TERRAS DE PENAGOYÃ:

Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?
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Por Monteiro de Queiroz, 2018

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Vias Romanas no Douro

Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Vila Marim - Cidadelhe (Aliobriga?) - Lamego (Lamecum?)/ Peso da Régua


Um outro eixo viário N-S partindo de Chaves seguia pelo alto da serra a poente da depressão Verín - Régua rumo também ao rio Douro; dois miliários logo à saída de Chaves (Campo da Roda e Outeiro Jusão) que apesar de estarem deslocados da sua posição original poderiam assinalar esta via que seguia por Vidago rumo à Ponte da Ola onde cruzava o rio Avelames, continuando por Cabanas (onde deveria existir uma mutatio), continuando por alturas da serra rumo a Vila Marim, onde se achou um miliário, continuando provavelmente rumo às travessias do Douro em Peso da Régua e Cidadelhe, onde há notícia de outro miliário. Esta última travessia poderia ser feita nas Caldas de Moledo, onde há vestígios romanos associados a um vicus e provável mutatio de apoio a esta passagem do rio que durante a Alta Idade Média disponha de barca e albergaria que deverá corresponder ao «portu de aliovirio» citado num documento do ano 922 (Lima, 2008; Batata et al., 2008).
Chaves (depois de atravessar a Ponte de Trajano, rumava a sul cruzando a ribeira do Caneiro; na Qta. do Caneiro apareceu o miliário do «Campo da Roda», hoje desaparecido, talvez dedicado a Constantino Magno)
Outeiro Jusão (miliário anepígrafo numa casa derrubada da aldeia; ara aos Lares Tarmucenbaecis Ceceaecisara dedicada a Ísis no MRF e estela funerária de Daphnus talvez provenientes da villa da Qta. do Pinheirovide términos dos Praen e Coroq achados neste local; a via seguia talvez por Pereira de Veiga e Vila Nova de Veiga pelo Alto da Conceição, Alto do Turigo e Parada onde apareceu uma ara a Baco)
S. Pedro de Agostém (ara aos Lari Erredici na igreja; a via segue talvez por Fonte Fria e junto do castro romanizado do Alto do Castro/Monte de Sta. Bárbara e do respectivo habitat romano da Fonte do Mouro; inscrição a Laribus Pindeneticis em Selhariz)
Pereira do Selão, Vilas Boas (segue pela rua da Paz e campo de futebol e pelos topónimos viários Carquejo, Corgo e Alto da Portela)
Vidago (castrotermas romanas em Salus, divindade que designa saúde, onde apareceu uma incrição referindo Aqua Flaviae; a via cruzava a ribeira da Oura junto a Vidago ou mais a jusante numa ponte hoje arruinada na EM549, próximo do sítio romano de Couces local, ascendendo depois ao planalto da Serra de Oura, continuando pelo Alto do Baldio, junto da Qta. do Marco, Alto do Miradouro e aldeia de Vilela, passando assim a nascente do castro romanizado do Monte do Castelo em Capeludos, sobrancerio ao Tâmega, onde apareceu uma estátua de guerreiro; inscrição aos lares gegeiquis na igreja paroquial de Arcossó)
Bragado (cruza o rio Avelames na Ponte Romana?-Medieval da Ola, e sobe a encosta pelo Parque de Lazer)
Pensalvos (cruza a ribeira da Azenha e segue pela rua do Cabo, Igreja e rua do Calvário)
Cabanas (possível mutatio no sítio da Castanheira/Reguenga, a 150 m do campo de futebol, onde apareceu um tesouro monetário; cruza a aldeia pelo Largo da Capela e Largo do Outeiro e continua pelo CM1155 junto dos topónimos viários Portela e Pipa, seguindo pelo planalto da Serra do Alvão)
Afonsim (a nascente pelo CM1155 e EM555 por Alto de Couces e Praina dos Molhadinhos)
Paredes do Alvão (continua a nascente pelo CM1153 por Colonos de Paredes, Alto do Porto da Lage/Alto da Chã da Fonte, Colónia de Baixo e Povoação)
Gouvães da Serra (continua por Lages das Portas e Cadouço, topónimos viários, Alto da Sombra, Alto dos Merouços e Alto da Meroucinha, servindo de linha divisória entre os concelhos de Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar, continua pelo Alto dos Fornos, Alto do Seixinhal e Alto das Caravelas, onde inicia a descida da serra até entroncar na EM313 junto da Barragem Cimeira a sul de Lamas de Olo, seguindo por esta estrada pelo Alto das Muas, descendo depois pelo caminho carreteiro por Alto da Queimada e Negral)
