TERRAS DE PENAGOYÃ:

Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?
"

Por Monteiro de Queiroz, 2018

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Couto

Couto
Carta de couto, uma declaração de doação de propriedade.

Couto (do latim cautum; cotum, coto, couto e coito) definia, no século IX, um lugar imune. O termo também era utilizado como ordenação, multa, apreensão de bens, protecção, limite e marco.

As doações de couto, frequentes entre os séculos IX e XIII, como expressão senhorial, implicavam o privilégio da proibição de entrada de funcionários régios (juízes, meirinhos, mordomos etc.) na terra coutada. Definia-se oficialmente, no reinado de D. Dinis, o acto de coutar uma terra como escusar os seus moradores da hoste e do fossado, do foro e de toda a peita, ou seja, imunidade perante os impostos e justiça reais. As cartas de couto podiam ser concedidas pelo Rei (como recompensa de serviços ou por necessidade de povoamento) a nobres ou eclesiásticos e pelos senhores da terra ou pela Igreja, dentro dos seus domínios.

Desde o início do século XIII, são tomadas medidas de repressão dos abusos que existiam nos coutos. A legislação do século XV reduziu-os, praticamente, aos coutos dos homiziados, ao lado das coutadas, que continuaram como último vestígio dos privilégios senhoriais.

Os coutos de homiziados constituíam-se em terras a que poderiam acolher-se, libertando-se das penas em que tivessem incorrido, quaisquer criminosos, salvo os incriminados por aleive (traição).

Uma lei de 1433 excluía do direito de asilo nos coutos os crimes de traição, heresia, sodomia, homicídio e furto público. Note-se que as Ordenações Manuelinas excluíram dos coutos os moedeiros falsos, os falsários de escrituras e os que atacassem os oficiais da justiça.

Com as conquistas ultramarinas, as praças de Marrocos, a costa de África e o Brasil converteram-se em autênticos coutos de homiziados, sujeitos à legislação da Metrópole.

Todos os coutos foram extintos por lei de 1692, embora só acabando definitivamente em 1790.

in Wikipédia, a Enciclopédia Livre; www/pt.wikipedia.org/wiki/Couto; [Consulta em 30out2017]

Portugal antigo e moderno: diccionario geographico...



Portugal antigo e moderno : Diccionario Geographico, Estatistico, Chorografico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias. Se estas são notaveis, por serem patria d’homens celebres, por batalhas ou noutros factos importantes que nellas tiveram logar, por serem solares de familias nobres, ou  por monumentos de qualquer natureza, alli existentes. Noticia de muitas cidades e outras povoações da Lusitania de que apenas restam vestígios ou somente a tradição.
Pinho Leal, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de


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VolumeÍndice por Letra
1A-BUS
2C-DUU
3EBU-JUV
4LAB-LUZ
5MAÇ-MUX
6N-PEZ
VolumeÍndice por Letra
7PHE-PUS
8QUA-SAN
9SAO-TYU
10UCA-VIE
11VIL-VIL
12VIM-ZUR
in https://genealogiafb.blogspot.pt/2015/02/portugal-antigo-e-moderno-diccionario_27.html

São Miguel vs Endovélico

«De acordo com o Cristianismo, foi o arcanjo São Miguel que expulsou Satanás do Paraíso. Ora, o culto a Endovélico foi transformado precisamente no culto a São Miguel, que, segundo a lenda, interveio directamente em auxílio de D. Afonso Henriques nas batalhas contra os almóadas berberes da quinta dinastia moura. Depois da tomada de Santarém aos muçulmanos, D. Afonso Henriques terá criado a Ordem Equestre e Militar de São Miguel da Ala em 1147, que ficou sobre as ordens dos Templários, e São Miguel de Arcanjo tornou-se no primeiro padroeiro de Portugal. O autor José Leite de Vasconcelos afirma, no seu livro "Religiões da Lusitânia Vol. II", que o Endovélico adoptou a forma de São Miguel face à impossibilidade de ser convertido no único e verdadeiro Deus: "Sabe-se que os Christãos dos primeiros tempos olhavam aquelle santo como um dos génios tutelares da medicina, e é pois natural que a designação de S. Miguel succedesse à de Endovellico". »

 in http://bloguedofirehead.blogspot.pt/2014/11/ai-o-endovelico-e-que-e-o-nosso-deus.html [em 26out2017]

Endovélico

E, como não podia deixar de sêr , os Lusitânos/Portuguêses não O esquecêram, do Tanto que Lhe devem , dêsde os tempos da sua  História Ancestral  até  Hôje …

Endovélico e/ou Andovélico - ENDOVÉLICO (ENDOVELLICO, INDOVELLICUS) – O Dêus mais importante da Lusitânia. É um Dêus de Cura ,  ligado aos milagres e à Fé, assim como o da Medicina, da Saúde, da Terra e da Natureza, mas também ,  um Dêus Protectôr da Vida após a morte. É considerado também , Dêus  da Sabedoria e o Génio da Montanha. Chamam-lhe O Muito Bom. 
Manifesta-se também como ANDOVÉLICO , uma Entidade Celestial , Solar e Evolutiva do Dêus Suprêmo , O  Endovélico , representando  o Bem . Está Ligado aos Elementos do Ar e do Fôgo.
O Cristianismo transformou-O no Arcanjo São Miguel e  Padroeiro da Lusitânia/Portugal. Era adorado em Outeiros/elevações em tôda a Lusitânia , e é por isso que os Outeiros em Portugal ,  onde houve cultuação ao Andovélico/Endovélico , se chamam de São Miguel , em Louvôr ao Santo e Poderôso Arcanjo , Protectôr da Lusitânia/Portugal .

in http://macieluxcitania.blogspot.pt/2013/10/diade-sao-miguel-arcanjo-o-padroeiro-e.html [em 26out2017]

Santa Marta (séc. I)

Santa Marta (séc. I)

Marta, Maria e Lázaro eram irmãos e muito amigos de Jesus. O Mestre freqüentemente os visitava em Betânia, e demonstra uma profunda amizade e intimidade com a família. Marta era uma mulher forte, responsável pela casa e os Evangelhos nos relatam duas importantes contribuições dela para as nossas próprias vidas.
Uma ocasião, Jesus chegou para visitá-los e Maria abandonou o serviço da casa para sentar-se aos pés do Senhor e com Ele conversar. Marta, atarefada com os afazeres domésticos, repreende a irmã e pede a Jesus que a mande ajudá-la. Jesus, porém, responde que não tirará Maria do que estava fazendo, pois ela havia escolhido a melhor parte e, Marta andava tão atrapalhada com o serviço que esquecia de conversar com o Senhor. (Lc 10, 38-42)
A outra passagem nos relata a ressurreição de Lázaro. Quando soube que Jesus estava chegando à Betânia, Marta correu ao seu encontro, enquanto Maria ficou em casa chorando. E é ela quem vai pedir: "Senhor, se estivésseis aqui meu irmão não teria morrido. Mas, agora sei que tudo o que pedires a Deus ele te concederá." (Jo 11, 21-22). E, na continuação da conversa com Jesus, termina por proclamar: "Eu acredito que tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir a este mundo." (Jo 11, 27). Podemos, assim, ver nesta mulher, a força da fé encarnada, que, misturando contemplação e ação, sabe reconhecer o seu Senhor e deixá-lo atuar com plenitude em sua vida.

A devoção à Santa Marta surgiu na França, na época das Cruzadas. Segundo uma lenda, Marta, Maria e Lázaro teriam morrido em território francês. Ela também é hoje considerada padroeira das cozinheiras.

in http://amaivos.uol.com.br/amaivos2015/?pg=noticias&cod_noticia=194&cod_canal=8&nome=Santo%20do%20Dia [em 26out2017]

Lenda de Santa Marta de Penaguião

Lenda de Santa Marta de Penaguião

APL 3688
Diziam os mais antigos que as origens de Santa Marta de Penaguião estão ligadas aos irmãos D. Rausendo e D. Tedo, dois heróis muito famosos nas terras do Douro, onde combateram os mouros expulsando-os da região. 
    Conta a lenda que os mouros, quando invadiram estas terras, construíram uma fortaleza num morro próximo da vila, onde já só há ruínas. Aí dificilmente alguém se atreveria a combatê-los. Só com muita coragem. 
    E coragem era o que não faltava a D. Rausendo e D. Tedo. Por isso, o povo, cansado do domínio dos mouros e dos seus tributos, um dia pediu-lhes ajuda. E os dois irmãos não hesitaram em responder ao apelo. 
    Em segredo, juntaram numa noite de lua cheia os mais audazes da povoação, e colocaram-nos num local estratégico a meio da encosta. E os dois irmãos, com uma bandeira nas mãos, disseram: 
    - Esta bandeira será o vosso guião! Quando a virdes colocada na penha, avançai que a entrada estará livre. E Santa Marta, vossa padroeira, há-de acompanhar-nos! 
    Os dois escalaram então o castelo, e surpreenderam os mouros que estavam de sentinela, matando-os sem que tivessem podido dar o alarme. E de seguida, enquanto um dos irmãos abriu as portas do castelo, o outro foi ao alto da penha e colocou a bandeira bem à vista. 
    Nisto, no esconderijo da ladeira, um dos moradores logo deu o alerta aos companheiros: 
    — Vejam! Na penha... o guião! 
    Foi o bastante para que todos irrompessem pela encosta, entrando no castelo, onde, pela surpresa e com o auxilio de D. Rausendo e D. Tedo, venceram os mouros, expulsando os que escaparam com vida. 
    E àquele grito de alerta — “na penha... o guião! — se deve o nome que, primeiro, foi “Penha-guião” e, depois, se simplificou em Penaguião. E porque a bandeira os guiou e Santa Marta os acompanhou, depressa a vila ficou com o nome de Santa Marta de Penaguião.

Fonte Biblio PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.320-321

Ano 2002

Place of collection Lobrigos (São João Baptista), SANTA MARTA DE PENAGUIÃO, VILA REAL

in http://www.lendarium.org/narrative/lenda-de-santa-marta-de-penaguiao/?tag=576 [em 26out2017]

Prefácio

«Prefácio»

«Não é preciso demonstrar a ninguém que uma obra do género desta - Dicionário geral de uma língua - nunca pode ser totalmente criação daquele ou daqueles que nela assumem a responsabilidade de autoria. Mesmo que nunca se tenha pensado no facto, depressa se dá conta de que não há ninguém suficientemente enciclopédico que possa, ao elaborar um destes dicionários, deixar de recorrer a trabalho alheio.»

in DICIONÁRIO DE PORTUGUÊS, 3ª EDIÇÃO, PREFÁCIO, PORTO EDITORA

Reguengos, Coutos e Honras

#1
Reguengo

Reguengo ou realengo (do latim tardio regalengu) era a qualificação jurisdicional que possuíam os lugares dependentes diretamente da autoridade do rei, ou seja, terras cujo senhor era o próprio rei. É uma figura típica do Antigo Regime em Portugal e Espanha. Situações semelhantes ocorrem em toda Europa Ocidental. As terras sob o regime do reguengo era chamadas terras reguengueiras.
Todos eles, na década de 1760, foram a apreciados pela Junta das Confirmações Gerais.
A extinção dos reguengos deve-se sobretudo às leis de Mouzinho da Silveira em 1834. Os reguengos pertenciam ao rei e para seu usufruto era necessário pagar-lhe direitos e foros. Eram obtidos por presúria, leia-se a ocupação de um território deixado vago pela expulsão dos muçulmanos, e com o tempo viram-se reduzidos devidos a grandes doações ao clero e à nobreza.

in Wikipédia, a enciclopédia livre, https://pt.wikipedia.org/wiki/Reguengo, [Consulta em 26out2017]

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#2
Reguengo, re·guen·go

adjectivo
1. Realengo, pertencente ao património do rei. = REAL
2. Diz-se de uma casta de maçã ácida e redonda.

substantivo masculino
3. Terra que (por conquista ou por confiscação) era incorporada no património real.
4. Foros, direitos que em qualquer localidade pertenciam à Coroa.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/reguengo [consultado em 26out2017]

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#3
Reguengo, re.guen.go

adjetivo
1. próprio de rei, real
2. pertencente ao património real

nome masculino
1. terra do património real arrendada com a obrigatoriedade de certos tributos em géneros
2. indivíduo que arrendava essas terras
 Do latim regāle-, «real» +-engo

in Infopedia, https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/reguengo [consultado em 26out2017]

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#4
Couto

Couto (do latim cautum; cotum, coto, couto e coito) definia, no século IX, um lugar imune. O termo também era utilizado como ordenação, multa, apreensão de bens, protecção, limite e marco.

