o seu interior é um dos mais ricos cuja talha se compara na sua exuberância à da Cumieira. De realçar como o retábulo da capela-mor em granito se conjuga harmoniosamente com a talha em madeira do período joanino, da autoria dos entalhadores da escola lamecense.

Dentre as capelas, destaquemos a Capela de S. Pio Mártir, cuja fachada tem inspiração nasoniana. Embora pertença da Quinta do Serrado, está aberta ao culto público.

Na arquitectura civil, distinguimos a Casa da Quinta das Cabanas, com pedra de armas e capela; a Casa da Quinta do Meio, do séc. XVIII, bem conservada, com capela e brasão de armas; Casa da Quinta do Pinheiro, herdada por Engº D. António Queiroz de Vasconcelos Lencastre, filho de D. José Maria Queirós de Lencastre, de apreciável grandiosidade, com pedra de armas e capela privada.

Figuras ilustres:
António Pinto de Sousa Lello, ver Dic. I Vol. p. 298.
Marechal António Teixeira Rebelo, ver Dic. I Vol. 516.
P. Manuel Rebelo da Silva, ver Dic. I Vol. 583.
Frei João Mansilha, frade dominicano. Ver Dic. I Vol. pp. 235-236.
José Joaquim de Almeida Carvalhais, ver D. I Vol. 130
D. José Maria de Queiroz Lencastre, ver Dic. I Vol. p.302-303
Manuel de Oliveira, cineasta, do local da Veiga.

Para responder às exigências duma sociedade moderna, onde se devem cultivar os valores da cultura por parte das populações mais afastadas dos grandes centros, a Autarquia tem-se esforçado por incentivar por todo o concelho as seguintes instituições: educativas (Escola Preparatória e Secundária, Patronato), de segurança (Quartel da GNR), sociais ( Corporação dos Bombeiros Voluntários), financeiras (Agências bancárias), de saúde (Centro de Saúde) e desportivas (Associação Desportiva e Desportiva de Santa Marta), folclóricas e musicais (Grupo Terras de Santa Marta, Ranchos Folclóricos de S. Miguel de Lobrigos, de S. João, Flor D´Aurora de Tabuadelo, Medrões, Banda de Música da Cumieira, A Tuna de Carvalhais, os Bombos de Paradela do Monte, a Escola de Música de S. João de Lobrigos).

Para a natação (Praias Fluviais de Fornelos, de Alvações do Corgo e de S. João de Lobrigos).

Festas e Romarias.

Dentre as de Santa Marta de Penaguião destacamos algumas: a de Nossa Senhora da Guia na sede do concelho, a de Nossa Senhora do Viso em Fontes, a de S. António em Alvações do Corgo, de S. Lourenço em Vila Maior, de S. João em Fornelos, de S. Pedro em Lobrigos e de Santa Bárbara na Cumieira.

Artesanato – Para o cultivo da vinho da vinha, o lavrador recorre a um variado instrumental. Os cesteiros e tanoeiros continuam a perpetuar os processos e saberes na confecção da cestaria e tanoaria. Depois os trabalhos de tapeçaria, renda e bordados, apresentados na organização da Semana cultural do Concelho, por alturas da Primavera.

A lenda de Santa Marta - Num belo dia, um conde de origem francesa mandou incendiar uma capela branca em honra de Santa Marta. Depois de cometido tão grande sacrilégio, apareceu-lhe a Santa, que o castigou mandando-o plantar e trabalhar a vinha durante um ano.

Cheio de remorsos e envergonhado virou-se para a cultura da terra e plantação da vinha em cumprimento da sua pena.

Na vindima, mais contente e com a alma em paz, oferece uvas a santa Marta, fruto do seu trabalho.

Foi assim que esse conde de nome Guillon foi o primeiro a granjear a vinha na região.

Nota. A lenda teria dado origem a um lugar chamado “Santa Marta de Penaguião. Santa Marta, pena + guião.

