TERRAS DE PENAGOYÃ:


”Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?"
Por Monteiro de Queiroz, 2018
Carta aberta de um OPC abandonado.
Carta aberta do António, um OPC abandonado em Portugal:
"O António ingressou na Guarda Nacional Republicana, pois desde cedo os seus olhos brilhavam cada vez que via um Guarda na rua, o António respeitava as Forças de Segurança e via-os como heróis.
O António ingressou na Guarda Nacional Republicana, o dia mais feliz da sua vida, pois iria finalmente servir o Povo.
O António assim que jurou dar a sua vida pela pátria ficou colocado a 300KM da sua casa.
O António percebeu que nas suas folgas só iria passear com os seus filhos uma vez por mês, pois as suas folgas são rotativas e só folga um fim de semana mensal.
O António esta semana irá trabalhar das 08-12H e 16-24H no mesmo dia, pois tem de fazer serviços gratificados para compensar o baixo ordenado, volta a entrar às 08-16H, seguido de mais um 08-16H no dia seguinte, descansando somente 8 horas e entra de novo às 00-08h, fazendo mais um gratificado das 09-13H. O António trabalhou 40 Horas em 4 dias.
O António durante o seu primeiro serviço viu um cadáver em decomposição há 1 mês, uma vítima de violência doméstica em estado grave e foi ainda ameaçado de morte por ter de autuar um condutor que ia a conduzir alcoolizado.
O António chega a casa e não pode simplesmente desabafar com a família, pois ninguém merece ver o que ele vê, ninguém merece sofrer o que ele sofre.
O António começou a temer pela sua família e filhos.
O António vê o seu sonho tornar-se um autêntico pesadelo.
O António percebe o motivo da taxa de suicídio na sua profissão ser o dobro da população em geral.
O António não viu os filhos crescerem pois demorou 6 anos a ir para perto da sua casa.
O António acabou por se divorciar, pois o seu casamento desmoronou com a sua ausência.
O António se não abdicasse do tempo com a sua família, no fim do mês levava para casa aproximadamente 1090 €.
O António vale 60€ para o Estado, que é o valor do seu suplemento de risco.
O António jurou morrer se necessário fosse para defender uma família que não a dele.
O António sente-se desvalorizado, desrespeitado, deprimente, sem mais vontade de continuar a servir o povo que jurou defender.
O António faz parte da percentagem de elementos das forças de segurança que pôs fim à sua vida.
O António é uma mera representação da realidade de todos os António’s das Forças de Segurança."
Do Facebook por Toni Santos
[2024.02.06]
Subscrever:
Mensagens (Atom)