As doações de couto, frequentes entre os séculos IX e XIII, como expressão senhorial, implicavam o privilégio da proibição de entrada de funcionários régios (juízes, meirinhos, mordomos etc.) na terra coutada. Definia-se oficialmente, no reinado de D. Dinis, o acto de coutar uma terra como escusar os seus moradores da hoste e do fossado, do foro e de toda a peita, ou seja, imunidade perante os impostos e justiça reais. As cartas de couto podiam ser concedidas pelo Rei (como recompensa de serviços ou por necessidade de povoamento) a nobres ou eclesiásticos e pelos senhores da terra ou pela Igreja, dentro dos seus domínios.

Desde o início do século XIII, são tomadas medidas de repressão dos abusos que existiam nos coutos. A legislação do século XV reduziu-os, praticamente, aos coutos dos homiziados, ao lado das coutadas, que continuaram como último vestígio dos privilégios senhoriais.

Os coutos de homiziados constituíam-se em terras a que poderiam acolher-se, libertando-se das penas em que tivessem incorrido, quaisquer criminosos, salvo os incriminados por aleive (traição).

Uma lei de 1433 excluía do direito de asilo nos coutos os crimes de traição, heresia, sodomia, homicídio e furto público. Note-se que as Ordenações Manuelinas excluíram dos coutos os moedeiros falsos, os falsários de escrituras e os que atacassem os oficiais da justiça.

Com as conquistas ultramarinas, as praças de Marrocos, a costa de África e o Brasil converteram-se em autênticos coutos de homiziados, sujeitos à legislação da Metrópole.

Todos os coutos foram extintos por lei de 1692, embora só acabando definitivamente em 1790.


in Wikipédia, a enciclopédia livre, https://pt.wikipedia.org/wiki/Couto, [Consulta em 26out2017]

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#5
Couto | s. m.
1ª pess. sing. pres. ind. de coutar

cou·to
(latim cautum, -i, precaução)
substantivo masculino
1. Terra coutada, privilegiada, defesa.
2. [Figurado]  Asilo; refúgio.

cou·tar - Conjugar
verbo transitivo
1. Tornar defesa (uma propriedade) proibindo a entrada nela e dando-lhe certos privilégios; proibir; tolher.
2. [Antigo]  O mesmo que acoitar.

"couto", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/couto [consultado em 26out2017]

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#6
Couto
cou.toˈko(w)tu

nome masculino
1. terra coutada, defesa, privilegiada
2. terra que não pagava impostos por pertencer a um nobre
3. figurado refúgio; abrigo

Do latim cautu-, «acautelado; defendido», particípio passado de cavēre, «acautelar»

in Infopedia, https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/couto [consultado em 26out2017]

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#7
Honra

Honra é, na divisão administrativa do Antigo Regime, a terra, ou circunscrição administrativa, que pertence a um Fidalgo.

in Wikipédia, a enciclopédia livre, https://pt.wikipedia.org/wiki/Honra_(circunscrição), [Consulta em 26out2017]

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#8
honra | hon·ra

(...)
12. [Antigo]  Terra com gozo de privilégio.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/honra [consultado em 26out2017]

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#9
honra
hon.raˈõʀɐ

(...)
10. HISTÓRIA terra privilegiada e imune por pertencer a um nobre

in Infopedia, https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/honra [consultado em 26out2017]

Peso da Régua - Godim

A história desta freguesia nasce pela reorganização administrativa decretada em 2013 pelo Governo Português, que resultou das fusão das duas maiores freguesias do Concelho do Peso da Régua.

História da Freguesia de Godim

Apenas o seu nome e a denominação de um ou outro dos seus pequenos lugares fazem lembrar a remota origem da sua propriedade e cultura, calculados principalmente pelas determinações contidas nos forais novos de Trás-os-Montes, mandados fazer por D.Manuel I. Um anfiteatro de pujantes parreiras com inicio na Cederma e fim no Vale. Godim talvez não seja o nome mais antigo que da freguesia se conhece. Consta provir de Gothini ou Godinho - qualquer trunfo godo que quis, ou de quem quiseram perpetuar o nome, aplicando-o a um torrão fertilíssimo e pitoresco. Foi ainda denominada de “Vale” ou “Nateiro dos Quatro Caminhos ”, o que comprova que desde pelo menos a época visigótica, se cruzavam vias importantes neste local. A denominação de Jugueiros derivou do facto de ter existido o “jugado” - Tributo que os “jugueiros” (lavradores que possuíam carros de bois) pagavam e que D. Afonso Henriques fez reverter a favor da coroa portuguesa. A origem etimológica de Ariz (um lugar da freguesia de Godim) será provavelmente Alarici ou Alarico, nome do rei dos visigodos. Mera, de mero, senhor que tinha um qualquer território a jurisdição civil e crime. Godim foi sede de concelho até 1836, o qual integrava as freguesias de Godim, Loureiro, Fontelas, Mouramorta, Sedielos e toda a área de actual freguesia de Peso da Régua. Teve o primeiro foral dado por D. Afonso III, em Maio de 1205, em Bostelo. Teve dois forais dados por D. Sancho I e Foral Novo concedido por D. Manuel I, Em Évora, a 15 de Dezembro de 1519. Tal como a Régua, fez parte do concelho de Penaguião. A sua jurisdição nos moinhos da Firvida, para cujas correições não lhe era permitido atravessar o Couto da Régua, extinguiu-se com o seu concelho em 1836. Em Fevereiro de 1837 passou a fazer parte do concelho de Peso da Régua. Á medida que se afasta do centro urbano, Godim vai acusando as marcas de ruralidade. Vale a pena admirar a Igreja Matriz, a casa da Quinta da Nogueiras (séc. XIX); a casa de Santa Maria (séc. XVIII); casa da Quinta das Casas Novas (séc. XVIII); e casa das Cerdeiras (séc. XIX). É, também, nesta freguesia que se encontra a maior parte das esculturas de ensino do concelho, várias instituições de solidariedade social e uma série de associações de promoção cultural. Ao falar de Godim, há nomes que se impõem como o de D. Antónia Adelaide Ferreira, conhecida carinhosamente por “Ferreirinha” ou “Ferreirinha-da-Regua” pelas gentes da sua terra. D. Antónia que nasceu no concelho de Godim no ano de 1810, viveu a sua infância na Casa de Travassos, vindo a falecer em 1896 na Casa das Nogueiras. Dois anos depois da sua morte, foi criada a Companhia Agrícola dos Vinhos do Porto, mais conhecida por “Casa Ferreirinha”. Seu avô Bernardo Ferreira, deixou três filhos, José, o mais velho, o António, e o mais novo, o Francisco. José Bernardo Ferreira, de grande bondade e respeito, foi o pai de D. Antónia Adelaide Ferreira, que seria mais tarde a grande administradora da maior casa agrícola do Douro. António Bernardo Ferreira era o mais inteligente e de espírito mais comerciante. Quando ainda só se falava de um possível confronto das lutas liberais, meteu-se num barco rabelo e foi até Vila Nova de Gaia, onde vendeu os armazéns com todo o vinho por preço inferior ao praticado na altura. Quem não gostou deste negócio foi o irmão mais velho, porque os bens também eram dele e não fora consultado para o efeito. Mas com o produto da venda compraram todo o vinho existente no Douro, transportando-o de seguida em carros de bois e récuas para a Figueira da Foz. Entretanto, rebentou a guerra civil, tendo os armazéns de Vila Nova de Gaia sido saqueados e o vinho derramado para o rio Douro. Mas enquanto o norte sofria na carne a desgraça de uma guerra civil e a barra do douro estava bloqueada, estes senhores faziam as exportações de vinho generoso para Inglaterra pela barra da Figueira da Foz. Fizeram um excelente negócio e a família Ferreira ficou muito mais rica e poderosa. D. Antónia Adelaide Ferreira e António Bernardo Ferreira, primos em primeiro grau e filhos de José Ferreira e António Bernardo Ferreira respectivamente, uniram as suas vidas pelo matrimónio e tiveram dois filhos uma menina Maria d’ Assunção, mais tarde Condessa de Azambuja e um rapaz a quem deram o mesmo nome do avô e do pai. Mas só depois da morte do primeiro marido, é que o espírito empreendedor desta senhora se manifestou de forma admirável, fazendo grandes plantações no Douro e obras de benfeitoria, tornando-se numa figura de primeira grandeza. Tão importante que o Duque de Saldanha, então Presidente do Concelho, pretendeu que seu filho, o Conde de Saldanha, contrai-se matrimónio com a filha de tão distinta senhora. D. Antónia recusou o convite, embora se sentisse muito honrada, alegando para o efeito a tenra idade de sua filha, que só tinha onze anos e que também gostaria que fosse ela a escolher o seu esposo. O Duque, habituado a não ser contrariado, mandou os seus homens raptar a menina. Mãe e filha, quando souberam o que lhes pretendia fazer, fugiram vestidas de camponesas, ajudadas por amigos, para Espanha e depois para Londres, onde se refugiam. Depois da filha casada com o Conde de Azambuja, D. Antónia casou com Francisco José da Silva Torres, seu secretário. Com pouco mais de meio século de existência e no auge das suas Capacidade de administradora, comprou todo o vinho do Douro para dessa forma ajudar os agricultores na luta contra os baixos preços praticados por consequência duma crise de abundância. Com todo o vinho comprado e guardado nos seus armazéns, surgiu a “filoxera”, que destruiu quase a totalidade dos vinhedos, lançando os durienses na miséria. Mas com o poder negociável que se lhe reconhecia e com todo o vinho nos seus armazéns, pôde com facilidade negociar da melhor maneira com os ingleses, tornando a casa agrícola Ferreira muito mais rica. Depois da catástrofe praga da filoxera, mandou replantar as vinhas. Pagou a construção de quilómetros de estradas e de caminhos-de-ferro, tendo dado trabalho a mil operários e desta forma cobriu as suas vinte e três quintas com milhões de cepas. Em 1880, ficou novamente viúva, mas mesmo assim continuou com a sua obra benfeitora, ajudando a construir os hospitais de Peso da Régua, Vila Real, Moncorvo e Lamego. Mandou construir no Moledo um palácio para acolher o Rei D. Luiz, as termas, a piscina e um fabuloso parque. Ajudou a Misericórdia do Porto, ficando esta obrigada a socorrer qualquer familiar seu.

Origem da palavra Peso da Régua:

Peso - pesagem e pagamento de impostos das cargas que se destinavam ao cais da Régua.

Régua - local de ajuntamento de cavalgaduras ou récuas junto ao cais fluvial.

A história da freguesia e sua localização junto ao Rio Douro determinam fortemente a sua evolução demográfica estritamente ligada à produção vinícola e consequente comercialização dos vinhos de feitoria e Porto. - séc. XVIII - “pólo residencial com forte ascendente vitivinícola (…) os seus efeitos associavam-se á grande concentração de armazéns vitivinícolas e de outras actividades conexas como tanoarias” - “ Além disso, esta vila para além de receber a linha de comboio em 1878, beneficiou da extensão desta infra-estrutura, pois aí permaneceram os estaleiros enquanto a linha se estendia até ao Pinhão. Neste contexto, o Peso da Régua registou contínuos aumentos populacionais que ainda se avolumaram com o decorrer do tempo, proporcionando que enquanto em 1878 aqui residissem 2990 habitantes, em 1900 já fossem 3851” 5 080 habitantes (2001)

http://www.freg-reguagodim.pt/freguesia/hist%C3%B3ria.html [Consultado em 26out2017]

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União das Freguesias do Peso da Régua e Godim

Peso da Régua

O comércio e os serviços conheceram um grande desenvolvimento nas últimas décadas, mas a vinha e o vinho continuam a ser a imagem de marca da cidade. 

Na Régua, o turista pode ainda visitar o edifício da Casa do Douro, cuja construção data do segundo quartel do séc. XX, em granito polido e mármore, com vitrais da autoria do pintor Lino António, onde pode ver retratada a história da Região Demarcada do Douro.