Por Padre Dr. Jorge Ferreira
Web Site da Câmara Municipal
www.cm-smpenaguiao.pt

Fonte: 
http://concelhos.dodouro.com/jornal/smpenaguiao.asp http://www.portugalsos.com/index.php/component/k2/item/1728-concelho-santa-marta-de-penaguiao

Por Eddo (2011) via http://penagoyam.blogspot.pt/p/santa-marta-de-penaguiao.html

Villa e Tribunal de Santa Martha

Villa e Tribunal de Santa Martha - 22 de Novembro de 1775
Published on Aug 12, 2017

Villa de Santa Martha - 22 de Novembro de 1775 «E porque no Lugar de Santa Martha, sito na Freguezia de S. Miguel de Lobrigos, se achão já fabricadas, e em uso a Casa da Camara, e Cadeia; e o mesmo Lugar se acha no centro do Conselho, de sorte que as extremidades delle lhe ficão todas em distancia igual com pouca differença: Sou servido creallo em Villa: E Mando, que nelle se estabeleção todas as Audiencias dos sobreditos dous Juizes de Fóra do Geral, e dos Orfãos; e que para as suas residencias aluguem casas, ou na mesma Villa, ou em algum dos Lugares circumvizinhos de Sanhoane, S. Miguel de Lobrigos, ou Sarnadelo; alugando as casas, em que houverem de residir, ou por convenção com as partes, ou por aposentadoria com avaliação de louvados. ...» Por Alvará Régio de 22 de Novembro de 1775

Ler em https://issuu.com/monteirodequeiros/docs/d_thedon_e_d_rausendo_0002a

Villa de Santa Martha - 22 de Novembro de 1775  
Published on Apr 5, 2014 

«E porque no Lugar de Santa Martha, sito na Freguezia de S. Miguel de Lobrigos, se achão já fabricadas, e em uso a Casa da Camara, e Cadeia; e o mesmo Lugar se acha no centro do Conselho, de sorte que as extremidades delle lhe ficão todas em distancia igual com pouca differença: Sou servido creallo em Villa: E Mando, que nelle se estabeleção todas as Audiencias dos sobreditos dous Juizes de Fóra do Geral, e dos Orfãos; e que para as suas residencias aluguem casas, ou na mesma Villa, ou em algum dos Lugares circumvizinhos de Sanhoane, S. Miguel de Lobrigos, ou Sarnadelo; alugando as casas, em que houverem de residir, ou por convenção com as partes, ou por aposentadoria com avaliação de louvados. ...»

Ler em https://issuu.com/monteirodequeiros/docs/villastamartha1775

Medrões

MEDRÕES UMA FREGUESIA DO DOURO

Em harmonioso convívio entre a serra do Marão e as vinhas do Vale do Douro fica Medrões, uma aldeia de Trás-os-Montes e Alto Douro inserida na primeira região Demarcada do mundo, o Douro. Esta freguesia faz parte do concelho de Santa Marta de Penaguião, da qual dista cerca de 4 quilómetros. 

Medrões possui uma população com cerca de 650 habitantes repartidos por 347 alojamentos onde o número de residentes femininos é superior ao de residentes masculinos. 

O nome Medrões vem do facto de, antigamente, nesta zona, existirem muitos medronhos, então, as pessoas diziam “vamos aos medronhos” com o desenvolver da língua Portuguesa ficou Medrões.

Meios de Subsistência

A população medroense, principalmente a mais idosa, tem como principal meio de subsistência a cultura da vinha, não possuísse esta freguesia condições únicas para esta cultura e estivesse inserida na região do Douro vinhateiro. Outro tipo de cultura agrícola com alguma expressão é a da oliveira.
Um grande impulsionador para o progresso da cultura da vinha na freguesia é sem duvida a Adega Cooperativa de Santa Marta de Penaguião principalmente com a sua delegação em Medrões (Adega de Medrões).

Sendo a vitivinicultura o principal impulsionador da economia, 90% dos agregados familiares dependem desta, existem pela freguesia inúmeras quintas, todas elas viradas para a vinha e o vinho. Exemplos disso são a Quinta do Outeiro e Quinta da casa dos Bicos, as únicas produtoras e engarrafadoras, Quinta da Pedra, Quinta da Aveleira e a Quinta do Noval, todas já bastante antigas mas encontrando-se em bom estado de conservação.

