TERRAS DE PENAGOYÃ:

Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?
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Por Monteiro de Queiroz, 2018

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Medrões

MEDRÕES UMA FREGUESIA DO DOURO

Em harmonioso convívio entre a serra do Marão e as vinhas do Vale do Douro fica Medrões, uma aldeia de Trás-os-Montes e Alto Douro inserida na primeira região Demarcada do mundo, o Douro. Esta freguesia faz parte do concelho de Santa Marta de Penaguião, da qual dista cerca de 4 quilómetros. 

Medrões possui uma população com cerca de 650 habitantes repartidos por 347 alojamentos onde o número de residentes femininos é superior ao de residentes masculinos. 

O nome Medrões vem do facto de, antigamente, nesta zona, existirem muitos medronhos, então, as pessoas diziam “vamos aos medronhos” com o desenvolver da língua Portuguesa ficou Medrões.

Meios de Subsistência

A população medroense, principalmente a mais idosa, tem como principal meio de subsistência a cultura da vinha, não possuísse esta freguesia condições únicas para esta cultura e estivesse inserida na região do Douro vinhateiro. Outro tipo de cultura agrícola com alguma expressão é a da oliveira.
Um grande impulsionador para o progresso da cultura da vinha na freguesia é sem duvida a Adega Cooperativa de Santa Marta de Penaguião principalmente com a sua delegação em Medrões (Adega de Medrões).

Sendo a vitivinicultura o principal impulsionador da economia, 90% dos agregados familiares dependem desta, existem pela freguesia inúmeras quintas, todas elas viradas para a vinha e o vinho. Exemplos disso são a Quinta do Outeiro e Quinta da casa dos Bicos, as únicas produtoras e engarrafadoras, Quinta da Pedra, Quinta da Aveleira e a Quinta do Noval, todas já bastante antigas mas encontrando-se em bom estado de conservação.

Património Arquitectónico

Em relação ao Património existente em Medrões, podemos dizer que a freguesia é um pouco pobre, a este nível. Contudo, existem alguns monumentos que merecem algum destaque como é o caso da Capela do Senhor do Calvário, originária do séc. XIV e que, durante o séc. XX teve várias utilidades, serviu para habitação, loja de lenha e finalmente passou a capela. Propriedade de privados, passou em 1906 para a diocese. A Capela de Nossa Senhora do Monte é a mais pobre de todas as que existem na freguesia, ficando situada num dos locais mais altos da aldeia, um pouco isolada. A nível de objectos religiosos apenas possui um pequeno altar com a imagem da Nossa Senhora do Monte e de Santa Bárbara e ainda um pequeno quadro, do qual se diz relatar a história de um milagre que terá acontecido. A Capela de São Pedro fica situada junto da estrada que liga Medrões a Santa Marta de Penaguião e ao lado do cemitério. É marcada principalmente pela riqueza do seu interior, possuindo uma talha riquíssima (séc. XVIII). Era nesta capela que se realizavam as cerimónias fúnebres dos padres da região. A Capela de Nossa Senhora dos Remédios também é merecedora de destaque. Situada no cume de um monte da aldeia é, sem dúvida, aquela que possui mais valor sentimental para todos os medroenses. Pensa-se que remonte ao ano de 1741 e, ao nível da sua construção, possui alguns “requintes” já que no seu exterior é possível observar algum granito nos portais, nas pirâmides e nas cruzes situadas no topo da capela. No seu interior existe um riquíssimo altar em talha do séc. XVIII e imagens da Nossa Senhora dos Remédios, Nossa Senhora dos Aflitos, Santa Rita e São Francisco. A Igreja Paroquial encontra-se em excelente estado de conservação. Foi construída numa vinha com cerca de 10km2 que era gerida pelo pároco que estivesse na freguesia e de onde ele tirava o seu sustento. Uma situação que foi alterada aquando da implantação da República onde a vinha passou a ser propriedade do estado que mais tarde a iria pôr em leilão. A Igreja paroquial de Medrões é um templo de grandes dimensões e data da segunda metade do séc. XIX. A parte frontal da igreja mede cerca de 15m de altura ladeada por duas pirâmides, do lado direito do alçado frontal encontra-se a torre sineira com cerca de 23m de altura e um relógio de pesos oferecido pelo antigo dono da quinta do Outeiro Sr. Mateus Logan. 

As fontes de água foram e continuam a ser uma grande riqueza da freguesia. D. João V, no séc. XVIII, mandou construir a Fonte do Rei, o verdadeiro cartão de visita de Medrões. Esta fonte resistiu a muitas intempéries e ainda hoje se encontra em boas condições. Mas Medrões ainda possui outras fontes como por exemplo, a Fonte da Levada, Fonte da Fraga, Fonte da Lombadinha, Fonte de Marão, Fonte do Lavadouro, Fonte do Sobrado e Fonte do Ribeiro.
Instituições Culturais
Quando se fala de cultura em Medrões tem de se falar, obrigatoriamente, no “Grupo cultural os Medroenses”. Fundado em 1990, este grupo (sempre dirigido de uma forma brilhante por Filomena Sequeira) tem sido o grande dinamizador da cultura medroense, sempre na tentativa de divulgar para fora os costumes e características da aldeia mas, também para servir as gentes locais, quer seja na ocupação dos tempos livres, quer seja na execução de eventos culturais na própria freguesia.
Este grupo pode ser dividido em duas vertentes, na escola de música, que ocupa muitos jovens da freguesia e no rancho folclórico que é o que tem mais expressão no exterior.

Gastronomia

Como toda a aldeia transmontana Medrões possui igualmente algumas tradições a nível gastronómico. A Açorda de Medrões, os milhos, a sopa de Castanhas e a sopa de Ramos, são os pratos de destaque desta freguesia.

Lendas

Medrões, como muitas outras terras, também possui algumas lendas. A do Pousadoiro e a das Freguinhas continuam na memória de todos.

Lenda do Pousadoiro

Conta-se que, antigamente, se uma pessoa tivesse o mesmo sonho três vezes seguidas esse se tornava realidade.

Assim, uma rapariga sonhou que no lugar do Pousadoiro havia um caixote com peças de ouro. Mas, para que o sonho se realiza-se tinha de ir ao lugar sozinha e de noite. Então, uma noite, essa tal rapariga foi ao lugar e desenterrou o caixote com o ouro.

Supõe-se que o ouro encontrado tenha sido escondido pelos Mouros quando cá estiveram.

Lenda das Freguinhas

Contava-se que, há muitos e muitos anos, um homem bastante pobre teve um sonho durante três noites seguidas.

Esse sonho referia-se a um sino de ouro escondido dentro de uma mina no lugar das Freguinhas. 
A pessoa que tivesse este tipo de sonhos tinha de ir ao lugar sozinhas caso contrário o sonho não se realizaria. O homem assim fez, no local sonhado encontrou um sino de ouro, como alegria da realização do sonho, disse a seguinte frase: “ai que lindo sininho e o badalo é para a minha Teresa.”

in https://www.facebook.com/medroes/posts/636116186422506?pnref=story (7 de Setembro de 2013), [Consulta em 9dez2017]