A visita à Régua ficará completa com uma passagem pela Estação Ferroviária, onde o primeiro comboio chegou no dia 14 de Julho de 1879, de onde se parte para outros pontos da região, continuando a viagem de comboio ou de camioneta. 

Heráldica

Brasão: escudo de prata, dois cachos de uvas de púrpura, sustidos de verde e um cálice de vermelho, tudo bem ordenado; campanha diminuta ondada de azul e prata de três peças. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: «FREGUESIA de PESO da RÉGUA».

Godim

Apenas o seu nome e a denominação de um ou outro dos seus pequenos lugares fazem lembrar a remota origem da sua propriedade e cultura, calculados principalmente pelas determinações contidas nos Forais Novos de Trás-os-Montes, mandados fazer por D. Manuel I. Um anfiteatro de punjantes parreiras com inicio na Cederma e fim no Vale.

Godim talvez não seja o nome mais antigo que da freguesia se conhece. Consta provir de Gothini ou Godinho – qualquer trunfo godo que quis, ou de quem quiseram perpetuar o nome, aplicando-o a um torrão fertilíssimo e pitoresco. Foi ainda denominada de “Vale” ou “Nateiro dos Quatro Caminhos”, o que comprova que desde pelo menos a época visigótica, se cruzavam vias importantes neste local.

A denominação Jugueiros derivou do facto de ter existido o “jugado” – tributo que os “jugueiros” (lavradores que possuíam carros de bois) pagavam e que D. Afonso Henriques fez reverter a favor da coroa portuguesa. A origem etimológica de Ariz (um lugar da freguesia de Godim) será provavelmente Alarici ou Alarico, nome do rei dos visigodos. Mera, de mero, senhor que tinha em qualquer território a jurisdição civil e crime.

Godim foi sede de concelho até 1836, o qual integrava as freguesias de Godim, Loureiro, Fontelas, Mouramorta, Sedielos e toda a área da actual freguesia do Peso da Régua. Teve o primeiro foral dado por D. Afonso III, em Maio de 1205, em Bostelo. Teve dois forais dados por D. Sancho I e Foral Novo concedido por D. Manuel I, em Évora, a 15 de Dezembro de 1519. Tal como a Régua, fez parte do concelho de Penaguião. A sua jurisdição nos moinhos da Firvida, para cujas correições não lhe era permitido atravessar o couto da Régua, extinguiu-se com o seu concelho em 1836. Em Fevereiro de 1837 passou a fazer parte do concelho do Peso da Régua.

À medida que se afasta do centro urbano, Godim vai acusando as marcas de ruralidade. Vale a pena admirar a Igreja Matriz, a casa da Quinta das Nogueiras (séc. XIX); a casa de Santa Maria (séc. XVIII); casa da Quinta das Casas Novas (séc. XVIII) e a casa das Cerdeiras (séc. XIX). É, também, nesta freguesia que se encontra a maior parte das estruturas de ensino do concelho, várias instituições de solidariedade social e uma série de associações de promoção cultural.

Heráldica

Brasão: escudo de negro, barco rabelo de ouro, mastreado e cordoado do mesmo, vestido de prata, carregado com sete pipas de ouro, realçadas de vermelho, vogante em campanha diminuta de três tiras ondasas de prata e azul; acantonados em chefe, dois cestos de prata com cachos de uvas de ouro, folhados de verde. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: «GODIM».

http://www.cm-pesoregua.pt/index.php/concelho/uniao-das-freguesias-do-peso-da-regua-e-godim  [Consultado em 26out2017]

Peso da Régua

PESO DA REGUA.

História.

O facto de, na opinião de alguns historiadores, Peso da Régua ter sido habitada durante as invasões romanas e bárbaras, deu origem ao nome Vila Regula - casa romana de campo, soterrada em lugar da cidade. Outros, porém, defendem a hipótese de derivar de “récua”, devido aos ajuntamentos de récuas ou cavalgaduras que passavam o rio Douro. Uma terceira teoria, sustenta a derivação de “reguengo”, designação atribuída às terras dos reis.
Peso da Régua pode ainda ter origem no termo “regra”, aludindo ao direito que podia ser herdado de ascendentes ou conferido a descendentes através de um foral. Esta teoria baseia-se na doação de terras feita pelo Conde D. Henrique a D. Hugo, em 1093, que por sua vez as doou a D. Egas Moniz. Seria, portanto, esta “regra” a dar origem à palavra Régoa, mais tarde Régua. Em relação à proveniência do nome Peso existem duas correntes de opinião: a primeira defende a hipótese de derivar do lugar onde as mercadorias eram pesadas e cobrados os impostos; a segunda explica a probabilidade de o nome ter evoluído a partir de um lugar onde os animais de transporte eram alimentados ou pensados, o “Penso”.
Esta parte da actual cidade é antiquíssima. A ela se referiu o foral que D. Sancho I, que concedeu ao lugar de Godim, porque lhe deu a sua herdade do monte Argemundais com seus termos declarados, requerida em 1797 pelo Marquês de Abrantes, D. Pedro de Lencastre Almeida Sá e Meneses e passada na Torre do Tombo, do livro que serviu de registo na chancelaria de D. Afonso III.
A Régua é uma cidade moderna, que apenas conheceu a sua condição de concelho após a época pombalina, no ano de 1836. Toda a importância reconhecida se inicia por culpa e graça da criação, na Régoa, da Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro, pelo Marquês de Pombal em 1756. Tendo mandado delimitar as vinhas do Vale do Douro com marcos de granito – Marcos de Feitoria – determinando assim as áreas de produção dos melhores vinhos, Portugal criava no Douro a primeira região demarcada e regulamentada do mundo. A partir daí, e por via do comércio e sua centralização local, a Régoa passou a ser o centro da Região, o local onde todos chegavam e de onde tudo partia.
“A marca funda que deixou na paisagem, na vida dos homens e no sistema de relações, mais do que a sua importância económica, para a região e para o país, fez do Port Wine um facto cultural, património da cultura portuguesa, um vinho universal. É que este vinho generoso, de características singulares, velho, doce e aromático, encerra séculos de experiência, de trabalhos, de saber e arte, de solidariedades e conflitos. Favorecido pela natureza, que reúne condições excepcionais nas encostas xistosas do vale do Douro, o vinho do Porto é, como todos os grandes vinhos, um produto dos homens. Dos durienses, claro, mas também dos negociantes do Porto, dos ingleses, das gentes pobres das terras frias de Trás-os-Montes e da Beira, dos carreiros minhotos, dos galegos… Aqui, na região demarcada de vinhos que é considerada a mais antiga do mundo (1756), no sentido contemporâneo de uma denominação de origem, a história das gentes e a história do vinhedo seguem, desde há séculos, caminhos paralelos.”
PEREIRA, Gaspar Martins; BARROS, Amândio Morais (2000). Memória do Rio. Para uma história da navegação no Douro. Edições Afrontamento. Porto
No dia 3 de Fevereiro de 1837, Peso da Régua foi elevada a vila, tendo-lhe sido anexado o concelho de Godim, com as freguesias de Godim, Loureiro, Fontelas, Moura Morta e Sedielos. A 31 de Dezembro de 1859 foram-lhe adicionadas, pela extinção do concelho de Canelas, as freguesias de Poiares, Covelinhas, Vilarinho de Freires e Galafura. A 11 de Dezembro de 1933 foi criada a freguesia de Vinhós, desanexada da freguesia de Sedielos. Com esta desanexação, o concelho de Peso da Régua integrava onze freguesias. Com a integração de Canelas, em 1976, o concelho completou o número actual de freguesias – doze.
Peso da Régua foi elevada à categoria de cidade a 14 de Agosto de 1985.Em 1988 foi reconhecida peloOffice Internacional de la Vigne et du Vin como Cidade Internacional da Vinha e do Vinho.

Peso da Régua

 
História, Cultura, Artesanato e Gastronomia ...


Rodeada de montes verdes repletos de vinha enfileirada, a Régua é, na história do Douro Vinhateiro, uma das mais importantes cidades ribeirinhas. Os seus pergaminhos contam feitos e obras dos primitivos anos da ocupação romana, mas o esplendor de hoje herdou-o da época dourada do negócio do Vinho do Porto.

O Marquês de Pombal transformou a pequena povoação ribeirinha do século XVII, num dos mais movimentados entrepostos comerciais, ao criar a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro em 1756 e consequentemente a Região Demarcada do Douro. O tráfego fluvial e a circulação ferroviária, iniciada anos depois, entre a Régua e os armazéns de Vila Nova de Gaia fixaram nobres e senhores, aventureiros e ingleses empolgados com a epopeia vinhateira.

As ruas e avenidas da Régua contam histórias de glórias e desgraças e no ar permanece a nostalgia do antigo corrupio do carregamento das pipas para os barcos rabelos. Lado a lado, há armazéns de várias épocas, cooperativas e firmas inglesas, depósitos de comerciantes portuenses, o edifício da Casa do Douro, o do Instituto do Vinho do Porto e as imponentes instalações da antiga Companhia pombalina.

Entretanto as barragens domaram o rio e as águas do Douro são agora rasgadas por barcos de cruzeiro e embarcações de recreio. O tráfego fluvial está mais intenso que nunca. Os turistas chegam à Régua de barco ou de comboio a vapor, uma das novidades turísticas mais procuradas, visitam as quintas emblemáticas, contemplam a paisagem com um cálice de vinho do Porto na mão e retemperam forças com um prato de cabrito assado acompanhado com os melhores vinhos de mesa do Douro.

Grupos de turistas sobem ao alto do miradouro de S. Leonardo da Galafura onde o panorama é indescritível ou procuram, nas ruas do concelho o artesanato genuíno, miniaturas de cestos vindimos, carros de bois e garrafas de vinho do Porto com rótulos de estanho. Outros preferem o repouso e as águas medicinais das termas de Caldas de Moledo, um instância termal inserida num parque aprazível na margem do rio, onde impera a tranquilidade, o sossego e o ar puro.

 
A visitar...

Capela do Cruzeiro

Capela das Sete Esquinas

Capela do Asilo

Igreja de São Vicente, matriz da Galafura (século XVII)

Estação Arqueológica do Alto da Fonte do Milho em Canelas do Douro (séculos I a IV d.c.)

Vitrais da Casa do Douro de Lino António

Edifício da Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro

Armazém 43 da "Casa do Douro"

... sem esquecer uma viagem de barco Rio Douro acima ou uma inesquecível viagem no "Comboio Histórico"


Peso da Régua, também conhecida apenas por “Régua”, é uma cidade do Norte de Portugal, sede de concelho, situada em Trás-os-Montes, junto ao Rio Douro, conhecida por ser a capital da região demarcada que produz o célebre vinho do Porto.
Não existem certezas das origens da localidade, mas pensa-se aqui ter existido uma casa Romana denominada “Villa Reguela”. Mas somente em 1756 Peso da Régua viria a sofrer maiores desenvolvimentos, aquando a criação pelo Marquês de Pombal da Real Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, que instituiu a 1ª região demarcada de produção vitivinícola a nível mundial. Já em 1703, a região tinha sido privilegiada através do importante Tratado de Methuen, em prol da viticultura do Douro, tendo as plantações tomado um novo incremento. Constroem-se, então, em Peso da Régua os armazéns da Companhia, e elaboram-se as primeiras “feiras dos vinhos” que duravam oito dias e estiveram na criação de vários estabelecimentos comerciais, hospedarias, casas de jogo e tantas outras mais valias que desenvolveram a localidade. Era de Peso da Régua que partiam os típicos barcos rabelos, de madeira, que se aventuravam pelo rio Douro para transportar os barris de vinho até Vila Nova de Gaia, onde o vinho envelhecia nas caves.
As paisagens naturais da região são, pois, lindíssimas e especiais, estando o Alto Douro classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, provendo panoramas espectaculares tanto observados do próprio Rio Douro, ou no alto, nos muitos miradouros da zona, destacando-se o de São Leonardo e o de Santo António do Loureiro. Do cais fluvial de Peso da Régua partem e chegam muitos dos famosos Cruzeiros que cruzam este bonito Rio Douro, possuindo igualmente várias infra-estruturas de lazer como uma área pedonal, campos de ténis, piscinas e equipamentos para pesca, lojas de artesanato, restaurantes e bares. A não perder o Museu do Douro, instalado na Casa da Companhia, demonstra a importância deste património através das várias exposições que organiza.
Da riqueza patrimonial do concelho destacam-se as muitas casas senhoriais, pequenos palacetes e grandes quintas rurais dos “senhores do vinho”, muitas delas abertas ao público, demonstrando a riqueza que esta produção trouxe à terra, mas também outros monumentos, como a Igreja Matriz de S. Faustino, construída no local onde outrora existiu a capela do Espírito Santo, a Capela do Senhor do Cruzeiro do século XVIII, a Igreja do Asilo Vasques Osório, as Capelas do Espírito Santo, a de Nossa Senhora do Desterro, a de São João ou a de Nossa Senhora da Boa Morte, entre tantos outros.