Património Arquitectónico

Em relação ao Património existente em Medrões, podemos dizer que a freguesia é um pouco pobre, a este nível. Contudo, existem alguns monumentos que merecem algum destaque como é o caso da Capela do Senhor do Calvário, originária do séc. XIV e que, durante o séc. XX teve várias utilidades, serviu para habitação, loja de lenha e finalmente passou a capela. Propriedade de privados, passou em 1906 para a diocese. A Capela de Nossa Senhora do Monte é a mais pobre de todas as que existem na freguesia, ficando situada num dos locais mais altos da aldeia, um pouco isolada. A nível de objectos religiosos apenas possui um pequeno altar com a imagem da Nossa Senhora do Monte e de Santa Bárbara e ainda um pequeno quadro, do qual se diz relatar a história de um milagre que terá acontecido. A Capela de São Pedro fica situada junto da estrada que liga Medrões a Santa Marta de Penaguião e ao lado do cemitério. É marcada principalmente pela riqueza do seu interior, possuindo uma talha riquíssima (séc. XVIII). Era nesta capela que se realizavam as cerimónias fúnebres dos padres da região. A Capela de Nossa Senhora dos Remédios também é merecedora de destaque. Situada no cume de um monte da aldeia é, sem dúvida, aquela que possui mais valor sentimental para todos os medroenses. Pensa-se que remonte ao ano de 1741 e, ao nível da sua construção, possui alguns “requintes” já que no seu exterior é possível observar algum granito nos portais, nas pirâmides e nas cruzes situadas no topo da capela. No seu interior existe um riquíssimo altar em talha do séc. XVIII e imagens da Nossa Senhora dos Remédios, Nossa Senhora dos Aflitos, Santa Rita e São Francisco. A Igreja Paroquial encontra-se em excelente estado de conservação. Foi construída numa vinha com cerca de 10km2 que era gerida pelo pároco que estivesse na freguesia e de onde ele tirava o seu sustento. Uma situação que foi alterada aquando da implantação da República onde a vinha passou a ser propriedade do estado que mais tarde a iria pôr em leilão. A Igreja paroquial de Medrões é um templo de grandes dimensões e data da segunda metade do séc. XIX. A parte frontal da igreja mede cerca de 15m de altura ladeada por duas pirâmides, do lado direito do alçado frontal encontra-se a torre sineira com cerca de 23m de altura e um relógio de pesos oferecido pelo antigo dono da quinta do Outeiro Sr. Mateus Logan. 

As fontes de água foram e continuam a ser uma grande riqueza da freguesia. D. João V, no séc. XVIII, mandou construir a Fonte do Rei, o verdadeiro cartão de visita de Medrões. Esta fonte resistiu a muitas intempéries e ainda hoje se encontra em boas condições. Mas Medrões ainda possui outras fontes como por exemplo, a Fonte da Levada, Fonte da Fraga, Fonte da Lombadinha, Fonte de Marão, Fonte do Lavadouro, Fonte do Sobrado e Fonte do Ribeiro.
Instituições Culturais
Quando se fala de cultura em Medrões tem de se falar, obrigatoriamente, no “Grupo cultural os Medroenses”. Fundado em 1990, este grupo (sempre dirigido de uma forma brilhante por Filomena Sequeira) tem sido o grande dinamizador da cultura medroense, sempre na tentativa de divulgar para fora os costumes e características da aldeia mas, também para servir as gentes locais, quer seja na ocupação dos tempos livres, quer seja na execução de eventos culturais na própria freguesia.
Este grupo pode ser dividido em duas vertentes, na escola de música, que ocupa muitos jovens da freguesia e no rancho folclórico que é o que tem mais expressão no exterior.

Gastronomia

Como toda a aldeia transmontana Medrões possui igualmente algumas tradições a nível gastronómico. A Açorda de Medrões, os milhos, a sopa de Castanhas e a sopa de Ramos, são os pratos de destaque desta freguesia.

Lendas

Medrões, como muitas outras terras, também possui algumas lendas. A do Pousadoiro e a das Freguinhas continuam na memória de todos.

Lenda do Pousadoiro

Conta-se que, antigamente, se uma pessoa tivesse o mesmo sonho três vezes seguidas esse se tornava realidade.

Assim, uma rapariga sonhou que no lugar do Pousadoiro havia um caixote com peças de ouro. Mas, para que o sonho se realiza-se tinha de ir ao lugar sozinha e de noite. Então, uma noite, essa tal rapariga foi ao lugar e desenterrou o caixote com o ouro.

Supõe-se que o ouro encontrado tenha sido escondido pelos Mouros quando cá estiveram.

Lenda das Freguinhas

Contava-se que, há muitos e muitos anos, um homem bastante pobre teve um sonho durante três noites seguidas.

