TERRAS DE PENAGOYÃ:

Apesar de nos tempos de hoje não ser uma realidade correspondente ao que era no passado, defendo a sua promoção e estudo. Porque a nossa história deve ser estudada, preservada e publicitada.
SE NÃO DEFENDERMOS O QUE É NOSSO, QUEM É QUE O DEFENDE?
"

Por Monteiro de Queiroz, 2018

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RIO CORGO


RIO CORGO
"rio que corre por um rego estreito entre montes"

"RIO CORGO" é um topónimo composto da categoria dos hidrónimos que identifica um curso de água.

O Rio Corgo tem a sua nascente no concelho de Vila Pouca de Aguiar, atravessa Vila Real, Santa Marta de Penaguião e desagua na margem direita do Rio Douro junto à cidade do Peso da Régua. A parte inferior do seu curso integra a paisagem vinícola do Alto Douro Vinhateiro, classificada pela UNESCO como Património Mundial.

"Rio", substantivo masculino, designa um "curso natural de água" que nasce, em geral, nas montanhas e vai desaguar no mar, num lago ou noutro rio. Deriva do latim "rivus, -i” "riacho, curso de água", pelo latim vulgar "riu-", significando "rio", "curso de água", sendo adotado em português para designar "cursos de água contínuos".

"Corgo", substantivo masculino, é uma forma abreviada de "córrego", que deriva do latim vulgar "corrĕgu-" e do latim clássico "corrŭgu-", significando "canal", "conduta de água", "linha de água", "curso de água", "pequeno ribeiro", "riacho". O termo resulta de uma redução por síncope (cór-re-go → cór-go). Além dos sentidos descritos, "corgo" pode também designar um "caminho apertado entre montes" ou um "rego por onde corre bastante água".

Apresenta como variantes Córgão e Côrrego, e como derivados Corga, Corgaçal, Corgadeira, Corgadeiros, Corgas, Corgos, Corguinha, Corguinhas, Corguinho e Corguinhos.

Quando dizemos "Rio Corgo", estamos, literalmente, a dizer "rio que corre por um rego estreito entre montes". A redundância - dado que ambos os elementos significam, em essência, "curso de água" - é apenas formal. Trata-se de uma forma popular de reforço semântico, muito comum na toponímia antiga galego-portuguesa. É também possível que o significado original de "córrego" se tenha perdido na memória popular, originando a fusão entre o nome primitivo "corrego" e o termo genérico posterior "rio".

Em suma, "Rio Corgo" traduz fielmente a sua paisagem - um rio de leito encaixado, de águas vivas, que talha o seu caminho entre os montes graníticos e xistosos do interior interior de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Formas atestadas:

- "Corragam fluuium":

"Dono itaque et concedo perpetua stabilitate ipsa ecclesia sancti Fausti ecclesie Portugalensis sedis eiusque episcopo domno Hugone et facio cautum firmissimum per riuulum quy dicitur Iugueyros ubi cadit in Dorium flumen et per ipsum Iugueyros riuulum usque ad molendinum Vermudi Christofforis cum ipso molendino, inde per ipsum montem quy dicitur Remestruias in transuersum usque in Corragam fluuium et per Corragam in Dorium flumen et per Dorium in Iugeyros cum portu suo.". in Carta de doação e couto da Igreja de São Fausto à Sé do Porto pela Raínha Teresa de Leão, Condessa portucalense, Era de 1127 d.C. in D.M.P., I Vol., Tomo I, n.º 76, pág.s 98 e 99, via 'Idade Média no Distrito de Vila Real', Tomo I, pág. 93, Pe. João Parente.

- "corragum":

"... quomodo exparte per fundo de ipsa mea senara et per monte tempaneyra et per sauto colioni deinde per non lauados quomodo corre aqua per ad corragum deinde quomodo exparte per sancta Columba de alio frido.". in Carta de testamento feita por D. Afonso Henriques è ermida de Santa Comba (margens do Corgo, Vila Real), Era de 1138 d.C. in Chancelaria de D. Afonso III, livro 2, f. 72 v.; Leitura Nova, livro 2, f.260, via 'Idade Média no Distrito de Vila Real', Tomo I, pág. 110, Pe. João Parente.

- "corago":

"Et ipsa ermida habat iacencia in termino Panonias in loquo predicto quem uocitant corago in foze paues subtus mons maraon...". in Carta de testamento fita por D. Afonso Henriques è ermida de Santa Comba (margens do Corgo, Vila Real), Era de 1138 d.C. in Chancelaria de D. Afonso III, livro 2, f. 72 v.; Leitura Nova, livro 2, f.260, via 'Idade Média no Distrito de Vila Real', Tomo I, pág. 111, Pe. João Parente.

- "corraci":

"... in illa heremita que est in ripa Corraci que nuncupatur Sancta Columba ...". in Carta de doação e couto da ermida de Santa Comba (margens do Corgo, Vila Real),feita a eremitas por D. Afonso Henriques na Era de 1139 d.C. in D.M.P., Vol. I, n.º 169, pág.s 206 e 207, via 'Idade Média no Distrito de Vila Real', Tomo I, pág. 113, Pe. João Parente.

- "corrago":

"... et inde vertitur in Corrago...". in Carta de doação e couto da ermida de Santa Comba (margens do Corgo, Vila Real),feita a eremitas por D. Afonso Henriques na Era de 1139 d.C. in D.M.P., Vol. I, n.º 169, pág.s 206 e 207, via 'Idade Média no Distrito de Vila Real', Tomo I, pág. 113, Pe. João Parente.

"Item freguesia de Santa Conba de Corrago." Inquirição da Beira e Além Doiro no Julgado de Terra de Panoyas", entre outros, feita no tempo de D. Dinis na Era de 1288 d.C.. in Leitura nova, Inquirição da Beira e Além Doiro, f. 102 v. - 121, Gavet 3, Maço 10, doc. 18, via 'Idade Média no Distrito de Vila Real', Tomo II, pág. 176, Pe. João Parente.

- "Corrego":

"Presa de Pay mouro pelo Corrego do avelaal ao carreyro de lauoradores...". in carta de foro de um herdamento chamado Gizo, Ribeira de Pena, passada por D. Dinis na Era de 1291 d.C. Leitura Nova, livro 54, f. 199 v. via 'Idade Média no Distrito de Vila Real', Tomo II, pág. 260, Pe. João Parente.

- "corrigo":

"... et descendit pro vena de Corrigo, ...". in "Julgamento a favor d'El rey sobre foros a pagar pelo Reguengo de Ferreiros, concelho de Vila Real", feito no tempo de D. João I na Era de 1420 d.C.. Foral de D. Afonso III, apresentado por Affonso Antom como testemunho. Reforma das Gavetas, livro 19, Cx 12, pág.s 93 - 121 v. via 'Idade Média no Distrito de Vila Real', Tomo II, pág. 632, Pe. João Parente.

12/13.11.2025
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