Fontes;Camara do Peso da Regua.
Wikipedia.
Turismo de Portugal.

http://ramadaoliveira.no.comunidades.net/peso-da-regua, 26.out.2017

Hermida e Couto de Santa Comba do rio Corrego

"Na Doação da Hermida e Couto de Santa Comba do rio Corrego pelo Principe D. Affonso Henriques a Frei Jeremias e seus companheiros no de 1139, se acha esta assignatura: Ego Veta Menendi Princips de Panoyas (7)." V. Podestades.

(7) Principe: o mesmo que Governador Civil e Militar. Quem deseja saber saber mais algumas notícias a respeito da Hermida, veja o Index já citado [Nota: Index do Elucidário de Viterbo], V. Hermida do Corgo. 


FERREIRA, Breve Notícia da Terra de Panoyas, (Coimbra, 1836), pág. 8, via 
J. GONÇALVES MONTEIRO, Pena Guião "Terra" e Gente, (Porto, Maio de 2000), (Edição Município de Sta. Marta de Penaguião, 2001), pág. 20 e seg.

UMA CARTA DE MARCELO REBELO DE SOUSA A MARCELLO CAETANO

UMA CARTA DE MARCELO REBELO DE SOUSA A MARCELLO CAETANO



Alfredo Barroso
UMA CARTA DE MARCELO REBELO DE SOUSA A MARCELLO CAETANO
(EM 12 DE ABRIL DE 1973)
Excelentíssimo Senhor Presidente (do Conselho),
Excelência,
Pedindo desculpa do tempo que tomo a Vossa Excelência, vinha solicitar alguns minutos de audiência (...). Seria possível, Senhor Presidente, conceder-me os escassos minutos que solicito? (...) Acompanhei de perto (como Vossa Excelência calcula), as vicissitudes relacionadas com o Congresso de Aveiro, e pude, de facto, tomar conhecimento de características de estrutura, funcionamento e ligações, que marcam nitidamente um controle (inesperado antes da efectuação) pelo PCP. Aliás, ao que parece, a actividade iniciada em Aveiro tem-se prolongado com deslocações no país e para fora dele, e com reuniões com meios mais jovens.
Como Vossa Excelência apontou, Aveiro representou, um pouco mais do que seria legítimo esperar, uma expressão política da posição do PC e o esbatimento das veleidades «soaristas».
O discurso de Vossa Excelência antecipou-se ao rescaldo de Aveiro e às futuras manobras pré-eleitorais, e penso que caiu muito bem em vários sectores da opinião pública.
Com os mais respeitosos e gratos cumprimentos,
Marcelo Rebelo de Sousa
(in «Cartas Particulares a Marcello Caetano», organização e selecção de José Freire Antunes, vol. 2, Lisboa, 1985, p. 353)
Comentários para quê? É Marcelo Rebelo de Sousa, sabujo e traiçoeiro (e neste caso delator) como sempre o conheci e ouvi falar dele...


https://www.facebook.com/somera.simoes?hc_ref=ARSnWiY8k8mfUDIj0eh4BNKy-IsUy-cpywH9amqFttEON_46KPdq3UPrgvZA2cUKAGM&fref=nf

Vias Romanas

Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Vila Marim - Cidadelhe (Aliobriga?) - Lamego (Lamecum?)/ Peso da Régua

Um outro eixo viário N-S partindo de Chaves seguia pelo alto da serra a poente da depressão Verín - Régua rumo também ao rio Douro; dois miliários logo à saída de Chaves (Campo da Roda e Outeiro Jusão) que apesar de estarem deslocados da sua posição original poderiam assinalar esta via que seguia por Vidago rumo à Ponte da Ola onde cruzava o rio Avelames, continuando por Cabanas (onde deveria existir uma mutatio), continuando por alturas da serra rumo a Vila Marim, onde se achou um miliário, continuando provavelmente rumo às travessias do Douro em Peso da Régua e Cidadelhe, onde há notícia de outro miliário. Esta última travessia poderia ser feita nas Caldas de Moledo, onde há vestígios romanos associados a um vicus e provável mutatio de apoio a esta passagem do rio que durante a Alta Idade Média disponha de barca e albergaria que deverá corresponder ao «portu de aliovirio» citado num documento do ano 922 (Lima, 2008; Batata et al., 2008).

Chaves (depois de atravessar a Ponte de Trajano, rumava a sul cruzando a ribeira do Caneiro; na Qta. do Caneiro apareceu o miliário do «Campo da Roda», hoje desaparecido, talvez dedicado a Constantino Magno)
Outeiro Jusão (miliário anepígrafo numa casa derrubada da aldeia; ara aos Lares Tarmucenbaecis Ceceaecis; ara dedicada a Ísis no MRF e estela funerária de Daphnus talvez provenientes da villa da Qta. do Pinheiro; vide términos dos Praen e Coroq achados neste local; a via seguia talvez por Pereira de Veiga e Vila Nova de Veiga pelo Alto da Conceição, Alto do Turigo e Parada onde apareceu uma ara a Baco)
S. Pedro de Agostém (ara aos Lari Erredici na igreja; a via segue talvez por Fonte Fria e junto do castro romanizado do Alto do Castro/Monte de Sta. Bárbara e do respectivo habitat romano da Fonte do Mouro; inscrição a Laribus Pindeneticis em Selhariz)
Pereira do Selão, Vilas Boas (segue pela rua da Paz e campo de futebol e pelos topónimos viários Carquejo, Corgo e Alto da Portela)
Vidago (castro; termas romanas em Salus, divindade que designa saúde, onde apareceu uma incrição referindo Aqua Flaviae; a via cruzava a ribeira da Oura junto a Vidago ou mais a jusante numa ponte hoje arruinada na EM549, próximo do sítio romano de Couces local, ascendendo depois ao planalto da Serra de Oura, continuando pelo Alto do Baldio, junto da Qta. do Marco, Alto do Miradouro e aldeia de Vilela, passando assim a nascente do castro romanizado do Monte do Castelo em Capeludos, sobrancerio ao Tâmega, onde apareceu uma estátua de guerreiro; inscrição aos lares gegeiquis na igreja paroquial de Arcossó)
Bragado (cruza o rio Avelames na Ponte Romana?-Medieval da Ola, e sobe a encosta pelo Parque de Lazer)
Pensalvos (cruza a ribeira da Azenha e segue pela rua do Cabo, Igreja e rua do Calvário)
Cabanas (possível mutatio no sítio da Castanheira/Reguenga, a 150 m do campo de futebol, onde apareceu um tesouro monetário; cruza a aldeia pelo Largo da Capela e Largo do Outeiro e continua pelo CM1155 junto dos topónimos viários Portela e Pipa, seguindo pelo planalto da Serra do Alvão)
Afonsim (a nascente pelo CM1155 e EM555 por Alto de Couces e Praina dos Molhadinhos)
Paredes do Alvão (continua a nascente pelo CM1153 por Colonos de Paredes, Alto do Porto da Lage/Alto da Chã da Fonte, Colónia de Baixo e Povoação)
Gouvães da Serra (continua por Lages das Portas e Cadouço, topónimos viários, Alto da Sombra, Alto dos Merouços e Alto da Meroucinha, servindo de linha divisória entre os concelhos de Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar, continua pelo Alto dos Fornos, Alto do Seixinhal e Alto das Caravelas, onde inicia a descida da serra até entroncar na EM313 junto da Barragem Cimeira a sul de Lamas de Olo, seguindo por esta estrada pelo Alto das Muas, descendo depois pelo caminho carreteiro por Alto da Queimada e Negral)
Agarez (tesouro monetário; segue o CM1219 por Carvelas, Laje e Barroca)
Vila Marim (mutatio; miliário anepígrafo tombado numa horta junto da Capela de Ns. da Paz; tesouro monetário junto do Outeiro das Pombas, local da Villa Marinis, mencionada em escritos medievais)
Travessia do ribeiro da Marinheira (junto da Torre de Quintela?)
Mondrões (segue algures a poente de Vila Real)
Travessia do rio Sordo (tesouro monetário em Penedo Redondo)
Torgueda (seguia talvez por Fonte Seca, Vendas de Cima e Moçães, conflui na EN1244 e segue para Arnadelo, rua da Carreira, passando junto do povoado do Alto do Castelo, no outeiro da Capela da Sra. dos Remédios, e mais adiante nos sítios romanos do Rodelo e Veiga, junto do campo de futebol na EM1244-1)
Cumieira (provável vicus no lugar do Assento, com vestígios em torno do Monte de Sta. Bárbara, Ranha, Fossa e Ladário, onde terá aparecido uma ara a Júpiter (Colmenero, 1997); não é claro se a via passava em Cumieira ou se descia por Pomarelhos pela Costa da Veiga, onde existiu calçada, para cruzar a ribeira de Aguilhão na base do povoado fortificado do Monte Maninho junto da Qta. de Valflores e do sítio romano de Cabanelas na outra margem)
Fontes («Castro de Fontes» ou «Castelo dos Mouros», povoado fortificado na colina da Pena Aguda onde hoje existe a Capela de São Pedro de Fontes; aqui apareceu uma ara dedicada à divindade Auge; sítio romano de Cabanelas; forno romano junto da Ponte da Arcadela sobre a ribeira de Aguilhão em Fornelos; Qta. da Carreirola, topónimo viário)

  • Ligação a Cidadelhe: um outro ramal seguia para Cidadelhe (onde há notícia de um miliário) rumo à travessia do rio Douro no «portu de aliovirio», mencionado num documento do ano 922 (PMH DC 25) que poderá corresponder ao porto de Caldas de Modelo, onde há vestígios romanos (Lima, 2008). Partindo de Fontes seguia até ao sítio de Fronteira, onde tomava o caminho pelos altos da Sra. do Monte e da Sra. dos Remédios em Mouramorta, continuando por Cimo de Vila e Pedreira até à Ponte Medieval de Cavalar sobre o rio Sermanha/Soromenha em Nostim, rumando daqui a Cidadelhe (castro romanizado, possivelmente designado por Aliobriga em época romana).
    • No hoje desconhecido «Lugar do Marco» Russel Cortez identificou um miliário a Numeriano entretanto desaparecido com o numeral IIXX na última linha, podendo por isso indicar a milha 18; o ponto inicial da contagem da milhas é desconhecido, mas é de assinalar que esta é aproximadamente a distância ao miliário de Vila Marim
    • Num documento do ano 970, há referência a uma antiga carreira servindo como linha divisória de propriedades em Nostim que poderá corresponder à via romana rumo ao Douro; «per carrale antiquo usque ubi diuidet cum uilla de lombadella et cum uilla de nausti usque in sarmenia» (PMH DC 101).
    • Travessia do Rio Douro rumo a Lamego: existem dois pontos de passagem do rio separados pelo rio Sermanha; de Cidadelhe poderia descer à Qta. do Barco, sugestivo topónimo ou em alternativa desviava antes de Cidadelhe, em Nostim, e seguia por Portela, Oliveira e Bamba até Caldas de Moledo, onde cruzava o rio para o porto fluvial Penajóia e daqui ascendia a encosta por Pousada, S. Gião, Penajóia e Avões de Lá, onde entronca na via proveniente de Porto de Rei rumo a Lamego.

  • Ligação a Peso da Régua: a via poderia bifurcar junto do Castro de Fontes, seguindo rumo a Peso da Régua para cruzar o rio Douro; a via seguia por Santa Marta de Penaguião, onde cruza a ribeira de Fontes, continua por Encambalados de Cima e pelo caminho próximo da Capela da Ns. da Guia em Lobrigos, continua paralela à EN2 por Outeiro, Casaria, reúne com a EN2 e pouco depois desvia novamente desta na Capela de S. Gonçalo e toma o caminho pela Capela da Sra. da Graça, continua pela cumeada das Qtas. de Romarigo e Campanhã, descendo depois ao Douro pelo caminho entre-muros marginando uma adega e que segue depois paralelo à rua Major Xavier Vaz Osório, cortado pela EN2, continuando pela rua da Qta. de S. Domingos até à linha férrea e daqui ao cais do Douro. (vide continuação da via no Itinerário Peso da Régua - Marialva). 