Esse sonho referia-se a um sino de ouro escondido dentro de uma mina no lugar das Freguinhas. 
A pessoa que tivesse este tipo de sonhos tinha de ir ao lugar sozinhas caso contrário o sonho não se realizaria. O homem assim fez, no local sonhado encontrou um sino de ouro, como alegria da realização do sonho, disse a seguinte frase: “ai que lindo sininho e o badalo é para a minha Teresa.”

in https://www.facebook.com/medroes/posts/636116186422506?pnref=story (7 de Setembro de 2013), [Consulta em 9dez2017]

Picotas e Pelourinhos

Picotas e Pelourinhos

Em Portugal, os pelourinhos ou picotas (esta a designação mais antiga e popular) dos municípios localizavam-se sempre em frente ao edifício da câmara, desde o século XII. Muitos tinham, no topo, uma pequena casa em forma de guarita, feita de grades de ferro, onde os delinquentes eram expostos para a vergonha pública. Noutros locais, os presos eram amarrados às argolas e açoutados ou mutilados, consoante a gravidade do delito e os costumes da época.

De estilo românico, gótico ou Manuelino, muitos dos pelourinhos em Portugal constituem exemplares de notável valor artístico.

Segundo Alexandre Herculano e Teófilo Braga, os pelourinhos tiveram origem na columna moenia romana que distinguia com certos privilégios as cidades que os possuíam.

Os pelourinhos, normalmente, são constituídos por uma base sobre a qual assenta uma coluna ou fuste, terminando por um capitel.

Nalguns pelourinhos, em vez da base construída pelo homem, eram aproveitados afloramentos naturais.

Consoante o remate do pelourinho, estes podem classificar-se em:
Pelourinhos de gaiola
Pelourinhos de roca
Pelourinhos de pinha
Pelourinhos de coluço (gaiola fechada)
Pelourinhos de tabuleiro (gaiola com colunelos)
Pelourinhos de chaparasa
Pelourinhos de bola
Pelourinhos tipo bragançano
Pelourinhos extravagantes (de características invulgares.

Muitos pelourinhos foram destruídos pelos liberais a partir de 1834 por os considerarem um símbolo de tirania.

in Wikipédia, [Consulta em 9dez2017]

Lobrigos & Sanhoane

Lobrigos & Sanhoane

«A história desta freguesia nasce pela reorganização administrativa decretada em 2013 pelo Governo Português, que resultou da fusão de três Freguesias do Concelho de Santa Marta de Penaguião.

SANHOANE

Nas “Inquirições” de 1258 foi dita como “Freeguisia de Sant Andre de Medim”, mas na descrição que é feita aparece, pelo menos duas vezes, o nome de “San Joahanne de Medim”. No mesmo ano, na “Carta de Foro de Laurentim” referiu-se “Sancto Iohanne de Medym”. E na “Inquirição da Beira e de Além Doiro” (1288), “Freguesia de S. Joham de Medim”.

Em 1281, na “Carta de doação do Casal de Outeiro” foi afirmada como “Sancto Joahanne de Medim”. E, em 1519 no Foral de D. Manuel, como “Sanhoane de Medim”, sendo o nome “Sanhoane” repetido outras vezes.

Mas, em 1706, na 1ª edição da “Corografia Portuguesa” do P.e António Carvalho, é freguesia de “Santo André de Medim”, com 80 vizinhos e um vigário confirmado que apresentava ao Bispo do Porto, rendendo quatrocentos mil reis para os frades de S. Domingos. Para, em 1758, nas respostas dadas ao inquérito que nessa época foi feito a todos os párocos do Reino, o Reitor de Santo André de Medim, P.e Manuel Francisco Gonçalves (ou Gomes), nos elucidar: «Medim, por outro nome Sanhuane, hé lugar na Província de Trás os Montes, Bispado do Porto. No secular he da Comarca de Lamego; no foro eclesiástico é da Comarca de Sobre o Tâmega. Freguesia de Santo André do mesmo lugar de Medim (…) tem secenta e cinco vizinhos e noventa pessoas (…) hé do termo do concelho de Penaguião».

Em 1771/1775 foi das freguesias do Alto Douro mais castigadas no âmbito da grande “Devassa”. Aliás o Desembargador que presidiu ao inquérito e a sua equipa, bem como a tropa que os protegia, permaneceram (“fizeram aposentadoria”) em Sanhoane longos meses, onde registaram cerca de 300 depoimentos, todos do concelho de Penaguião.

A igreja Matriz é um dos mais ricos e imponentes templos da Região. A talha de estilo joanino, é no seu todo um conjunto precioso e harmonioso. Evidencie-se a base do altar da capela-mor, em pedra, em unidade de estilo com a talha de madeira.

