TERRAS DE PENAGOYÃ:

Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?
"

Por Monteiro de Queiroz, 2018

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Conhecer Baião | Castelo de Matos

"No topo da serra do Castelo, fronteira à da Aboboreira, havia na Idade Média o antigo Castelo de Penalva (no alto que se designa hoje por Castelo de Matos), da família nobre de Baião, que topograficamente dominava a Terra de Baião.

Foram encontrados vestígios de um castelo de madeira dos meados do século XI (cuja construção se procura explicar mais adiante) e, na orla do cume, de uma muralha em pedra que rodeava um habitat (século XI-XII). Foram também lá encontradas uma espora de um cavaleiro medieval e várias pontas de tiro ao arco.

Sabe-se, contudo, hoje que a ocupação desse espaço terá sido ainda mais anterior. Com efeito, trabalhos arqueológicos realizados entre 1982 e 1986 permitiram obter mais conhecimento sobre esta área. Verificou-se assim que, a uma mais recente ocupação Medieval, antecedeu-lhe uma importante ocupação do Bronze Final. Esta ocupação assume papel preponderante quer pela sua implantação quer pelos itens encontrados, raros no Norte de Portugal.

São comuns os casos de reutilização de castros e outros espaços habitados em períodos posteriores, ao longo da Alta Idade Média e da Baixa Idade Média. Desde logo, porque esses locais continuavam a manter a sua importância estratégica defensiva (a sua posição, em zonas montanhosas, permitia uma visão alargada do território envolvente e dificultava eventuais ataques). Além do mais, nas áreas dos velhos castros, as populações da Idade Média encontravam um terreno já previamente preparado com “desaterros e linhas de muralha e … abundância de pedra talhada disponível para novas edificações” (BARROCA, 1985, p. 5).

De acordo com Dinis (1991), o cume a que nos referimos trata-se de uma elevação cónica com vertentes íngremes e paralelas à Serra da Aboboreira separando-se desta pelo vale do rio Ovil. Nesta zona o solo é eminentemente pobre o que suporta a sucessiva ocupação do espaço mais de cariz defensivo e menos de cariz agrícola.

O estudo efetuado permitiu compreender que, não obstante, o remeximento e aplanamento ocorrido por altura da Idade Média, a ocupação da Idade do Bronze deveria ser importante já que, para além da cerâmica encontrada (mais de dois milhares de fragmentos), se acharam diversos fragmentos de moldes em argila, duas pontas de seta, uma pequena faca e uma conta em âmbar (raríssima no contexto arqueológico do Norte de Portugal). Uma datação por C14 permitiu datar os artefactos encontrados de início do séc. VIII.

A intensificação do processo de Reconquista Cristã que ocorre no século XI leva a uma reforma na organização do território. Até então, as regiões do atual território português sob domínio cristão estavam divididas em extensas áreas geográficas: os territoria (territórios) de Braga, Portucale e Coimbra e as civitates de Anegia (Eja – Entre-os-Rios) e Santa Maria (que defendiam as duas margens do Douro desde a região de Baião até ao litoral). No entanto, foi necessário criar novas áreas mais reduzidas, as terras, que seriam entregues a nobres locais (infanções). Como exemplo dessas novas terras podemos indicar: Alvarenga, Aguiar de Sousa, Arouca, Baião, Condeixa, Gestaçô, Lamego, Montemor-o-Velho, Panoias (Vila Real), Penafiel e Seia, entre outras.

Precisamente nessa altura foi, portanto, criada a Terra de Baião. Esse território era, grosso modo, limitado pelos seguintes cursos de água: rio Galinha e a ribeira de Roupeira, a oeste; rio Teixeira, a este; rio Ovelha, a norte; rio Douro, a sul. Um documento de 1066 (diploma DC451 dos Portugaliae Monumenta Historica) permite identificar já as seguintes povoações:
a)villa maskinata – Mesquinhata;
b)villarelio – Vilarelho (Ovil);
c)villa prato – Prado (Campelo);
d)villa pausata – Pousada (Gove);
e)villacova – Vila Cova (Gove);
f)villa ovil – Ovil.