Peso da Régua - Marialva (civitas ARAVORUM)

A existência de miliários na zona de travessia do rio Távora junto da Ponte do Pontigo/Freixinho em Moimenta da Beira, possível território dos Arabrigenses, indicia a existência de uma estrada que atravessava o planalto beirão no sentido O-E, dando continuidade às travessias do rio Douro da via proveniente de Braga na zona da Régua e da via proveniente de Chaves em Covelinhas; depois de atravessar o rio Távora na Ponte do Pontigo, a via poderia bifurcar, seguindo um ramo para a sede da civitas Aravorum em Marialva, rumo talvez a Salamanca, e outro seguia para sul em direcção oppidum de Póvoa do Mileu (Guarda), possível sede de civitas dos Lanciences Transcudani, rumo Mérida pela Ponte de Alcântara. (Sá Coixão, 2000, 2004, 2009; Teixeira, 1998). Esta estrada, proveniente talvez da travessia do rio Douro junto do Peso da Régua segue pelo alto do Monte Raso onde se regista a referência à «strada mourisca» que servia de limite norte do Couto do Mosteiro de Salzedas (LDMS 61), fazendo um percurso a cota elevada evitando assim grandes variações de cota e as difíceis travessias dos rios da região.

Peso da Régua a Moimenta pela «estrada mourisca»
A «estrada mourisca» referida na Carta de Doação a Teresa Afonso de 1152 constituía o limite norte do couto do Mosteiro de Salzedas numa linha que atravessa o planalto do Monte Raso e divide com Queimada («et per illa strada mourisca et dividit per Ceimada»), caminho assinalado por vários marcos que delimitavam o couto (S. Lourenço, Soito, Padrão, Santiago e Cimbres); esta estrada medieval, com possível origem romana, fazia a travessia do rio Douro na Régua, na base do povoado romanizado do Torrão, e daqui ascendia a Valdigem pela margem direita do rio Varosa (acima da EN313), continuava por Cairrão, Figueira, Portela, Queimadela (segue pelas ruas das Eiras, Calçada, Bispado, Adro, Telha e Ermida de S. Lourenço; habitat na Qta. da Raposeira, na vertente poente do Castro de S. Domingos), continuando pela cumeada da serra, o planalto do Monte Raso, até à encruzilhada no sítio do Padrão, entre Meixedo e Passos, topónimo que remete para o marco de delimitação do couto do Mosteiro de Salzedas que está na berma da estrada, possível reaproveitamento de um miliário romano. A partir daqui a via seguia junto do Aeródromo de Santiago rumo a Cimbres e Vila Chã da Beira, seguindo depois por Sarzedo rumo a Beira Valente, onde subsiste um troço da via romana, a «Estrada Larga» e uma ponte com presumível origem romana (Castro, 2013; Castro, 2013a).

Moimenta da Beira (a via passa próximo dos sítios romanos de Carguencho, Cidade da Mouraria, Cabeça e do povoado do sítio de S. João, margina a igreja e segue o caminho do Bairro da Corujeira por Arcozelo do Cabo e Arcozelo da Torre)
Granja de Oleiros (Arabriga?; importante vicus de Rochela/Arrochela estendendo-se até Vide; o território dos Arabrigenses poderá corresponder ao actual concelho de Moimenta da Beira; epitáfio de Balbus reutilizado no pavimento da Capela de Ns. de Fátima; tesouro monetário)
Vide (miliário a Numeriano hoje desaparecido, CIL II 4641, indicando o numeral IIXX, ou seja 18 milhas contadas talvez a partir do rio Douro; na frontaria da Capela do Espírito Santo existe uma placa honorífica com a inscrição «BONO REI PVBLICE NATO», CIL II 4643; a via contorna o Alto da Ranhã)
Qta. da Lagoa (miliário a Constantino Magno onde se leria milha ?IX, CIL II 4642, hoje na CEADV; possivelmente indicaria a milha XIX dado que o miliário de Vide indicando 18 milhas, estaria a uma milha; Vaz, 1978, p. 51-53)
Faia (calçada em Ladário; a base de miliário que apareceu junto à Igreja de Faia, está hoje no jardim de uma casa particular)
Ponte Romana?-Medieval do Pontigo sobre o rio Távora (ligando as povoações de Freixinho e Penso, esta ponte medieval com possível origem romana está hoje submersa pela Barragem de Vilar; em 1951, Cortez refere umas poldras para cruzar o rio)

Ligações a partir da Ponte do Pontigo

  • da Ponte do Pontigo a Marialva (Aravo?): rumando a este talvez por Ferreirim (casal? junto do marco geodésico do Monte de S. Gens), Sarzeda (habitat em Mata Roivos), Guilheiro («Estrada Velha»), continua para leste, atravessa o rio Torto e chega à Cruz do Guilheiro, nó viário e divisão entre concelhos, continua pelo estradão que contorna o Alto da Escudeia pelo vertente norte e entra em Torre do Terrenho (miliários?), desce à ribeira da Teja que atravessa nas Poldras da Bernarda e sobe a Casteição, continua pela EN600(?) por S. Simão e junto da villa ou casal na Fonte da Telha/Campo da Moura até Pai Penela, podendo bifurcar neste local, seguindo um ramo para Mêda (seguindo a EN600 por Canadinhas, passando entre os povoados proto-históricos do Castelo de Nunes e Sta. Bárbara) e outro inflectia para Vale Flor, para tomar o antigo caminho pelo Convento de Vilares (troços em calçada) rumo a Marialva.

  • da Ponte do Pontigo ao Castro de Sanjurge: rumando a nordeste por Chosendo, Castainço (calçada de S. Pedro), Penedono (3 possíveis miliários nas ruas da vila) e Alcarva (a Alcobria da documentação medieval?; habitat em «Chão de Santos») até ao Castro de Sanjurge em Ranhados; ver itinerário de Ranhados a Longroiva

Braga - Amarante - Vila Real - Panoias

Hipotética via romana que ligava Braga às "Terras de Panóias", região a leste de Vila Real, atravessando a Serra do Marão por Amarante. O seu traçado continua muito indefinido, mas é possível que desviasse da Via Bracara ad Tongobriga no Alto da Lixa, seguindo em direcção a Amarante, onde fazia a travessia do Tâmega no local da Ponte Medieval de S. Gonçalo subindo depois para a Serra do Marão rumo a Vila Real.

Vila Cova da Lixa (partindo no nó viário no sopé do Castro do Ladário/Alto da Lixa, junto do sítio romano do Campinho do Muro em Campelo, lugar de Arrifana, topónimo que indica uma estação viária, a via poderia seguir por Ranhadouro, S. Gens, Estrada, Penalta e Estradinha)
Amarante (travessia do rio Tâmega na Ponte de Medieval de S. Gonçalo, não havendo vestígios de uma antecedente romana, embora exista um necrópole na Calçada da Misericórdia; a cerca de 3 km para norte, em Gatão, situa-se o Povoado do Ladário que deverá corresponder ao vicus Atucausis com base na ara dedicada a Júpiter pelos Vicani Atucausenses achada na Qta. dos Pascoais, CIL II 6287, hoje no MSMS, nr. 28 e a ara de Adus entretanto desaparecida que servia de pia na Igreja de S. João Batista, CIL II 2383)
Madalena (a via deveria subir a encosta pela rua de St. António, passando em Paredes, Sentinela e Ataúdes, onde havia necrópole, até confluir no CM1213) Lufrei (segue nas proximidades do povoado romano da Sertã para Mosteiro e desce pelo Caminho do Barreiro à chamada «Calçada de Marancinho», troço de via antiga com profundas marcas de rodados que desce pela margem direita da ribeira do Marancinho e após o cruzamento desta inflecte para sul subindo a encosta)
Sanche (necrópole, villa?; minas de estanho)
Ponte Medieval do Fundo da Rua (entre Sanche e o lugar da Rua)
Aboadela (o caminho pela Serra do Marão segue por Lameira, Pousado e Alto do Gavião; Lopes, 2000:290)
Campeã (provável mutatio; acesso por Quintã às minas de Ferro de Vila Cova; a via continua por Vendas e rua do «Caminho Romano» com vestígios de calçada junto do fontanário do Arco ou de Pai-Pás, continuando paralela à EN304 por Viariz da Santa, com calçada em Lameirões, cruza a A4 e EN15, seguindo depois por esta)
Arrabães (atravessa o rio Sordo, entra à esquerda no CM1212 e logo à direita por caminho de terra)
Mondrões (calçada com cerca de 50 m, 100 m a poente da igreja matriz; topónimo Estalagem; tégula no local onde existiu a Capela de São Tomé)
Vila Marim (talvez indo atravessar o rio cabril na Ponte dos Machados, EM564, entrando em Vila Real junto da Ns. de Almodena)
Vila Real (atravessa o rio Corgo e segue pela rua do Bairro de Vilalva, CM1238, rumo à Ponte Romana?-Medieval do Sobreiro sobre a ribeira das Toirinhas, 200 m depois segue à esquerda pela rua da Calçada, onde há 20 m lajeados, até reencontrar a estrada actual em Torneiros, continuando depois para Constantim, onde deveria existir uma mansio, situada no cruzamento com a Via N-S entre Chaves e a travessia do Douro em Covelinhas, continuando por S. Martinho de Antas e Paços até Sabrosa)
Sabrosa (Castro romanizado de Cristelos/Castelo de Sancha junto da EN323, de onde será proveniente uma ara dedicada a Júpiter por Maximo Clodius, colono originário de Útica, capital da província romana de África Proconsular, hoje Zana na Tunísia)
  • Possível ligação ao Pinhão, seguindo aproximadamente a EN323 por Provesende e passando junto da necrópole em torno da Capela do Sr. Jesus de Sta. Marinha/Qta. da Relva, na base do povoado do Picoto de São Domingos.
  • Possível continuação para Alijó, passando por Sancha rumo à travessia do rio Pinhão na Ponte Romana?-Medieval da Ribeira em Cheires (calçada junto da villa? da Qta. da Ribeira; povoado no Castelo de Cheires; habitat em Santiago de Cheires), continuando a sul de Sanfins do Douro rumo a Alijó.


Viação secundária romana a norte do Rio Douro

A rede viária secundária a norte do rio Douro continua ainda por desvendar dada a complexidade de caminhos antigos existentes num terreno muito acidentado e ao escasso número de miliários encontrados até agora. Muitas serão rotas pré-romanas ligando os imensos castros e povoados da região, renovadas e ampliadas durante a era romana e muitos outros serão já medievais, constituindo um imenso património de pontes e calçadas a exigir urgente preservação. O itinerário medieval entre Braga em Monção já exisitiria no período romano atendendo aos silhares com marca de fórfex na Ponte de Ázere. Também é provável que existisse pelo menos um itinerário romano no sentido O-E ligando Braga a Zamora e Salamanca, passando nas «Terras de Panóias» (a leste de Vila Real), continuando por Murça, Mirandela e Miranda do Douro para Zamora (Ocelo Durum), ou por Carlão, Vila Flor, Vale da Vilariça, Torre de Moncorvo rumo a Salamanca (Salmantica). Também é provável uma via N-S que cruzava com estes trajectos no Alto do Pópulo e em Carlão rumo às civitates da margem sul do Douro como Freixo de Numão. Os possíveis miliários de Vila Marim e Constantim, ambos próximos de Vila Real, parecem estar alinhados com este itinerário assinalando a sua passagem em Vila Real, onde cruza o rio Corgo, mas é mais provável que estes miliários pertençam às vias no sentido N-S entre Chaves e o rio Douro, estando o miliário de Constantim inserido na Rota Chaves - Covelinhas e o miliário de Vila Marim inserido na via Rota Chaves - Lamego que passava a poente de Vila Real, seguindo em direcção a Peso da Régua ou a Cidadelhe (Mesão Frio), onde também há referência a um possível miliário. A fundação de Vila Real na Baixa Idade Média através da aglomeração de 3 aldeias (Sesmires, Vilalva e Veiga de Cabril), num local estratégico como é travessia do rio Corgo, vem a criar um importante eixo viário medieval O-E que irá tornar-se na principal ligação entre Porto a Bragança que permanece ainda hoje e que tanto confunde o levantamento da viação romana nesta zona. No entanto não se pode descartar a possível origem romana deste itinerário.

Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Rio Douro (Covelinhas) - Moimenta da Beira (Arabriga?)

Itinerário N-S interligando Chaves ao rio Douro, seguindo por alturas da Serra da Padrela, cruzando a importante região mineira de Três Minas, possivelmente a «Metallum Albucrarense» referida por Plínio, descendo depois à travessia do rio Douro em Covelinhas e daqui marginando o Castro de Goujoim rumo a Moimenta de Beira, importante nó viário da Beira Alta (vide Lopes, 1994; Teixeira, 1996; Batata et al., 2008; Lemos, 2011).


Chaves (inicialmente seguia a Via XVII por S. Lourenço e S. Julião de Montenegro, derivando depois para sul pouco depois da mutatio do Alto do Cavalinho; a bifurcação seria junto do Cruzeiro, onde era vencida a milha VI, seguindo depois por alturas da Serra da Padrela afim de evitar o cruzamento de cursos de água, seguindo pelas aldeias de Paranhos, Alto de Gondar, Nogueira da Montanha (inscrição a Emiliano Flacus procedente do castellum Ivreobrigaou Tvreobriga), Ladário, Aveleda, S. Cipriano e alturas de Vilarinho do Monte e Seixedo, sucedendo-se os topónimos viários como Vidual, Marcos, Lampaça e Caleiros, assinalando a passagem da via e vestígios romanos junto da via em Outeiro do Coxo e Pedra Alta, possivelmente tabernas)
Padrela (desemboca na ER206 junto da villa ou mutatio dos Milagres, a poente da aldeia, continuando pelo estradão paralelo à estrada moderna, marginando o possível assentamento militar romano do Alto da Cerca que controlaria o acesso ao complexo mineiro de Jales, localizado entre os rios Tinhela e Curros, seguindo depois o estradão paralelo à EN206 até à base do marco geodésico «Padrela 2», onde toma o caminho que vai pelos altos do Morouço, da Cabeça da Cheda e do Marco Preto, cruza a ribeira do Muro e continua por alturas de Vilarelho até ao Alto da Forca, onde segue à direita para a travessia do rio Tinhela na Ponte da Fonte da Ribeira)
Campo de Jales (barragem do Alto da Presa na estrada para Guilhado; estela funerária, hoje no MNA; continua junto das Minas de Jales por Borralheiros, entra na EM567 e passa junto da Ns. da Saúde)
Vreia de Jales (continua pela EM567 até à Cruz da Vreia e 100 m depois segue à direita para o centro da povoação; continua pelo troço de via romana que segue por Milhapão)
Barrela de Jales (a via romana continua a poente a aldeia, passando junto da interessante estátua-estela do Marco até Estalagem, onde entronca no CM1237 que segue por 400 m até desviar pelo troço calcetado que leva à Ponte do Arco)

Ponte Romana do Arco sobre o rio Pinhão (vários indícios apontam para uma cronologia romana com pedras almofadados no arco e estribos, arco de volta perfeita e pavimento em grandes lajes de pedra; merecia outra atenção; retoma o CM1237 por 800 m, onde segue à direita pelo caminho da Laje do Cavalinho que volta a reunir-se com estrada junto do cruzeiro do Sr. dos Aflitos; continua por 500 m, onde desvia por caminho carreteiro que vai cruzar o ribeiro dos Carrojos na Ponte do Prado)
Pinhão Cel (lápide consagrada a Tutela Turiensis achada na igreja de Sta. Maria da Ribeira, hoje no MSMS; a via passa a poente, cruza a CM1237, pouco depois segue à esquerda por caminho por Vidual, topónimo viário, actual Rua do Souto, cruza a EN15 e segue o caminho defronte por Bouça da Velha)
Justes (passa a poente por Cabeça Gorda, Regais, Fraga e Alto de Lamares)
Lagares (castro em Lamares)
  • «Terras de Panóias»
    Esta região de planalto delimitado pelos rios Corgo e Pinhão, chamada de «Terras de Panóias» em tempos medievos, poderia constituir o território de uma civitas em época romana, supostamente dos Lapitiae que teriam construído o excepcional Santuário Rupestre de Panóias no lugar do Assento, exemplo maior da transformação religiosa inerente à romanização (Cortez, 1947; Alarcão, 2001b); não se conhecem outros vestígios romanos junto do santuário e o vicus mais próximo situa-se em Constantim onde poderia existir uma estação viária.

Constantim (vicus e mutatio no sítio das Mamoas, a norte da povoação, hoje ocupado por terrenos agrícolas; um pedestal e vestígios cerâmicos na área compreendida entre o centro da povoação e a Capela de Sta. Bárbara, indiciam a existência de um vicus viário; em 1947, Cortez refere um miliário a Trajano encontrado na «Feira de Constantim» (CIL II 4797), antiga designação medieval, mas esta informação é duvidosa; Cortez, 1947; Silvano, 2004; Lemos, 2010)
Andrães (segue a nascente da Portela até Mosteirô desce pela Capela de S. Miguel-o-Anjo à Qta. da Ribeira; tesouros em Agó e Caxada)
Ponte Romana?-Medieval da Ribeira sobre o rio Tanha
Abaças (castro romanizado de Abaças; mutatio (?); segue por Fontelo?)
Bujões (vicus?; no castellum de Guiães, a nascente, apareceu uma ara a Reve Marandigui, hoje no Museu de Vila Real)
Aqui a estrada poderá dividir-se em dois acessos a Covelinhas, onde fazia a travessia do rio Douro:
  • Variante por Poiares e passando junto do Castro do Muro por Estalagem, Estrada, Vila Seca, Poiares, seguindo depois na direcção do importante Castellum da Fonte do Milho ou da Pousa em Canelasvilla agrária fortificada que poderia ser também uma mutatio da via romana, descendo depois a Covelinhas pela Qta. do Muro, Qta. de Viandos e Sra. da Boa Passagem, onde há vestígios de tégula.
  • Variante por Galafura (Castro em S. Leonardo), passando em Ns. da Boa Morte, Lamas de Bujões, Caminho dos Salgueirinhos, Galafura, Aveleira, Barreiro, Muro e Covelinhas.
Covelinhas (vicus?; cruza o rio Douro junto da Capela do Senhor da Boa Passagem; inscrição num mosaico tumular, entretanto destruído)
Folgosa (daqui a via seguia talvez pela Qta. da Folgosa Velha, Qta. da Cruz do Monte e Alto da Forca)
Vila Seca (estação viária, possível mutatio, continuando pela calçada da Sra. do Leite, caminho que sobe a lombada da serra sobranceira a Armamar e a poente de Coura e Aricera, continuando depois próximo de Qta. da Silveira, Qta. do Esporão, Gogim e S. Martinho de Chãs, contornando assim o castro pelo lado poente)
  • Castro de Goujoim (castro romanizado localizado na fronteira entre civitas dado que a cerca de 1.5 km a norte do castro e possível sede de civitas, onde apareceu um raro terminus augustalis demarcando a divisão territorial entre os COILARNI e os ARABRIGENSES, na Qta. das Lameiras, ; 4 km de calçada nos acessos ao castro)
S. Martinho das Chãs (continua talvez pela calçada de Lajeirão, a poente de S. Cosmado até Sarzedo onde entronca na via Régua - Marialva)
Moimenta da Beira (Arabriga?; possível mutatio; a via continuava para sul até Cabeça de Alva (nó viário onde poderia rumar a Viseu), seguindo por Aguiar da Beira rumo a Fornos de Algodres e Serra da Estrela; vide Itinerário Moimenta da Beira - Fornos de Algodres).














Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Douro (Pinhão) - Marialva (civitas Aravorum)

Esta rota deriva do Itinerário Chaves - Vesúvio próximo do Aerodrómo de Alijó em Vila Chã, seguindo na direcção da foz do rio Pinhão, onde cruzava o rio Douro, continuando depois pelo vicus de Paredes da Beira rumo talvez a Marialva, atravessando o território dos Arabrigensis.

Chã, Alijó (cruza a serra pelo Alto da Portela do Cabeçudo, Giesteira e Alto do Areeiro)
Sanfins do Douro (necrópole na igreja da Ns. da Conceição; povoado na Sra. da Piedade; provável vicus junto da mina de ouro de Salgueiros; segue rumo a Favaios passando na base do Castro romanizado de Vilarelho; na zona há vestígios de calçadas possivelmente romanas em Rio de Moinhos, Marco e Tapada Velha e Presandães )
Favaios (vicus no cemitério, na base do povoado de Sta. Bárbara; calçada da Regada no acesso à Qta. de S. Jorge, onde apareceu uma estela funerária; continua para sul, topónimo Corredoura, sempre em altitude pelo Alto da Portela da Serra)
Vilarinho de Cotas (povoado no cerro do Castelo; segue a EM1287)
Casal de Loivos (rua Calçada)
Travessia do rio Douro no Pinhão (na estação C.F. apareceu uma inscrição com o epitáfio de Aelius Reburrus da tribo Quirina, natural de Astorga e veterano da legião VII Gemina (CIL II 6291), hoje no MSMS; daqui subia a Paredes da Beira talvez por Valença do Douro e Castanheiro do Sul, EM504 ou por S. João da Pesqueira)

Paredes da Beira (vicus; os vestígios no lugar do Cruzeiro e os vários elementos arquitectónicos reutilizados em casas da aldeia indiciam a existência de vicus estrategicamente localizado junto desta estrada romana que percorria o território civitas Ararabrigense no sentido NO-SE; aqui apareceu uma ara anepígrafa e um berrão em pedra com a inscrição Ambroecon, hoje no Museu Eduardo Tavares em São João da Pesqueira; a via seguia a meia encosta entre o povoado pré-romano do Alto da Serra do Reboledo e a Serra de Sampaio, onde há calçada, continuando por Britelo e junto da inscrição rupestre do sítio do Marcadouro/Mercadoura onde se lê «Visancoru(m) / Camali / Concili», provável marco de divisão de propriedades)

Penela da Beira (segue junto do provável vicus do Casteidal, «Penela Vedra», situado num esporão junto da Qta. de St. Tirso e marginando as minas de ouro de St. António em Granja de Penedono e o castro do Monte Airoso a nascente; inscrição rupestre na Gruta de Rodelas onde se lê TVROS / BANIE(n)SV(m), possível referência aos Banienses)
Penedono (há 3 possíveis miliários nas ruas da vila)
Ourozinho (passa no interior da aldeia e logo depois entra na calçada romana da Qta. do Vale do Outeiro, passa nas casas da quinta e continua pela Sra. do Pranto em Sapateira para a travessia da ribeira da Teja)
Outeiro dos Gatos (vestígios em Telhões e na Qta. do Paço)
Mêda (entra na vila pelo Cadoiço)
Marialva (civitas Aravorum)

Itinerário alternativo Pinhão - Penela da Beira por S. João da Pesqueira:

Também poderá ter origem romana, o itinerário alternativo por S. João da Pesqueira rumo a Penela da Beira, onde conflui com a via proveniente de Paredes da Beira, mas por agora não passam de hipóteses devido aos parcos vestígios existentes.
  • Num traçado hipotético, depois de atravessar o rio Douro poderia subir a S. João da Pesqueira (villa junto do campo de futebol; sobranceiro ao Douro, no actual Santuário de S. Salvador do Mundo, existiria um povoado, com uma lápide funerária de um emigrante Limicus na fachada da ermida e outra na escadaria) e daqui rumar à Sra. da Estrada (EN222), onde bifurcava, seguindo um ramo para Freixo de Numão (?) talvez por Horta do Numão (villae na Qta. do Sequeira e no Vale da Amoreira) e outro seguia em direcção a Marialva (?) talvez por Valongo dos Azeites (cupa funerária, FE 358 em Trevões), rumando depois a Penela da Beira pelo chamado «Caminho da Gricha» que contorna a Serra de Sampaio pela vertente leste, passando no castellum (?) da Tapada do Vento antes de atingir Penela da Beira.

