TERRAS DE PENAGOYÃ:

Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?
"

Por Monteiro de Queiroz, 2018

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PENA GUOYÃ


Entre o Marão e o Rio Corgo... Entre Panoias e o Rio Douro... Eis o Reino dos penaguiotas de todas as idades, sexos, latitudes, religiões, cores políticas, bolsas recheadas ou não...

«A explicação da origem do topónimo principal do concelho de Santa Marta de Penaguião está envolta numa lenda curiosa. Segundo a tradição, um cavaleiro francês chamado Guillon mandou queimar a capela de Santa Marta, após o qual a santa lhe apareceu ditando-lhe um castigo: que construísse uma vinha e tratasse dela. Assim o fez o conde, pelo que a localidade passou então a adoptar o nome de Santa Marta de Pena (castigo) Guillon.

Apesar do valor etnográfico da lenda, a origem do topónimo tem, no entanto uma outra interpretação; assim, trata-se de um topónimo composto, cujo primeiro elemento se refere a Santa Marta, hagiotopónimo ligado a uma devoção muito antiga (pré-nacional), e divulgada na Idade Média. Já antes da Nacionalidade o culto era dos mais antigos na Península, sobretudo no Norte. Santa Marta, símbolo do trabalho, é a santa protectora da Região Vinhateira do Douro.
Relativamente ao segundo elemento do topónimo "Penaguião", o seu primeiro termo, "pena", alude a uma fortificação roqueira, sendo que o segundo reflecte um nome pessoal de origem germânica no possessivo em -ani (Gogilani, de Gogila).

A ocupação do território que corresponde ao actual concelho de Santa Marta de Penaguião é bastante remota, como o atestam as várias fortificações castrejas e as referências toponímicas das suas freguesias e lugares. O território do actual concelho de Santa Marta de Penaguião corresponde sensivelmente a metade da "terra", julgado ou pequeno distrito medieval de Penaguião, pelo que é errado pensar-se que se trata da representação da dita terra no presente. A terra de Penaguião era mais vasta e as cumeadas bravias do Marão separavam-na da terra de Baião, embora o mais comum no primeiro tempo da monarquia tenha sido a reunião do governo superior de ambas nas mãos do mesmo rico-homem, "tenens Bayam et Penagoyam", em regra saído da estirpe dos "de Baião". O próprio castelo de Penaguião (defensáculo com possível origem castreja) nem mesmo ficava localizada nos limites do actual concelho, mas sim no acual concelho de Peso da Régua. O defensáculo mais central das populações do território que compõe o actual concelho de Santa Marta de Penaguião, nas épocas ante-históricas e proto-históricas, considerar-se-á aquele a que se refere o topónimo Crestelo (na freguesia de Fontes) decerto na origem de um pequeno castro. Em meados do século XII, algumas das freguesias do actual concelho já se encontravam formadas, como é o caso de Fontes, Lobrigos (S. João Baptista), Cumeeira, Louredo e Medrões. Em meados do século XIII a igreja de Santa Maria de Louredo era do padroado de Paio Soares e de vilãos herdadores; o da de S. João de Lobrigos era de cavaleiros fidalgos (metade pertenceu à coroa até D. Sancho I que a deu a um nobre); a de Santiago de Fontes pertencia a fidalgos; a de S. Salvador de Medrões era de fidalgos e do Mosteiro de Travanca e a de S. Miguel de Lobrigos era de filhos de algo. Em 1202 D. Sancho I concedeu foral a Santa Marta de Penaguião, foral esse que veio a ser confirmado por D. Manuel I, a 15 de Dezembro de 1519. O território que forma o actual concelho estava então integrado na "terra", julgado ou distrito medieval de Penaguião. Apesar de alguns documentos referirem a vida municipal de Santa Marta de Penaguião, foi sem dúvida a criação da Região Demarcada do Douro, em 1756, que mais contribuiu para o desenvolvimento deste concelho. O concelho de Santa Marta de Penaguião foi extinto a 26 de Setembro de 1895 e restaurado a 13 de Janeiro de 1898, tendo, durante a extinção, pertencido ao concelho de Vila Real as freguesias de Fornelos e Louredo e as restantes ao de Peso da Régua.»

in www.portugal.veraki.pt | (Consulta em) 2011

(c) 2008 a 2018 *Eddo Ciro