Sanhoane ainda hoje ostenta várias e imponentes Casas Solarengas, sendo de salientar a Casa da Quinta dos Meio e as Casas da Quinta do Pinheiro. Belo e raro exemplar de estilo barroco é a Capela de S. Pio Mártir que, apesar do seu mau estado de conservação, mantém ainda toda a sua pureza original.

SÃO JOÃO DE LOBRIGOS

Nos documentos do concílio de Lugo, em 569, entre as aldeias (“pagos”) que integravam a Sé Portucalense aparece “Aliobrio”. A mesma localidade onde o P.e João Parente garante que os Visigodos cunharam moeda. Nome que, na opinião do mesmo investigador, se refere a Lobrigos, mesmo quando evoluiu para “Aloifrio”, ou “Aliofrido”, em documentos do século XII, (nomeadamente, em 1116, quando D. Teresa (mãe de Afonso Henriques) trocou uma herdade em Fontelas por «uma vinha que tanto me agradou e que é situada em Aloifrio, no termo Portucalense, sob o monte Marão, por onde corre o rio Sarmenha e o rio Douro…», e, em 1138, na Carta de testamento feita pelo nosso primeiro rei à ermida de Santa Comba nas margens do Corgo, onde é citada uma outra «sancta Columba de alio frido»).

Mais próximo da forma atual e sem sombra de dúvida, em Abril de 1183, D. Afonso Henriques faz carta de doação do reguengo de Lobrigos a Egas Gomes (“de illo regalengo meo quod dicitur Louerigos”).   Em 1210, na carta de Foro do Monte Argemudães, concedida por D. Sancho I, foi dito que esse monte «diudit (divide) cum Louerigos et cum Villa Maior et inde cum Remustruyaz et cum Peso et inde per venam (pelo leito) de Corrago (rio Corgo)…». Em 1258, Lobrigos foi também citado na “Carta de Foro” de Laurentim. Para nas Inquirições do mesmo ano (sob o título «Freeguisia de Sam Johane de Louerigos», bem como nas de 1288 («freguesia de Sam Joham de Louorigos»), integrar o Julgado de Penaguião.

No foral de D. Manuel, aparece o “Titolo de Lobrigos”. Na “Corografia Portuguesa, em 1706, S. João de Lobrigos era uma Abadia do Padroado do Marquês de Arronches, e tinha 200 vizinhos.

Na “apresentação” que os principais lavradores de cima do Douro e homens bons da cidade do Porto, fizeram ao Marquês de Pombal, em 1756, pedindo a criação da Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro foi dito, «que o abade de Lobrigos já tinha largado a sua igreja, por não ter já com que pagasse a pensão dela». O que não deve ter sido verdade, porque o Abade de Lobrigos, Duarte Carlos da Silva Carneiro, uma vez criada a Companhia é um dos seus primeiros acionistas; e dois anos depois, em 1758, afirmando que o rendimento da abadia é de 10.000 cruzados ano, apenas diz que assim é «um ano por outro, excepto em alguns quando se dificulta a saída dos frutos, chegando a render metade».

Efetivamente a Abadia de S. João de Lobrigos, que, nos inícios do século XVIII, renderia três mil e quinhentos cruzados, nos meados do mesmo, com os aumentos da produção de vinho fino e da sua exportação, poderia render dez mil cruzados, como confessou o seu abade, sendo por isso uma das mais ricas e cobiçadas do país. Tanto assim era que, numa relação de proprietários do Douro que tinham nas suas adegas 100 ou mais pipas, em 1770 e no que ao concelho de Penaguião respeitava, o Abade de S. João de Lobrigos, com 366 pipas de vinho fino, era o maior produtor do concelho. O próprio Camilo Castelo Branco, na segunda metade do século XIX e numa das suas novelas – “A Brasileira de Prazins” – ainda se fazia eco dos bons proventos da abadia, quando contou: “… o abade de Lobrigos, tinha liteira, parelha de machos, matilha de cães e hóspedes na sua residência episcopal…».

O maior expoente do património edificado da freguesia é a sua Igreja matriz, cuja fachada principal é constituída por uma robusta torre sineira. O interior é de uma nave com capela-mor. No teto, os caixotões apresentam pinturas de motivos hagiológicos e cristológicos. É um templo maravilhoso profundamente decorado com talha barroca nos altares, no arco triunfal, nas molduras dos caixotões e dos quadros, no coro alto e nos espaldares dos confessionários. Acerca desta Igreja, diz Correia de Azevedo no seu “Património Artístico da Região Duriense”: «Arquitetonicamente a Igreja de Lobrigos apenas difere das outras igrejas do gênero pela sua torre, de remate estilo oriental, formando na base uma galilé. Segundo a inscrição de um túmulo existente na capela-mor, com a data de 1638 e uma outra existente na sacristia – 1728 – esta igreja deve ter sido construída parte no século XVII e parte no século XVIII. O que está bem patente na talha dos retábulos, onde prevalecem os estilos referentes às duas épocas.» A Igreja paroquial de S. João Baptista de Lobrigos foi declarada “imóvel de interesse público”, pelo Decreto 47 508 de 24 de Janeiro de 1967.