Tabuaço a Moimenta da Beira pelo vicus de Fontelo

Possível itinerário romano partindo da travessia do rio Douro na foz do Tedo que seguia aproximadamente a EM512 por Adorigo rumo a Tabuaço (villa no sítio de S. Vicente; ligação a Vale Figueira pela calçada do Alto da Escrita), seguia depois pela calçada do Fradinho até Távora, continuando pelo estradão por Passa-Frio, na base do povoado fortificado da Sra. do Calfão/Galfão, rumo a Paradela, onde toman o estradão que passa na Eira do Monte, entrando na aldeia de Sendim pelo troço de calçada entre Vale de Vila e St. Ovídeo rumo ao vicus do Fontelo, podendo daqui continuar por Baldos até Moimenta da Beira (nó viário que articulava as vias provenientes do rio Douro com as ligações a Viseu, a Celorico da Beira e a Marialva).
  • Vestígios de um troço de calçada em Sta. BárbaraGranjinha, indicia a existência de um outro caminho mais próximo do rio Távora, seguindo talvez por Porqueira, Cabriz e Sra. do Bom Despacho também rumo ao vicus do Fontelo (?) (Perpétuo, 1999).

Castro de Goujoim ao vicus a Paredes da Beira por Sendim

Caminhos interligando os vários povoados pré-romanos do concelho de Armamar e Tabuaço (Perpétuo, 1999).
Goujoim (do cemitério descia ao rio Tedo pelo caminho da Qta. do Pombo e Ronção)
Granja do Tedo (cruzava a Ponte Romana?-Medieval de Granja do Tedo e ascendia a encosta pela calçada que parte junto ao cemitério)
Longa (passa na Capela de S. Miguel e no cemitério e continua em calçada por detrás da Capela da Sra. da Saúde passando em Rebolos e Serra)
  • Ligação a Tabuaço, seguindo o velho caminho para a Citânia pelo Penedo do Forneiro/da Forca e na Capela de Santo Isidoro, onde começa um troço de calçada com 500 m que continua na direcção de Chavães e Tabuaço, surgindo um troço em calçada que corre paralela à EN515 pouco antes da sede do concelho.
  • Ligação Longa a Nagosa, pelo antigo caminho lajeado que passa a poente do Bairro Dr. Octávio Cruz.
Arcos (passa no cemitério e segue à esquerda por terra para Sendim)
Sendim (vicus do Fontelo; descia por Guedieiros, seguindo próximo das estações romanas de Estercada Velha e Pala para a travessia do rio Távora junto do Castro de Riodades, seguindo depois por Areite, Lajes e Cruzeiro)
Paredes da Beira (vicus)

Carrazeda







Trancoso
a
Celorico




Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Rio Douro (Vesúvio) - Celorico da Beira

Este eixo viário deriva da Via Chaves - Covelinhas junto da provável mutatio de Campos de Jales, seguindo depois na direcção sudeste por Alfarela de Jales, Alto de Pópulo e Carlão, onde cruzava os rios Tinhela e Tua, seguindo depois pelo termo de Carrazeda de Ansiães rumo ao povoado mineiro da Qta. da Sra. da Ribeira, onde cruzava o rio Douro para a Qta. do Vesúvio, continuando depois por Freixo de Numão, Mêda e Trancoso rumo a Celorico da Beira (importante nó viário junto da travessia do rio Mondego), inteligando ao eixos viários para Mérida por Belmonte. (Almeida, 1992-1993; Lemos 2011).

Chaves - Campo de Jales (segue o Itinerário Chaves - Covelinhas )
Alfarela de Jales (topónimo Corredoura)
Cortinhas (estela funerária do Gestal em Moreira de Jales; a via seguia talvez pela aldeia de Asnela e pelos altos de Portelinha, Modorras e Cabeço do Carril, servindo de linha divisória entre os concelhos de Alijó e Murça)
Alto do Pópulo (nó viário, provável mutatiotesouro; a via continuava por Pópulo próximo da EN212, servindo os povoados romanizados da Idade do Ferro do Castro de S. Marcos/Touca Rota, Castelo do Alto da Murada, Castelo de Castorigo e Castelo de Vale de Mir, seguindo a leste de Ribalonga pela vertente ocidental da Serra da Botelhinha, por Pópulo, Pousada, Cal de Boi, Alto de Pegarinhos, Vale de Mir, entrando depois no troço de calçada junto do Aeródromo de Alijó a nordeste da aldeia de Chã)
Carlão (nó viário, provável mutatio junto ao «Castelo do Carlão», castro romanizado, onde inicia a descida ao Tua pelo Alto da Figueirinha)
Travessia do rio Tinhela na Ponte «Romana» das Caldas de Carlão (reconstruções de uma ponte antiga destruída por uma cheia em 1739; calçada)
Travessia do rio Tua em Brunheda (junto ao castro romanizado de Sta. Catarina)
Pombal (na Igreja de Pombal apareceu uma inscrição dedicada a Júpiter pelos vica(ni) Cabr(...), hoje na Igreja de S. Salvador do Castelo de Ansiães; segue pela calçada que desce a vertente nascente do vicus do Lugar da Costa/Mós até confluir na EN314-1, cruza a ribeira de Frarigo e segue por Paradela e Parambos, passando no sopé de outro possível vicus no Curral dos Moiros)
Marzagão (cruza a ribeira de Linhares na Ponte Romana?-Medieval do Galego)
Selores (possível mutatio na base do povoado no Castelo de Ansiães)
Seixo de Ansiães (desce daqui ao rio Douro pela EM632?)

Travessia do rio Douro na Sra. da Ribeira (junto do povoado da Qta. da Sra. da Ribeiravicus mineiro relacionado com a mina romana de Covas dos Mouros; na Capela da Ns. da Ribeira achou-se uma ara votiva a Bandu Vordeaeco e um ex-voto dedicado à divindade Tutela Liriensis ou Tiriensis pelo que o povoado ser designado por Liria ou Tiria em época romana, actualmente na colecção do MSMS com o nº 38; Encarnação, 1975, 1992; Alarcão, 1988 e 2004b; Lemos, 1993; Guerra, 1998, p. 185-186).

Sra. da Ribeira a Freixo de Numão (Meidubriga?): sobe pela Qta. do Vesúvio a Seixas do Douro (vicus na Qta. do Vale, destruído na construção da barragem do Catapereiro), continua pela estrada da cumeada do monte que passa próximo da magnífica villa de Rumansil (a parte escavada corresponde à pars rustica e a villa seria no sítio de Rumansil II) até ao nó viário da Qta. da Pedra Escrita, junto da imponente villa do Prazo.
Qta. da Pedra EscritaFreixo de Numão (um ramal ligaria vicus de Freixo de Numão; vide «Rede Viária de Freixo de Numão»)

Freixo de Numão a Mêda
Retomando o percurso da via junto da Qta. da Pedra Escrita, seguia junto da Qta. dos Bons Ares (villa e possível mutatio na Capela de Sta. Eufémia), cruza a EN222 e continua junto do Alto da Touça e Qta. das Alminhas e Capela de Sta. Bárbara em Sequeiros, continua pelo Alto do Poço do Canto/Santa Columba, passando nas proximidades do vicus de Vale da Aldeia (ara consagrada aos Lares Placidus).
Mêda (Amindula?; nó viário, provável mutatio; seria a «Amindula» referida na documentação medieval?; ara aos Bandi Vordeaicui).
  • Ligação Mêda a Marialva (civitas ARAVORUM), a via romana desce de Mêda pelo caminho de terra inicialmente paralelo à EN324 e depois pela Fonte das Duas Bicas até Vila. (vide «Rede Viária de Marialva»)
Trancoso (provável mutatio)

Trancoso a Celorico da Beira: segue talvez pela cumeada a nascente de Fiães pela calçada de Vale Longo, passando no Alto de Fiães, Grila, Qta. das Tarulas, Alto da Silva, Barreiros e Murça (por alturas da Qta. do Salgueiro, servindo os casais ao longo da ribeira da Qta. das Seixas) até Forno Telheiro, continua próximo do vicus? de S. Gens rumo à travessia do rio Mondego na Ponte Romana?-Medieval da Lavandeira, subindo depois pela calçada da Lavandeira por 500 m até ao Bairro de Sta. Luzia em Celorico da Beira (Carvalho P., 2009); esta via poderia ter continuidade para Póvoa de Mileu pelo Itinerário Celorico - Póvoa do Mileu (Guarda).

Chaves
Vila Marim









Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Vila Marim - Cidadelhe (Aliobriga?) - Lamego (Lamecum?)/ Peso da Régua

Um outro eixo viário N-S partindo de Chaves seguia pelo alto da serra a poente da depressão Verín - Régua rumo também ao rio Douro; dois miliários logo à saída de Chaves (Campo da Roda e Outeiro Jusão) que apesar de estarem deslocados da sua posição original poderiam assinalar esta via que seguia por Vidago rumo à Ponte da Ola onde cruzava o rio Avelames, continuando por Cabanas (onde deveria existir uma mutatio), continuando por alturas da serra rumo a Vila Marim, onde se achou um miliário, continuando provavelmente rumo às travessias do Douro em Peso da Régua e Cidadelhe, onde há notícia de outro miliário. Esta última travessia poderia ser feita nas Caldas de Moledo, onde há vestígios romanos associados a um vicus e provável mutatio de apoio a esta passagem do rio que durante a Alta Idade Média disponha de barca e albergaria que deverá corresponder ao «portu de aliovirio» citado num documento do ano 922 (Lima, 2008; Batata et al., 2008).

Chaves (depois de atravessar a Ponte de Trajano, rumava a sul cruzando a ribeira do Caneiro; na Qta. do Caneiro apareceu o miliário do «Campo da Roda», hoje desaparecido, talvez dedicado a Constantino Magno)
Outeiro Jusão (miliário anepígrafo numa casa derrubada da aldeia; ara aos Lares Tarmucenbaecis Ceceaecisara dedicada a Ísis no MRF e estela funerária de Daphnus talvez provenientes da villa da Qta. do Pinheirovidetérminos dos Praen e Coroq achados neste local; a via seguia talvez por Pereira de Veiga e Vila Nova de Veiga pelo Alto da Conceição, Alto do Turigo e Parada onde apareceu uma ara a Baco)
S. Pedro de Agostém (ara aos Lari Erredici na igreja; a via segue talvez por Fonte Fria e junto do castro romanizado do Alto do Castro/Monte de Sta. Bárbara e do respectivo habitat romano da Fonte do Mouro; inscrição a Laribus Pindeneticis em Selhariz)
Pereira do Selão, Vilas Boas (segue pela rua da Paz e campo de futebol e pelos topónimos viários Carquejo, Corgo e Alto da Portela)
Vidago (castrotermas romanas em Salus, divindade que designa saúde, onde apareceu uma incrição referindo Aqua Flaviae; a via cruzava a ribeira da Oura junto a Vidago ou mais a jusante numa ponte hoje arruinada na EM549, próximo do sítio romano de Couces local, ascendendo depois ao planalto da Serra de Oura, continuando pelo Alto do Baldio, junto da Qta. do Marco, Alto do Miradouro e aldeia de Vilela, passando assim a nascente do castro romanizado do Monte do Castelo em Capeludos, sobrancerio ao Tâmega, onde apareceu uma estátua de guerreiro; inscrição aos lares gegeiquis na igreja paroquial de Arcossó)
Bragado (cruza o rio Avelames na Ponte Romana?-Medieval da Ola, e sobe a encosta pelo Parque de Lazer)
Pensalvos (cruza a ribeira da Azenha e segue pela rua do Cabo, Igreja e rua do Calvário)
Cabanas (possível mutatio no sítio da Castanheira/Reguenga, a 150 m do campo de futebol, onde apareceu um tesouro monetário; cruza a aldeia pelo Largo da Capela e Largo do Outeiro e continua pelo CM1155 junto dos topónimos viários Portela e Pipa, seguindo pelo planalto da Serra do Alvão)
Afonsim (a nascente pelo CM1155 e EM555 por Alto de Couces e Praina dos Molhadinhos)
Paredes do Alvão (continua a nascente pelo CM1153 por Colonos de Paredes, Alto do Porto da Lage/Alto da Chã da Fonte, Colónia de Baixo e Povoação)
Gouvães da Serra (continua por Lages das Portas e Cadouço, topónimos viários, Alto da Sombra, Alto dos Merouços e Alto da Meroucinha, servindo de linha divisória entre os concelhos de Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar, continua pelo Alto dos Fornos, Alto do Seixinhal e Alto das Caravelas, onde inicia a descida da serra até entroncar na EM313 junto da Barragem Cimeira a sul de Lamas de Olo, seguindo por esta estrada pelo Alto das Muas, descendo depois pelo caminho carreteiro por Alto da Queimada e Negral)
Agarez (tesouro monetário; segue o CM1219 por Carvelas, Laje e Barroca)
Vila Marim (mutatiomiliário anepígrafo tombado numa horta junto da Capela de Ns. da Paz; tesouro monetário junto do Outeiro das Pombas, local da Villa Marinis, mencionada em escritos medievais)
Travessia do ribeiro da Marinheira (junto da Torre de Quintela?)
Mondrões (segue algures a poente de Vila Real)
Travessia do rio Sordo (tesouro monetário em Penedo Redondo)
Torgueda (seguia talvez por Fonte Seca, Vendas de Cima e Moçães, conflui na EN1244 e segue para Arnadelo, rua da Carreira, passando junto do povoado do Alto do Castelo, no outeiro da Capela da Sra. dos Remédios, e mais adiante nos sítios romanos do Rodelo e Veiga, junto do campo de futebol na EM1244-1)
Cumieira (provável vicus no lugar do Assento, com vestígios em torno do Monte de Sta. Bárbara, Ranha, Fossa e Ladário, onde terá aparecido uma ara a Júpiter (Colmenero, 1997); não é claro se a via passava em Cumieira ou se descia por Pomarelhos pela Costa da Veiga, onde existiu calçada, para cruzar a ribeira de Aguilhão na base do povoado fortificado do Monte Maninho junto da Qta. de Valflores e do sítio romano de Cabanelas na outra margem)
Fontes («Castro de Fontes» ou «Castelo dos Mouros», povoado fortificado na colina da Pena Aguda onde hoje existe a Capela de São Pedro de Fontes; aqui apareceu uma ara dedicada à divindade Auge; sítio romano de Cabanelas; forno romano junto da Ponte da Arcadela sobre a ribeira de Aguilhão em Fornelos; Qta. da Carreirola, topónimo viário)