Agarez (tesouro monetário; segue o CM1219 por Carvelas, Laje e Barroca)
Vila Marim (mutatio; miliário anepígrafo tombado numa horta junto da Capela de Ns. da Paz; tesouro monetário junto do Outeiro das Pombas, local da Villa Marinis, mencionada em escritos medievais)
Travessia do ribeiro da Marinheira (junto da Torre de Quintela?)
Mondrões (segue algures a poente de Vila Real)
Travessia do rio Sordo (tesouro monetário em Penedo Redondo)
Torgueda (seguia talvez por Fonte Seca, Vendas de Cima e Moçães, conflui na EN1244 e segue para Arnadelo, rua da Carreira, passando junto do povoado do Alto do Castelo, no outeiro da Capela da Sra. dos Remédios, e mais adiante nos sítios romanos do Rodelo e Veiga, junto do campo de futebol na EM1244-1)
Cumieira (provável vicus no lugar do Assento, com vestígios em torno do Monte de Sta. Bárbara, Ranha, Fossa e Ladário, onde terá aparecido uma ara a Júpiter (Colmenero, 1997); não é claro se a via passava em Cumieira ou se descia por Pomarelhos pela Costa da Veiga, onde existiu calçada, para cruzar a ribeira de Aguilhão na base do povoado fortificado do Monte Maninho junto da Qta. de Valflores e do sítio romano de Cabanelas na outra margem)
Fontes («Castro de Fontes» ou «Castelo dos Mouros», povoado fortificado na colina da Pena Aguda onde hoje existe a Capela de São Pedro de Fontes; aqui apareceu uma ara dedicada à divindade Auge; sítio romano de Cabanelas; forno romano junto da Ponte da Arcadela sobre a ribeira de Aguilhão em Fornelos; Qta. da Carreirola, topónimo viário)
  • Ligação a Cidadelhe: um outro ramal seguia para Cidadelhe (onde há notícia de um miliário) rumo à travessia do rio Douro no «portu de aliovirio», mencionado num documento do ano 922 (PMH DC 25) que poderá corresponder ao porto de Caldas de Modelo, onde há vestígios romanos (Lima, 2008). Partindo de Fontes seguia até ao sítio de Fronteira, onde tomava o caminho pelos altos da Sra. do Monte e da Sra. dos Remédios em Mouramorta, continuando por Cimo de Vila e Pedreira até à Ponte Medieval de Cavalar sobre o rio Sermanha/Soromenha em Nostim, rumando daqui a Cidadelhe (castro romanizado, possivelmente designado por Aliobriga em época romana).
  • No hoje desconhecido «Lugar do Marco» Russel Cortez identificou um miliário a Numeriano entretanto desaparecido com o numeral IIXX na última linha, podendo por isso indicar a milha 18; o ponto inicial da contagem da milhas é desconhecido, mas é de assinalar que esta é aproximadamente a distância ao miliário de Vila Marim
  • Num documento do ano 970, há referência a uma antiga carreira servindo como linha divisória de propriedades em Nostim que poderá corresponder à via romana rumo ao Douro; «per carrale antiquo usque ubi diuidet cum uilla de lombadella et cum uilla de nausti usque in sarmenia» (PMH DC 101).
  • Travessia do Rio Douro rumo a Lamego: existem dois pontos de passagem do rio separados pelo rio Sermanha; de Cidadelhe poderia descer à Qta. do Barco, sugestivo topónimo ou em alternativa desviava antes de Cidadelhe, em Nostim, e seguia por Portela, Oliveira e Bamba até Caldas de Moledo, onde cruzava o rio para o porto fluvial Penajóia e daqui ascendia a encosta por Pousada, S. Gião, Penajóia e Avões de Lá, onde entronca na via proveniente de Porto de Rei rumo a Lamego.
  • Ligação a Peso da Régua: a via poderia bifurcar junto do Castro de Fontes, seguindo rumo a Peso da Régua para cruzar o rio Douro; a via seguia por Santa Marta de Penaguião, onde cruza a ribeira de Fontes, continua por Encambalados de Cima e pelo caminho próximo da Capela da Ns. da Guia em Lobrigos, continua paralela à EN2 por Outeiro, Casaria, reúne com a EN2 e pouco depois desvia novamente desta na Capela de S. Gonçalo e toma o caminho pela Capela da Sra. da Graça, continua pela cumeada das Qtas. de Romarigo e Campanhã, descendo depois ao Douro pelo caminho entre-muros marginando uma adega e que segue depois paralelo à rua Major Xavier Vaz Osório, cortado pela EN2, continuando pela rua da Qta. de S. Domingos até à linha férrea e daqui ao cais do Douro. (vide continuação da via no Itinerário Peso da Régua - Marialva).

Fonte: 
www.viasromanas.pt, consulta efectuada em 25.08.2017