3.1. O QUE É UMA QUINTA NO DOURO?
Apesar de controverso refere-se que o aparecimento do termo “quinta” surgiu na Idade Média, quando
as terras eram entregues pela Coroa aos agricultores a troco de uma renda ou de um tributo de um
quinto da sua produção, uma quinta parte [2]. Outros autores defendem que “o vocábulo quinta
procede do português arcaico quintã que, segundo Alberto Sampaio, juntamente com outras formas de
propriedade, como o casal, derivou da desagregação da villa romana, sendo composta por habitações,
pomares, terras, soutos, vinhas, etc. Uma hipótese proposta por este autor aponta para que quintã possa
proceder da divisão romana em Cardo/Decumanus, sendo esta a quinta parcela. Este tipo de divisão
pode ter sido aplicado à villa resultando a quinta de uma forma de agrimensura agrária”[5]. O termo
“casal” trata-se de um prédio rústico não nobre e com tamanho inferior à quinta. A origem desta
palavra está associada à casa isolada do trabalhador romano (casarii) [5].
Atualmente, a palavra “quinta” sugere que se trate de uma casa de campo mas no, contexto do Douro,
uma quinta é uma área de terreno que tanto pode ser uma modesta parcela como uma extensa
propriedade, podendo ter, ou não, casa de habitação.
De acordo com os registos de atribuição de quotas de produção de vinho do Porto de 1989
(denominado benefício), 66,4% dessas vinhas têm menos de 0,5 ha e só 0,4% tem mais de 10 ha [2].
Estamos perante um espectro alargado, desde pequenas parcelas de terra, pequenas propriedades sem
casa de habitação, propriedades de maior dimensão com prédios rústicos de maior porte até às grandes
propriedades com edifícios imponentes, não havendo nenhuma definição consensual do que é uma
quinta.
Até ao século XVIII as quintas do Douro eram propriedades arrendadas às ordens monásticas, como
por exemplo a Quinta do Monsul e a Quinta dos Frades, que pertenciam ao Mosteiro de Santa Maria
de Salzedas; a Quinta do Mosteiro e a Quinta do Convento de São Pedro das Águias, que pertenciam
ao Mosteiro de São João de Tarouca; a Quinta da Igreja, que pertenceu até 1543 ao Mosteiro da Madre
de Deus, de Monchique, no Algarve, entre outras. Outras quintas foram construídas em terrenos
inicialmente arrendados a mosteiros, como a Quinta de Roriz e a Quinta da Eira Velha. Há também
algumas propriedades senhoriais ou de famílias importantes, como a Quinta do Côtto e a Quinta de
Nápoles, respetivamente.
Até ao referido século as culturas principais eram os cereais e não a vinha. Os pequenos lavradores
viviam da agricultura de subsistência e para produzir vinho juntavam as produções e utilizavam um
lagar comum.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[2] Liddell, Alex; Price, Janet, Douro: As quintas do Vinho do Porto. Quetzal Editores, Lisboa, 1995,
ISBN 972-564-123-X
[5] Frauvelle, Natália, Quintas no Douro: as arquitecturas do vinho do Porto. FLUP, Porto, 1999
(...)
in (doc pdf) CASAS DE QUINTA NO DOURO – PROPOSTA PARA UM MANUAL DE INTERVENÇÃO
MARIA CAROLINA GUEDES OSÓRIO AGUIAR DE PINHO
Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES
Orientador: Prof. Dr. José Manuel Marques Amorim de Araújo Faria
JANEIRO DE 2012
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2011/2012
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
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TERRAS DE PENAGOYÃ:


”Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?"
Por Monteiro de Queiroz, 2018