Com interesse e valor é também a Capela do Cemitério, onde se pode admirar uma não muito frequente mas antiga representação em imagem da Santíssima Trindade, que no dizer popular é chamada de “Espírito Santo”!… De assinalar ainda, no adro da Igreja Paroquial, um artístico fontenário em granito também do século XVIII, e algumas Casas Solarengas da mesma época, espalhadas pela freguesia.

Carlos Correia Figueiredo Pimentel, nascido em S. João de Lobrigos em 1865, foi Governador Civil do Distrito de Vila Real, de 31 de Agosto de 1918 a 19 de Janeiro de 1919. Senhor da Casa de Vila Maior foi ainda Administrador do concelho de Peso da Régua.

SÃO MIGUEL DE LOBRIGOS

Nos finais do século XII, D. Sancho I desterrou para “Terras de Lobrigos” um rico-homem chamado D. Gomes Gedeom por ter incendiado a igreja de S. Miguel de Borba de Godim, no Julgado de Celorico de Basto, dando-lhe como castigo adicional a missão de no local de desterro edificar uma igreja também dedicada a S. Miguel. D. Gomes Mendes Gedeom, uma vez em Terras de Lobrigos e no cumprimento da pena, deu princípio à edificação da Igreja de S. Miguel: «em quanto fijo a tal Igreja no logo (lugar) que ora jaz (está) fixou cabé (junto) o seu Pendom e non ousou de lidiar…». Na opinião de António Lello estes factos ocorreram por volta de 1185/1188, atendendo ao requerido pelo Bispo do Porto, D. Martinho Pires, antes de 1190, para que a nova Igreja fosse incorporada no seu Bispado, ao qual já pertencia a paróquia de S. João Baptista de Lobrigos.

Em 1258, S. Miguel aparece na Carta de Foro do Reguengo de Laurentim a Egas Gomes: «meum regalengum de Lourentim quod est in termino de Penaguyam sicut diuidit cum Louerigos et cum Sancto Michaele….». E nas Inquirições do mesmo ano é uma das 15 freguesias do Julgado de Penaguião, como “Freeguisia de Sam Miguel de Louerigos”. Já nas Inquirições de 1288, é dita «freguesia de Sam Miguel Dalhourio».

No foral de D. Manuel I (1519) aparece o “Titolo de Sam Miguel”. E de Junho de 1550 a Agosto de 1551, foi cura na igreja de S. Miguel de Lobrigos Guilherme Bro, que ficou célebre por ter sido padre católico e luterano confesso, sendo por isso queimado em auto de fé em 1555.

Na descrição da “Corografia Portuguesa” de 1706, a freguesia de S. Miguel de Lobrigos era apenas um curato anexo à abadia de S. João de Lobrigos, tinha 100 vizinhos (fogos), mas já é referido que no lugar de Santa Marta está «o Tribunal do Concelho com a sua cadeia, sendo este o superior de todos…»

A igreja Paroquial ostenta a era de 1720 sobre a porta principal. É um belo templo, com rica talha dourada da época, que retrata a natureza da região. O teto é formado por caixotões, os da capela-mor decorados com pinturas recentes, os do corpo da igreja com ornamentos em talha. Na arquitetura civil destaque-se, na Vila de Santa Marta, um magnífico Solar do século XVIII: adquirido pelo Município em 1993, foi restaurado alguns anos depois, sendo atualmente os Paços do Concelho.

Frei João de Mansilha (1711-1780), amigo e confessor do Marquês de Pombal, e o grande ideólogo da Demarcação da Região e da criação da Real Companhia das Vinhas do Alto Douro, seu Procurador junto da Corte, Inquisidor-Mor do Reino e Membro do Conselho de Sua Majestade D. José I, nasceu e foi batizado na igreja de S. Miguel de Lobrigos.»

Recolha histórica elaborado por Dr. Artur Vaz
in http://ufls.pt/freguesia/, [Consulta em 9dez2017]