  • Ligação a Cidadelhe: um outro ramal seguia para Cidadelhe (onde há notícia de um miliário) rumo à travessia do rio Douro no «portu de aliovirio», mencionado num documento do ano 922 (PMH DC 25) que poderá corresponder ao porto de Caldas de Modelo, onde há vestígios romanos (Lima, 2008). Partindo de Fontes seguia até ao sítio de Fronteira, onde tomava o caminho pelos altos da Sra. do Monte e da Sra. dos Remédios em Mouramorta, continuando por Cimo de Vila e Pedreira até à Ponte Medieval de Cavalar sobre o rio Sermanha/Soromenha em Nostim, rumando daqui a Cidadelhe (castro romanizado, possivelmente designado por Aliobrigaem época romana).
    • No hoje desconhecido «Lugar do Marco» Russel Cortez identificou um miliário a Numeriano entretanto desaparecido com o numeral IIXX na última linha, podendo por isso indicar a milha 18; o ponto inicial da contagem da milhas é desconhecido, mas é de assinalar que esta é aproximadamente a distância ao miliário de Vila Marim
    • Num documento do ano 970, há referência a uma antiga carreira servindo como linha divisória de propriedades em Nostim que poderá corresponder à via romana rumo ao Douro; «per carrale antiquo usque ubi diuidet cum uilla de lombadella et cum uilla de nausti usque in sarmenia» (PMH DC 101).
    • Travessia do Rio Douro rumo a Lamego: existem dois pontos de passagem do rio separados pelo rio Sermanha; de Cidadelhe poderia descer à Qta. do Barco, sugestivo topónimo ou em alternativa desviava antes de Cidadelhe, em Nostim, e seguia por Portela, Oliveira e Bamba até Caldas de Moledo, onde cruzava o rio para o porto fluvial Penajóia e daqui ascendia a encosta por Pousada, S. Gião, Penajóia e Avões de Lá, onde entronca na via proveniente de Porto de Rei rumo a Lamego.

  • Ligação a Peso da Régua: a via poderia bifurcar junto do Castro de Fontes, seguindo rumo a Peso da Régua para cruzar o rio Douro; a via seguia por Santa Marta de Penaguião, onde cruza a ribeira de Fontes, continua por Encambalados de Cima e pelo caminho próximo da Capela da Ns. da Guia em Lobrigos, continua paralela à EN2 por Outeiro, Casaria, reúne com a EN2 e pouco depois desvia novamente desta na Capela de S. Gonçalo e toma o caminho pela Capela da Sra. da Graça, continua pela cumeada das Qtas. de Romarigo e Campanhã, descendo depois ao Douro pelo caminho entre-muros marginando uma adega e que segue depois paralelo à rua Major Xavier Vaz Osório, cortado pela EN2, continuando pela rua da Qta. de S. Domingos até à linha férrea e daqui ao cais do Douro. (vide continuação da via no Itinerário Peso da Régua - Marialva).

Mapa





Peso da Régua - Marialva (civitas ARAVORUM)

A existência de miliários na zona de travessia do rio Távora junto da Ponte do Pontigo/Freixinho em Moimenta da Beira, possível território dos Arabrigenses, indicia a existência de uma estrada que atravessava o planalto beirão no sentido O-E, dando continuidade às travessias do rio Douro da via proveniente de Braga na zona da Régua e da via proveniente de Chaves em Covelinhas; depois de atravessar o rio Távora na Ponte do Pontigo, a via poderia bifurcar, seguindo um ramo para a sede da civitas Aravorum em Marialva, rumo talvez a Salamanca, e outro seguia para sul em direcção oppidum de Póvoa do Mileu (Guarda), possível sede de civitas dos Lanciences Transcudani, rumo Mérida pela Ponte de Alcântara. (Sá Coixão, 2000, 2004, 2009; Teixeira, 1998). Esta estrada, proveniente talvez da travessia do rio Douro junto do Peso da Régua segue pelo alto do Monte Raso onde se regista a referência à «strada mourisca» que servia de limite norte do Couto do Mosteiro de Salzedas (LDMS 61), fazendo um percurso a cota elevada evitando assim grandes variações de cota e as difíceis travessias dos rios da região.

Peso da Régua a Moimenta pela «estrada mourisca»
A «estrada mourisca» referida na Carta de Doação a Teresa Afonso de 1152 constituía o limite norte do couto do Mosteiro de Salzedas numa linha que atravessa o planalto do Monte Raso e divide com Queimada («et per illa strada mourisca et dividit per Ceimada»), caminho assinalado por vários marcos que delimitavam o couto (S. Lourenço, Soito, Padrão, Santiago e Cimbres); esta estrada medieval, com possível origem romana, fazia a travessia do rio Douro na Régua, na base do povoado romanizado do Torrão, e daqui ascendia a Valdigem pela margem direita do rio Varosa (acima da EN313), continuava por CairrãoFigueiraPortelaQueimadela (segue pelas ruas das Eiras, Calçada, Bispado, Adro, Telha e Ermida de S. Lourenço; habitat na Qta. da Raposeira, na vertente poente do Castro de S. Domingos), continuando pela cumeada da serra, o planalto do Monte Raso, até à encruzilhada no sítio do Padrão, entre Meixedo e Passos, topónimo que remete para o marco de delimitação do couto do Mosteiro de Salzedas que está na berma da estrada, possível reaproveitamento de um miliário romano. A partir daqui a via seguia junto do Aeródromo de Santiago rumo a Cimbres e Vila Chã da Beira, seguindo depois por Sarzedo rumo a Beira Valente, onde subsiste um troço da via romana, a «Estrada Larga» e uma ponte com presumível origem romana (Castro, 2013Castro, 2013a).

Moimenta da Beira (a via passa próximo dos sítios romanos de Carguencho, Cidade da Mouraria, Cabeça e do povoado do sítio de S. João, margina a igreja e segue o caminho do Bairro da Corujeira por Arcozelo do Cabo e Arcozelo da Torre)
Granja de Oleiros (Arabriga?; importante vicus de Rochela/Arrochela estendendo-se até Vide; o território dos Arabrigenses poderá corresponder ao actual concelho de Moimenta da Beira; epitáfio de Balbus reutilizado no pavimento da Capela de Ns. de Fátima; tesouro monetário)
Vide (miliário a Numeriano hoje desaparecido, CIL II 4641, indicando o numeral IIXX, ou seja 18 milhas contadas talvez a partir do rio Douro; na frontaria da Capela do Espírito Santo existe uma placa honorífica com a inscrição «BONO REI PVBLICE NATO», CIL II 4643; a via contorna o Alto da Ranhã)
Qta. da Lagoa (miliário a Constantino Magno onde se leria milha ?IX, CIL II 4642, hoje na CEADV; possivelmente indicaria a milha XIX dado que o miliário de Vide indicando 18 milhas, estaria a uma milha; Vaz, 1978, p. 51-53)
Faia (calçada em Ladário; a base de miliário que apareceu junto à Igreja de Faia, está hoje no jardim de uma casa particular)
Ponte Romana?-Medieval do Pontigo sobre o rio Távora (ligando as povoações de Freixinho e Penso, esta ponte medieval com possível origem romana está hoje submersa pela Barragem de Vilar; em 1951, Cortez refere umas poldras para cruzar o rio)

Ligações a partir da Ponte do Pontigo

  • da Ponte do Pontigo a Marialva (Aravo?): rumando a este talvez por Ferreirim (casal? junto do marco geodésico do Monte de S. Gens), Sarzeda (habitat em Mata Roivos), Guilheiro («Estrada Velha»), continua para leste, atravessa o rio Torto e chega à Cruz do Guilheiro, nó viário e divisão entre concelhos, continua pelo estradão que contorna o Alto da Escudeia pelo vertente norte e entra em Torre do Terrenho (miliários?), desce à ribeira da Teja que atravessa nas Poldras da Bernarda e sobe a Casteição, continua pela EN600(?) por S. Simão e junto da villa ou casal na Fonte da Telha/Campo da Moura até Pai Penela, podendo bifurcar neste local, seguindo um ramo para Mêda (seguindo a EN600 por Canadinhas, passando entre os povoados proto-históricos do Castelo de Nunes e Sta. Bárbara) e outro inflectia para Vale Flor, para tomar o antigo caminho pelo Convento de Vilares (troços em calçada) rumo a Marialva.

  • da Ponte do Pontigo ao Castro de Sanjurge: rumando a nordeste por Chosendo, Castainço (calçada de S. Pedro), Penedono (3 possíveis miliários nas ruas da vila) e Alcarva (a Alcobria da documentação medieval?; habitat em «Chão de Santos») até ao Castro de Sanjurge em Ranhados; ver itinerário de Ranhados a Longroiva.

Viae ad civitas BANIENSES et civitas COBELCORUM

Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Vale da Vilariça (civitas BANIENSIS) - Rio Douro (Pocinho)

Hipotético itinerário romano ligando Aquae Flaviae ao Vale da Vilariça, território da civitas Banienses; o percurso apresentado é meramente hipotético desviando da Via XVII em Valpaços, seguindo depois na direcção do Vale da Vilariça. O percurso é incerto e depende do ponto de travessia do rio Tua (Ribeirinha ou Abreiro?).

Chaves, segue a Via XVII até Valpaços, onde ruma a sudeste por Rio Torto (provável mutatio no Alto de S. Pedrinho), atravessa o rio homónimo e continua por Póvoa, Pai Torto, Suçães (?) e Marmelos; a partir daqui o percurso depende do ponto de travessia do rio Tua:
Vila Flor (Fonte Romana; habitat na Qta. dos Castelares; 3 inscrições no Museu Municipal «provenientes de Junqueira» e mais 2 da extinta Capela de S. Martinho)
Nabo (vestígios ao longo da ribeira de Cavalos, em Tapada de Santa Cruz, Godeiros, Monte Couquinho e Pala do Conde, mas a via teria outro percurso por Lombo Alto e Qta. do Ataíde)
Horta da Vilariça (talvez junto do sítio da Eira Velha, onde apareceu a estela funerária de Tongeta, hoje no Museu do Ferro em Moncorvo e por Qta. de Carvalhal, onde se achou outra inscrição funerária)
civitas BANIENSIS (cruza a ribeira da Vilariça, tendo na outra margem, o sítio do Roncal e todo o núcleo de povoamento civitas Baniensis na base do Povoado do Baldoeiro)

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