De acordo com o mesmo documento, a povoação de Ovil encontrava-se “subtus penna alba”, ou seja, junto ao Castelo de Penalva (Castelo de Matos).

Cerca de 200 anos mais tarde, em 1258, as Inquirições mandadas fazer pelo rei D. Afonso III designam esse castelo como “castelli de Bayam”, em cujas redondezas se situava a “villa de Matis” (Matos). Assim, segundo Barroca (1985), “Castelo de Matos foi, desde meados do século XI, a cabeça da Terra de Baião.”

Como podemos ver, a construção do Castelo de Matos ocorreu na mesma época em que a Terra de Baião foi criada. Os achados arqueológicos revelam-nos um dado interessante: embora nos finais do século XI ou nos inícios do século XII já estivesse erguido um castelo de pedra, antes desse houve um castelo de madeira, que foi consumido pelo fogo. A que se ficou a dever a construção de um castelo de madeira em Baião, que Barroca (1990/91, pp. 118-119) considera “como único caso seguro de uma estrutura castelar mediévica erguida em madeira no território português”.

A construção de um castelo na Terra de Baião era uma emergência. Não só a sua existência era fundamental para defender o território e as populações, como era importante para sublinhar a importância dos senhores de Baião. Tendo sido uma construção urgente, foi necessário recorrer aos materiais que fossem fáceis e baratos de obter e fáceis de trabalhar e transportar. Por esses motivos se escolheu a madeira, que permitiu construir o castelo mais rapidamente e usando a mão-de-obra local. Estabelecido o território e garantido o poder dos senhores de Baião, foi então possível abandonar a estrutura de madeira (talvez tenha sido queimada propositadamente ou pode ter sido destruída num conflito) e construir o castelo de pedra.

Para um maior aprofundamento de conhecimentos sobre o local, não deixe de visitar o Museu Municipal de Baião.

Contactos:
Museu Municipal de Baião
Telefone: + 351 255 540 550
Fax: + 351 255 540 510v


Bibliografia:
BARROCA (Mário Jorge)
1985 – Notas sobre a ocupação medieval em Baião. Separata da revista “Arqueologia” nº 10. Porto.
1990/91 – Do Castelo da Reconquista ao Castelo Românico. (Séc. IX a XII). Separata da revista “Portugália”, Nova Série – Volume XI-XII. Porto, Instituto de Arqueologia da FLUP.
2003 – “Arquitectura Militar” in Manuel Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira (Direção), Nova História Militar de Portugal, volume1 (coordenado por José Mattoso), Lisboa, Círculo de Leitores, pp. 95-121."


in http://www.agrupamento-vale-ovil.edu.pt/turismo/Do_silencio_aos_sabores_da_Terra/Castelo_de_Matos.html

Cinco clãs fundadores de Portugal

«cinco clãs fundadores de Portugal»
in Genealogia Das Famílias Moreira Maia e Ferreira dos Reis, por Maria das Graças Maciel Reis e Maria Salomé Reis Alves de Lima, 2014, página 28

«hegemonia política das já referidas cinco linhagens – dos senhores de Sousa, da Maia, de Ribadouro, de Baião e de Bragança – que tinham prevalecido sem rival na corte do conde D. Henrique.»
de https://nationalgeographic.sapo.pt/historia/grandes-reportagens/953-afonso-henriques

«A linhagem dos senhores de Baião é anterior à fundação de Portugal. Quando os livros aqui citados referem 1º, 2º, 3º, etc, entenda-se, nesta família e por mercê do rei D. João I, uma vez que não há como numerar com exactidão os senhores de Baião que os precederam, descendentes dos godos.» 
de http://geneall.net/pt/forum/59/senhores-de-baiao/