TERRAS DE PENAGOYÃ:

Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?
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Por Monteiro de Queiroz, 2018

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Aliobrio

Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas
de A. de Almeida Fernandes
AROUCA
1997
pág. 75 e 76

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III
PARÓQUIAS PORTUCALENSES
AS ECCLESIAE

1. Portucale: Porto.

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OS “PAGI”

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20. Aliobrio (f. Cidadelhe, c. Mesão Frio). Este nome, como já sabemos, é um dos que provam mais à evidência a falsidade da tese do desaparecimento da toponímia paroecitana e numária com a conquista muçulmana e a Reconquista. O local ainda do séc. IX para o X tinha bastante importância, 176 e o nome desapareceu já depois do séc. XII.177

Em 1116, diz-se que os lugares de Seixido e Fontelas de Baixo, partindo com Fontelas de Cima, Godim e Oliveira, tinham como estes, «jacentia in Aloifrio… discurente ribulo Sarmenia et flumine Doyro»,178 do que se vê que o território de Aliovirio era cortado pelo pequeno rio Sermanha (zona comum aos atuais concelhos de Peso da Régua e Mesão Frio). Outro documento da ocasião refere-se à portagem do Douro, desde o «porto» ou passagem de Aliobrio até à foz: «de portu de Aliovirio». 179 Não significa, evidentemente, que a povoação estivesse mesmo à beira do rio, ao que nem a topografia convém, tratando-se de povoado notável, de que de resto, não há aí, ao contrário do que se esperaria, o mínimo indício. A passagem do Douro aí chamava-s «de Aliovirio» por servir esta povoação ou o território deste nome, que no Douro limitava. Por isso mesmo estava depois aqui uma das três passagens mais importantes do Douro hoje português, sendo o «Porto de Alva» (Barca de Alva) a do extremo oriental, e o «Porto do Douro» (hoje Porto) a do final.

Em 970, citam-se «terras que jacent usque in muro qui (que) divident per villa de Civitatelia… usque Sarmenia»,180 isto é, desde «o muro» até ao Sermanda. Esse muro (com bem mais notável importância há mil anos) deve ser o do monte sobre a Cidadelha (tanto mais que essas «terras» limitavam por ele e iam «per lombo», pelas elevações até ao pequeno rio), e dele ainda no séc. XIX se dizia tratar-se de «ruínas de uma antiga povoação, cujos muros ainda em parte estão levantados», com uns três metros de altura. 181

Para nós, trata-se da velha civitas Aliovirio, a qual, decaindo, originou, perto, uma outra, mais pequena, uma civitaticula, origem de nome Cidadelha (Cividadelha); e o «porto de Aliovirio» é Moledo, passagem ainda importante e famosa nos inícios nacionais, onde precisamente atravessava o Douro a via militar romana de Bracara aos Transcudani, etc., por Lameco.182

176 Ainda em 911 «facta est congregatio magna in locum predictum Aliobrio» (Ordonho II e s seus grandes): L. Fidei, nº 19.
177 Cerca de 1250, «homines de Alovrio»: Prof. Avelino Costa, O Bispo D. Pedro, I p. 159. Reparo que se acha nos PMH Inquis., p. 1227, mas tudo me está a sugerir que se trata de deturpação de Lovrigo (Loverigos), hoje Lobrigos: o texto respeita à sua zona, precisamente, o que diz tudo, em meu ver, tanto mais que em “Alovrio” se trata do c. Marta de Penaguião (com zona de Mesão Frio longe daí, sendo a de C. Mesão Frio indubitável para Alibrio: ver a nota 178).
178 DMP, Doc. Rég. I, nº 45. Nele se leu Santanelas em vez de Fontanelas, sem a menor dúvida.
179 PMH Dipl et Chart., nº 25 (pretensamente do séc. X).
180 PMH Dipl et Chart., nº 101.
181 P. Leal, Port. Ant. E Mod., 11 (1874), p. 299. Ver as notas arqueológicas na cit. Enciclopédia, VI. P. 752 (sem fazer qualquer evocação a Aliobrio). Esta povoação devia já estar decaída antes da nacionalidade. Nada, pois, indica que a «congregatio magna» de 911 não fosse na própria Civitatelia, sua substituta, sendo já Aliobrio um corónimo (nome de território), como depois nos aparece, nomeadamente no documento de 1116, onde esse carater coronímico é flagrante.
182 PMH Inquis., pp. 1004-1005; TT Chancelaria de D. Dinis, L. 2, fl. 108v-109; Viterbo, Elucidário, s. v. Caria. Não significa que em tempo de D. Teresa se chamasse já Moledo ao passo. (passo no original)

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in http://helenafactome.blogspot.pt, [Consultado em 12dez2017]