O DIASSISTEMA “GALEGO E PORTUGUÊS” [1ª ACTUALIZAÇÃO]
O galego e o português “nasceram” na Galécia
(Nota: coloca-se uma questão no final do artigo.)
O galego e o português não nasceram na Galiça nem em Portugal. Ambos evoluíram de um tronco comum “linguístico” que evoluiu do "latim vulgar" falado na ancestral Galécia romano-sueva-visigoda - com capital e centro irradiador social, religioso, político, económico e cultural sediados na antiga "Bracara Augusta" - sede do antigo “Convento Bracarense”, a actual Cidade de Braga fundada pelos romanos por volta do ano 16 a.C. e assim nomeada em honra do Imperador César Augusto.
Por sua vez esse latim “galeciano” tinha evoluído do "latim vulgar luso-galaico", latim vulgar esse que subiu lentamente, com a conquista romana, do sul peninsular através da Bética até ao noroeste peninsular. Durante essa longa viagem de séculos para norte e para este, o latim foi-se adaptando às montanhas e aos seus habitantes, os povos da montanha e dos castros.
Quando a Galiça e Portugal, conforme os conceptualizamos hoje se formaram posteriormente, transformando geopoliticamente a antiga Galécia na Galiça e em Portugal, não esquecendo as Astúrias e Leão, a “linguagē” falada a norte do Minho foi lentamente e por séculos sufocada pelo castelão e a do sul super influenciada pelas linguagens meridionais lusitano-latino-arabizadas e, mais recentemente, desde os séculos XV/XVI, pelas linguagens de além-mar ameríndias, africanas e asiáticas.
Apesar de longos séculos de separação e de evolução diferentes, o galego e o português não deixaram de demonstrar a sua identidade comum, formando um diassistema a exemplo de outros, como por exemplo, o asturo-leonês e o mirandês, o búlgaro e o macedônio, o catalão-valenciano e o occitano, o dinamarquês e o norueguês, o neerlandês e o flamengo, o romeno e o moldávio, o sérvio e croata, o tcheco e o eslovaco, entre outros.
Por Monteiro deQueiroz
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Noção de DIASSISTEMA
“Um diassistema é um termo da dialetologia que define um sistema virtual que existe na base estrutural de duas ou mais línguas com alto grau de inteligibilidade mútua. As razões para a existência dos diassistemas são múltiplas; normalmente a consideração como línguas separadas é derivada dum desenvolvimento histórico e cultural diferente a partir de um determinado momento histórico. As diferenças podem afetar o léxico, tal qual ocorre entre o occitano e o catalão devido à influência respectiva do francês e do castelhano. [1]
Também existem casos nos quais a maior diferença ocorre no sistema de escrita empregado, caso do hindi, que utiliza o devanágari, e o urdu, que emprega o alfabeto árabe, embora ambas as línguas sejam mutuamente inteligíveis. Em outros casos, os fatores legais e políticos os consideram línguas diferentes a legislação existente estabelece uma diferença entre dialetos apesar de não existirem barreiras reais de compreensão entre essas variedades linguísticas, nem na sua fonética, escrita ou léxico, como ocorre no caso do romeno e o moldavo. A determinação de um diassistema permite reduzir dificuldades na identificação de fronteiras lingüísticas e na explicação de fenômenos dialetais.”
Referência:
[1] Trask (1996) : 112, via [https://pt.wikipedia.org/wiki/Diassistema]
Bibliografia:
Trask, Robert L. (1996). A Dictionary of Phonetics and Phonology. London: Routledge
Retirado da Wikipédia, [https://pt.wikipedia.org/wiki/Diassistema], [r.2025.01.04 - #porMdQ]
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SISTEMA LINGUÍSTICO HISTÓRICO
“O sistema linguístico histórico galego-português ou sistema linguístico galego-luso-brasileiro, é um diassistema formado por conjunto de variedades linguísticas derivadas do galego-português medieval.”
Notas:
[1] Henrique Monteagudo, Variación e cambio no sistema lingüístico histórico galego-portugués, ILG.
[2] Henrique Monteagudo, Sobre a polémica da Normativa do Galego, Grial, número 107, páxinas 293-313
Retirado da Wikipédia, [https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_linguístico_histórico_galego-português], [r.2025.01.05 - #porMdQ]
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INTELIGIBILIDADE MÚTUA
“Facilidade de compreensão entre idiomas
Em linguística, a inteligibilidade mútua ou intercompreensão é a relação entre os idiomas em que os falantes de línguas diferentes, mas relacionadas, podem compreender uns aos outros com relativa facilidade, sem estudos intencionais ou esforços extraordinários. Às vezes, é usada como um critério para distinguir línguas de dialetos, embora os fatores sociolinguísticos também sejam importantes.
A inteligibilidade entre línguas pode ser assimétrica, quando o falante de um idioma entende os falantes de outro, mas sem que ocorra o inverso. É quando ela é relativamente simétrica que é caracterizada como "mútua". Ela existe em diferentes graus entre muitas línguas aparentadas ou geograficamente próximas do mundo, muitas vezes no contexto de uma continuidade dialetal.”
Retirado da Wikipédia
Ver +++ em [https://pt.wikipedia.org/wiki/Inteligibilidade_mútua], [r.2025.01.05 - #porMdQ]
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QUESTÃO QUE SE COLOCA
Pelo seguinte, e tendo em conta o conceito de “diassistema” e os diferentes exemplos possíveis, sendo nos níveis fonético, escrito ou lexical, coloca-se a seguinte questão:
No caso da progressão castelanizante do galego continuar - que é o previsto, infelizmente, por acção maligna das instituições competentes e oficiais, o galego deixará a longo prazo de pertencer ao DIASSISTEMA GALEGO-PORTUGUÊS?
por Monteiro deQueiroz, 2024.01.04
[http://docsdequeiroz.blogspot.com/2025/01/o-galego-e-o-portugues-nasceram-na.html]
#DiassistemaGalegoPortuguês